Notícia

Método brasileiro de desenvolvimento de vacinas obtém patente nos Estados Unidos

Fiocruz desenvolve método para elaborar imunizantes

Divulgação, Fiocruz

Fonte

Fiocruz

Data

sexta-feira, 31 outubro 2014 07:30

Áreas

Farmácia e Biotecnologia.

No final de 2012, um estudo publicado na revista científica Nature comprovou que uma abordagem inovadora poderia ser utilizada para buscar uma vacina contra a Aids. Por trás da descoberta, estava um método desenvolvido na Fiocruz para elaborar imunizantes contra diversas doenças utilizando como base a vacina para a febre amarela. Recém-patenteada nos Estados Unidos, esta tecnologia – criada pelos pesquisadores Myrna Bonaldo, chefe do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), e Ricardo Galler, do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) – agora é reconhecidamente uma invenção brasileira, com propriedade intelectual protegida pelo United States Patent and Trademark Office (UPTO).

A patente foi concedida à Fiocruz no dia 09 de setembro, após quase dez anos de tramitação. Este prazo é avaliado como normal por Myrna, que considera o reconhecimento da invenção uma conquista da ciência brasileira. “O processo é naturalmente demorado. Nós fizemos o depósito da patente no Brasil no final de 2005 e, em seguida, solicitamos a proteção da inovação no próprio Brasil, nos Estados Unidos e na União Europeia. O registro norte-americano foi o primeiro concedido. Além dos benefícios práticos, a patente é um reconhecimento de que a Fiocruz tem capacidade técnica e de inovação nesta abordagem”, afirma a pesquisadora. Após a concessão da patente, os interessados em utilizar a metodologia desenvolvida na Fiocruz para produzir vacinas precisarão de autorização da instituição, que pode ser remunerada por isso. O prazo de proteção da invenção é de 20 anos.

Aplicada desde 1937, a vacina contra a febre amarela está na base da metodologia patenteada. Através de engenharia genética, os pesquisadores desenvolveram um método para inserir genes de outros micro-organismos no material genético destes vírus. O resultado é a criação dos chamados ‘vírus recombinantes’, que podem ‘ensinar’ as células de defesa dos pacientes a reconhecer outras infecções.

Considerando que o material genético é um código que orienta a produção de moléculas, qualquer alteração na sua sequência pode prejudicar a leitura pela maquinaria celular – da mesma forma que a alteração na sequência das letras prejudica a interpretação de um texto. Desta forma, inserir uma sequência de genes de outra espécie em um genoma não é uma tarefa simples. Em parceria com o pesquisador Ricardo Galler, os estudos de Myrna com engenharia genética sobre os vírus da febre amarela começaram em 1997, e um primeiro método para realizar a inserção de genes foi publicado em 2002. Segundo a pesquisadora, além de ideias inovadoras, foram necessários anos de esforços para chegar à metodologia atual.

De acordo com Myrna, a metodologia pode ser usada contra diversas doenças. No momento, estudos no Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus são desenvolvidos com vírus recombinantes com genes do parasito Trypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas. Além disso, as pesquisas relacionadas a uma possível vacina contra a Aids prosseguem em colaboração com os cientistas dos Estados Unidos. Um dos objetivos do trabalho é manipular o genoma viral para que o patógeno tenha uma proliferação mais intensa e se torne ainda mais capaz de estimular o sistema imune. “Nós já temos uma metodologia que gera vírus recombinantes estáveis e capazes de induzir a imunidade, mas trabalhamos com o aprimoramento contínuo dessa estratégia. Considerando o êxito da vacina contra a febre amarela e a forma excelente como ela atua sobre o sistema imune, acredito que esta plataforma pode ser cada vez mais efetiva”, destaca a cientista.

Veja o vídeo da reportagem.

Fonte:  Maíra Menezes, IOC-Fiocruz

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