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Molécula de açúcar no sangue pode prever Alzheimer

Pesquisadores do Instituto Karolinska mostraram que o nível de uma certa estrutura de glicano no sangue, denominada N-acetilglucosamina bissectada, pode ser usada para prever o risco de desenvolver a doença de Alzheimer

geralt via Pixabay

Fonte

Instituto Karolinska

Data

segunda-feira, 17 abril 2023 06:25

Áreas

Biologia. Bioquímica. Envelhecimento. Medicina. Neurociências. Psiquiatria. Saúde do Idoso. Saúde Pública.

O diagnóstico precoce e o tratamento da doença de Alzheimer requerem métodos de triagem confiáveis e econômicos. Recentemente, pesquisadores do Instituto Karolinska, na Suécia, descobriram que um tipo de molécula de açúcar no sangue está associado ao nível da proteína tau, que desempenha um papel crítico no desenvolvimento de demência grave. O estudo, publicado na revista científica Alzheimer’s & Dementia, pode abrir caminho para um procedimento de triagem simples capaz de prever o início do Alzheimer com dez anos de antecedência.

“O papel dos glicanos, estruturas compostas de moléculas de açúcar, é um campo relativamente inexplorado na pesquisa de demência”, disse Robin Zhou, primeiro autor do estudo e doutorando no Departamento de Neurobiologia, Ciências e Sociedade (NVS) do Instituto Karolinska. “Demonstramos em nosso estudo que os níveis sanguíneos de glicanos são alterados no início do desenvolvimento da doença. Isso pode significar que seremos capazes de prever o risco de doença de Alzheimer apenas com um exame de sangue e um teste de memória”.

Na doença de Alzheimer, os neurônios do cérebro morrem, o que se acredita ser resultado do acúmulo anormal das proteínas beta-amiloide e tau. Ensaios clínicos de medicamentos para o Alzheimer mostraram que o tratamento deve começar no início do processo patológico, antes que muitos neurônios morram, para reverter o processo antes que seja tarde demais.

Biomarcadores sanguíneos

Há uma necessidade prática e financeira de métodos de triagem não invasivos para a doença de Alzheimer. Os marcadores no sangue são preferíveis, pois a coleta de amostras do líquido cefalorraquidiano é mais difícil e imagens do cérebro são caras.

Os pesquisadores do Instituto Karolinska mostraram que o nível de uma certa estrutura de glicano no sangue, denominada N-acetilglucosamina bissectada, pode ser usada para prever o risco de desenvolver a doença de Alzheimer.

O grupo de pesquisa já havia demonstrado uma ligação entre a proteína tau e os níveis de glicano em pessoas com doença de Alzheimer, mas essas análises foram feitas no líquido cefalorraquidiano. Os glicanos são moléculas de açúcar encontradas na superfície das proteínas, e determinam a localização e a função dessas proteínas no corpo.

Ao medir os níveis de glicano no sangue, os pesquisadores descobriram que indivíduos com níveis correspondentes de glicanos e tau tinham duas vezes mais chances de desenvolver demência do tipo Alzheimer.

“Também mostramos que um modelo estatístico simples que leva em consideração os níveis de glicano e tau no sangue, o gene de risco APOE4 e um teste de memória, pode ser usado para prever a doença de Alzheimer com uma confiabilidade de 80% quase uma década antes de sintomas como perdas de memória aparecerem”, disse a Dra. Sophia Schedin Weiss, coautora do estudo e professora de Bioquímica Médica do Instituto Karolinska.

Seguimento por 17 anos

Os resultados são baseados em 233 participantes do Estudo Nacional Sueco sobre Envelhecimento e Cuidados em Kungsholmen (SNAC-K). As amostras foram coletadas entre 2001 e 2004, e os participantes foram monitorados regularmente com relação a fatores como perda de memória e presença de demência. Os acompanhamentos foram realizados a cada três a seis anos e continuaram por 17 anos.

Os pesquisadores agora analisarão amostras de sangue dos demais participantes do estudo SNAC-K, bem como de participantes de outros estudos de envelhecimento dentro e fora da Suécia.

“Estamos colaborando com pesquisadores da atenção primária na Suécia para avaliar diferentes biomarcadores para demência em centros de atenção primária à saúde”, disse a professora Sophia Weiss. “Esperamos que os glicanos no sangue se mostrem um complemento valioso para os métodos atuais de triagem de pessoas para a doença de Alzheimer, que permitirão que a doença seja detectada precocemente”.

O estudo foi conduzido por pesquisadores do grupo de pesquisa do Dr. Lars Tjernberg na Divisão de Neurogeriatria do Instituto Karolinska em colaboração com o Aging Research Center do Instituto Karolinska, com o Stockholm Gerontology Research Center e com o Karolinska University Hospital.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página do Instituto Karolinska (em inglês).

Fonte: Anna Björklund, Instituto Karolinska. Imagem: geralt via Pixabay.

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