Notícia

Nanopartículas podem proporcionar restaurações dentárias mais duráveis

Estudo da USP mostra que nanopartículas de fosfato de cálcio e fosfato de prata podem prevenir o desenvolvimento de novas lesões de cárie

Wikimedia Commons

Fonte

USP

Data

sábado, 11 junho 2016 18:00

Áreas

Odontologia.

Uma restauração dentária (popularmente chamada de “obturação”) pode durar entre cinco e dez anos, dependendo de suas dimensões e, principalmente, das condições de higiene do paciente. Mas já é possível pensar em restaurações mais duradouras. Nos laboratórios da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FO-USP), os cientistas têm testado a adição de novos componentes aos já tradicionalmente encontrados nos materiais restauradores e os resultados são animadores. “Adicionamos nanopartículas de fosfato de cálcio e de fosfato de prata a materiais restauradores resinosos. Com isso, o material passa a apresentar características bioativas por liberar íons, cálcio e fosfato em concentrações capazes de remineralizar o esmalte do dente na região em torno da restauração”, conta o Prof. Dr. Roberto Ruggiero Braga, do Departamento de Biomateriais e Biologia Oral da FO. Além disso, a presença de prata confere ação antimicrobiana. “Essas duas características contribuiriam para aumentar a longevidade das restaurações”, destaca o docente.

Mas o professor lembra, no entanto, que apenas testes in vitro foram realizados. “Mais estudos são necessários a fim de se avaliar o desempenho destas novas formulações em condições mais próximas ao uso clínico”. A pesquisa envolvendo o uso das nanopartículas de fosfato de cálcio e fosfato de prata é a dissertação de mestrado de Livia Camargo Natale, na FO. O estudo Desenvolvimento de compósitos resinosos com ação remineralizante e antimicrobiana contendo partículas mistas de fosfato de cálcio e fosfato de prata foi orientado por Braga e recentemente defendido.

Nos tratamentos convencionais da cárie os dentistas utilizam resinas compostas para restaurar as cavidades formadas pela dissolução dos minerais que compõem os tecidos dentários. Esses materiais restauradores são inertes, ou seja, não têm componentes capazes de promover a remineralização. “Nossos testes mostraram que a resina que recebeu a adição das nanopartículas inibiu o crescimento da principal bactéria responsável pela formação das lesões de cárie, além de liberar concentrações significativas de cálcio e fosfato, importantes para favorecer a remineralização do esmalte”, afirma o professor.

Para que o fosfato de prata exerça seu efeito antimicrobiano, o professor Braga explica que as nanopartículas devem ser irradiadas com uma luz que tenha um comprimento de onda abaixo de 530 nanômetros (nm). A irradiação provoca a fotorredução do fosfato de prata e a formação de nanopartículas de prata metálica capazes de combater as bactérias. “Os aparelhos fotopolimerizadores utilizados pelos dentistas emitem luz azul, cujo comprimento de onda é em torno de 470 nanômetros. Portanto, a formação da prata metálica ocorre durante a inserção do material restaurador na cavidade que está sendo restaurada”, descreve.

Patente

Os estudos com as nanopartículas não são novidade no grupo de pesquisa coordenado pelo professor Braga, que nos últimos anos registrou dois pedidos de patente com apoio e orientação da Agência USP de Inovação. “É importante patentearmos a tecnologia, pois existem grandes empresas do ramo odontológico que investem muito em pesquisa e desenvolvimento e certamente reconhecem o potencial deste tipo de material”.

Outro ponto destacado pelo professor é a interdisciplinaridade da pesquisa. Os estudos com as nanopartículas foram viabilizados graças à colaboração do químico Dr. Thiago Lewis Reis Hewer. Em seu pós-doutorado em Química pela Escola Politécnica, ele pesquisou a utilização do fosfato de prata na degradação de poluentes orgânicos. “Considero ter sido ‘uma grande sacada’ do Thiago essa transposição dos conhecimentos que ele adquiriu nas suas pesquisas na química ambiental para a odontologia”, ressalta o Dr. Braga.

Fonte: Antonio Carlos Quinto, Jornal da USP. Imagem: Wikimedia Commons.

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