Notícia

Nanopartículas levam medicamento diretamente a células tumorais

Pesquisadores do CNPEM usam nanopartículas de sílica para levar medicamento até células de câncer de próstata

Divulgação, Langmuir

Fonte

Agência Fapesp

Data

quinta-feira, 19 maio 2016 12:10

Áreas

Nanotecnologia. Oncologia. Bioquímica. Biotecnologia.

A quimioterapia, apesar de ser uma das principais vias de tratamento de diversos tipos de câncer, provoca fortes efeitos adversos por atacar não só as células tumorais, mas também as saudáveis. Para minimizar esse tipo de dano à saúde já debilitada do paciente, pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desenvolveram uma estratégia de ataque direto às células doentes, por meio de nanopartículas que levam o medicamento em altas concentrações até elas, evitando que as demais sejam atingidas.

Para isso, os pesquisadores utilizaram nanopartículas de sílica, componente químico de diversos minerais, carregadas de um candidato a fármaco contra câncer de próstata, a curcumina, e revestidas por uma vitamina que é naturalmente atraída pelas células tumorais, o folato. Nos testes in vitro, as nanopartículas mataram cerca de 70% das células tumorais de próstata, enquanto que apenas 10% das células saudáveis da mesma linhagem foram atingidas.

A célula tumoral, em função do seu metabolismo diferenciado, em geral tem 200 vezes mais receptores de folato na sua superfície do que as saudáveis. Dessa forma, as nanopartículas revestidas dessa estrutura química ‘driblam’ as células que não precisam ser atacadas, sendo atraídas pelo seu verdadeiro alvo e entregando a carga de fármacos em maior concentração”, explicou o Dr. Mateus Borba Cardoso, responsável pela pesquisaFuncionalização de nanopartículas de sílica: aumentando a interação biológica”, realizada com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

“Elas funcionam como caminhões, em que são colocadas grandes quantidades do que se deseja transportar – no caso, o fármaco a ser administrado – para que a célula tumoral seja atingida por uma quantidade superior de moléculas. Do contrário, as moléculas estariam dispersas, atingindo em menor quantidade as células que precisam ser atacadas, diminuindo sua eficiência e, ainda, alcançando aquelas que não são seu alvo”, disse.

De acordo com o pesquisador, a escolha da sílica como meio de transporte do fármaco e a adição de folato para direcioná-lo às células tumorais foram feitas, inicialmente, para enfrentar a dificuldade que certas drogas insolúveis apresentam de serem transportadas na água, nos fluidos biológicos ou no sangue. Diante disso, o grupo começou a trabalhar em metodologias para inserir as drogas nos poros das nanopartículas.

“A sílica é uma base sólida interessante por permitir que reações sejam feitas em sua superfície com certa facilidade. Os lipossomas, membranas que recobrem diversos medicamentos contra câncer, não permitem que o folato seja depositado em sua superfície, por exemplo. Dessa forma, é possível funcionalizar as nanopartículas da sílica, fazendo com que ela se comporte de uma maneira direcionada”, disse o Dr. Mateus Cardoso.

A penetração do fármaco nos poros da sílica ocorre durante o processo de formação das nanopartículas do composto. As moléculas do medicamento tendem a se depositar entre os poros por se tratar de um ambiente mais estável do que a solução em que estão dispersas.

Os pesquisadores também fazem adaptações na síntese das moléculas das nanopartículas para que elas tenham certa afinidade com as do fármaco, “roubando-as” do meio num processo de atração eletroestática entre ambas.

Ao final, as nanopartículas são precipitadas em uma centrífuga, sendo separadas da solução e levando consigo grandes quantidades do medicamento, já aprisionado em seus poros.

Leia a reportagem completa da Agência Fapesp.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Fonte: Diego Freire, Agência Fapesp. Imagem: Divulgação.

Em suas publicações, o Portal Tech4Health da Rede T4H tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Portal Tech4Health tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.

Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que cadastrados no Portal Tech4Health e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Portal Tech4Health, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.

Leia também

2025 tech4health t4h | Notícias, Conteúdos e Rede Profissional em Saúde e Tecnologias

Entre em Contato

Enviando
ou

Fazer login com suas credenciais

ou    

Esqueceu sua senha?

ou

Create Account