Notícia

Modelo 3D de placenta pode transformar a saúde na gravidez

Uma ‘placenta em um chip’ desenvolvida na Universidade de Dundee tem o potencial de transformar a pesquisa sobre condições de risco de vida na gravidez

Divulgação, Universidade de Dundee

Fonte

Universidade de Dundee

Data

quinta-feira, 20 julho 2023 18:35

Áreas

Bioengenharia. Biologia. Biomedicina. Biotecnologia. Engenharia Biomédica. Engenharia de Tecidos. Medicina. Metabolismo.

A ‘iPlacenta’, desenvolvida por especialistas da Escola de Medicina da Universidade de Dundee, no Reino Unido, permite que os pesquisadores examinem o funcionamento do órgão em 3D pela primeira vez sem riscos para a mãe ou para o feto. Após quatro anos de pesquisa e £ 3,9 milhões (cerca de R$ 24 milhões) de financiamento, os modelos em miniatura foram desenvolvidos a partir de células-tronco, replicando perfeitamente o funcionamento do órgão.

Apesar de dar vida a todos nós, a placenta é um dos órgãos menos estudados pela ciência médica. Ele permite que os nutrientes passem da mãe para o feto, e também permitindo que os resíduos retornem à corrente sanguínea da mãe. Ela oferece proteção ao feto contra bactérias, embora os vírus ainda possam ser transmitidos.

No entanto, uma falha no funcionamento correto da placenta pode comprometer a saúde e a vida do feto e de sua mãe: a British Heart Foundation afirma que condições como a pré-eclâmpsia afetam até uma em cada 25 gestações no Reino Unido. Apesar dessa prevalência, pouco se sabe sobre o funcionamento da placenta, e a aspirina e partos prematuros estão entre os tratamentos limitados oferecidos às mães.

Para atender a essa necessidade urgente, o Dr. Colin Murdoch e sua equipe em Dundee começaram a trabalhar na iPlacenta em 2019, com especialistas holandeses em modelos de tecidos 3D MIMETAS, utilizando células-tronco obtidas da pele para cultivar placentas humanas em sua plataforma de órgão em um chip, o OrganoPlate. Cada placa pode conter cerca de 40 microplacentas, que imitam o funcionamento do órgão em tamanho real e podem ser usadas para testes sem comprometer a saúde da mãe ou do feto, e sem recorrer a testes em animais.

O Dr. Murdoch, que liderou o projeto, disse que a tecnologia inovadora pode revolucionar a pesquisa em condições como a pré-eclâmpsia.

“Apenas uma pequena fração dos medicamentos mais comuns usados por mulheres durante a gravidez tem excelentes dados de segurança. No entanto, a iPlacenta pode ser utilizada pela indústria farmacêutica para pesquisar a interação entre medicamentos e a placenta. Isso permite que as empresas farmacêuticas olhem para o órgão em um formato mais fisiológico e possam ter um impacto potencialmente transformador nos cuidados médicos para mulheres grávidas”, disse o líder do projeto.

Gwenaëlle Rabussier, cientista e doutoranda do MIMETAS, destacou: “A tecnologia de órgãos em um chip é um salto gigantesco na compreensão das doenças da placenta. Os órgãos são objetos tridimensionais, mas até agora a pesquisa médica foi conduzida em apenas duas dimensões. Trabalhar neste projeto tem sido empolgante, pois abre enormes oportunidades para desvendar os mistérios da placenta associados à transferência de drogas da barreira placentária e patologias como a pré-eclâmpsia. Esta contribuição para melhorar a saúde das mulheres é uma enorme fonte de orgulho para nós”.

O Dr. Murdoch acrescentou: “A pesquisa na gravidez não é tão avançada quanto a pesquisa em outras áreas da ciência médica. Ainda sabemos relativamente pouco sobre a pré-eclâmpsia, apesar de seu potencial de afetar todas as gestações. Atualmente, linhas celulares de câncer são usadas para examinar doenças da placenta, mas isso não é totalmente apropriado. Obter placentas no estágio inicial que precisamos para estudá-las é incrivelmente difícil, e é aí que a iPlacenta pode atender a essa necessidade”.

As descobertas do projeto iPlacenta foram detalhadas em artigo publicado na revista científica iScience.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Dundee (em inglês).

Fonte: Jonathan Watson, Universidade de Dundee. Imagem: iPlacenta. Fonte: Divulgação, Universidade de Dundee.

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