Notícia

Nanossensor ajuda a diferenciar infecção por dengue e zika

Metodologia tem grande capacidade de detecção, com possibilidade de identificar concentrações picomolares de anticorpos

Getty Images

Fonte

FAPEMIG | Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais

Data

segunda-feira, 17 agosto 2020 11:55

Áreas

Biotecnologia. Nanotecnologia. Saúde Pública.

Apesar de antiga a dengue ainda é um problema de saúde que requer atenção. Para se ter uma ideia, dados do Boletim Epidemiológico de Monitoramento dos casos de Dengue, Chikungunya e Zika, emitido no início desse mês, mostram, que até o momento, Minas Gerais registrou 53.089 casos de dengue só neste ano. Além dos altos números, ainda há o problema da dificuldade em diferenciar a doença daquelas causadas por outros vírus e que têm sintomas muito parecidos.

Segundo a Dra. Alice Versiani, professora e pesquisadora da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP), seu agente causador, o Aedes aegypti, circula com outros vírus bastante similares, tanto em suas partículas e proteínas quanto na resposta imunológica e nos sintomas dos infectados. “Por isso, a busca para aperfeiçoar os testes sorológicos comuns, com maior sensibilidade, é tão importante”, destacou a pesquisadora.

Com isso em mente, a Dra. Alice Versiani se juntou a um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para desenvolver uma tecnologia de diagnóstico mais sensível às infecções pelo vírus da dengue. O projeto de pesquisa conta com o apoiado da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e busca evitar, com esse novo teste, a reação cruzada a outros vírus que despertam sintomas muito parecidos com a doença, como o Zika.

A pesquisadora explica que a metodologia tem grande capacidade de detecção, com possibilidade de identificar concentrações picomolares de anticorpos. “Isso possibilita identificar a infecção pelo vírus, mesmo em casos de concentrações baixas das proteínas de defesa”, explicou a especialista.

Os resultados do estudo foram publicados na revista Scientific Reports. Segundo a pesquisadora, o novo sensor pode ser desenvolvido de maneira relativamente simples e não requer outros reagentes para revelação do resultado, como geralmente é exigido por outros diagnósticos. “São testes rápidos e, por causa das propriedades óticas das nanopartículas, muito mais sensíveis que os já existentes. Esperamos, assim, conseguir, ao final do desenvolvimento, uma tecnologia barata, prática, rápida e robusta”, destacou a Dra. Alice.

Nanopartículas em ação

nanossensor é formado de nanopartículas de ouro mais a proteína do vírus da dengue. Para o teste o grupo utilizou tanto anticorpos comerciais, quanto soros de pacientes. “Nos comerciais vimos que o sensor reconhece o anticorpo específico do vírus da dengue e que o limite de detecção da técnica era muito baixo”, ressaltou a Dra Alice.

Já ao testar o sensor no soro de pacientes os pesquisadores verificaram que a tecnologia, além de reconhecer anticorpos gerados pela infecção natural, foi capaz de diferenciar os anticorpos gerados pela dengue, daqueles produzidos em uma infecção causada pelo Zika. Todo esse processo de identificação baseia-se na mudança do espectro da nanopartícula: os pesquisadores emitem luz na superfície dos fragmentos de ouro para produzir uma ressonância dos elétrons. O mesmo acontece com as substancias colocadas naquela superfície alterando a ressonância.

Próximos passos

Assim como os testes normalmente utilizados para dengue, essa nova versão é essencialmente sorológica. “Porém, poucos testes disponíveis atualmente, apesar de altamente tecnológicos, possuem tal sensibilidade e especificidade. Outro ponto importante é que um software de análise dos resultados está sendo desenvolvido para facilitar a interpretação dos dados fornecidos pelo nanossensor”, concluiu a pesquisadora.

Os pesquisadores já depositaram pedidos de patente nacional e internacional. Agora, os pesquisadores pretendem escalonar os testes para que possam ser viáveis em escala maior.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da FAPEMIG.

Fonte: Tuany Alves, FAPEMIG. Imagem: Getty Images.

Em suas publicações, o Portal Tech4Health da Rede T4H tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Portal Tech4Health tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.

Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que cadastrados no Portal Tech4Health e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Portal Tech4Health, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.

Leia também

2024 tech4health t4h | Notícias, Conteúdos e Rede Profissional em Saúde e Tecnologias

Entre em Contato

Enviando
ou

Fazer login com suas credenciais

ou    

Esqueceu sua senha?

ou

Create Account