Notícia
Mesmo a exposição moderada à luz durante o sono pode prejudicar a saúde do coração e aumentar a resistência à insulina
Exposição à luz artificial à noite durante o sono é comum, seja de dispositivos emissores de luz internos ou de fontes externas ao domicílio, principalmente em grandes áreas urbanas
Annie Spratt via Unsplash
Fonte
Universidade Northwestern
Data
sexta-feira, 18 março 2022 14:15
Áreas
Cardiologia. Endocrinologia. Medicina. Metabolismo. Neurociências. Sono.
A exposição a uma iluminação ambiente mesmo que moderada durante o sono – em comparação com dormir em um ambiente sem iluminação – prejudica a função cardiovascular durante o sono e aumenta a resistência à insulina na manhã seguinte, de acordo com novo estudo da Escola de Medicina da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos. Os resultados foram publicados na revista científica PNAS.
“Os resultados deste estudo demonstram que apenas uma única noite de exposição à iluminação moderada durante o sono pode prejudicar a glicemia e a regulação cardiovascular, que são fatores de risco para doenças cardíacas, diabetes e síndrome metabólica”, disse a Dra. Phyllis Zee, autora sênior do estudo e chefe de Medicina do Sono da Escola de Medicina da Universidade Northwestern. “É importante que as pessoas evitem ou minimizem a quantidade de exposição à luz durante o sono”, destacou a pesquisadora.
Luz aumenta a frequência cardíaca
Já existem evidências de que a exposição à luz durante o dia aumenta a frequência cardíaca por meio da ativação do sistema nervoso simpático, que acelera o coração e aumenta o estado de alerta para enfrentar os desafios do dia. “Nossos resultados indicam que um efeito semelhante também está presente quando a exposição à luz ocorre durante o sono noturno”, disse a Dra. Phyllis Zee.
“Nós mostramos que a frequência cardíaca aumenta quando você dorme em um quarto moderadamente iluminado. Mesmo que você esteja dormindo, seu sistema nervoso autônomo é ativado. Isso é ruim. Normalmente, a frequência cardíaca, juntamente com outros parâmetros cardiovasculares, é menor à noite e maior durante o dia”, disse a Dra. Daniela Grimaldi, coautora e professora de Neurologia da Universidade Northwestern.
Os sistemas nervosos simpático e parassimpático regulam a fisiologia durante o dia e a noite. O simpático assume o comando durante o dia e o parassimpático à noite, quando ajuda a restaurar as funções corporais.
Glicemia aumenta
Os pesquisadores descobriram que a resistência à insulina aumentou na manhã seguinte a uma noite de sono em uma sala iluminada. A resistência à insulina aumentada diminui a efetividade do transporte de glicose do sangue para os tecidos sinalizado pela insulina. Para compensar, o pâncreas produz mais insulina. Com o tempo, a concentração de açúcar no sangue (glicemia) aumenta.
Um estudo anterior publicado na revista científica JAMA Internal Medicine analisou uma grande população de mulheres que tiveram exposição à luz durante o sono. Elas tiveram risco aumentado de ganho de peso e obesidade, disse a Dra. Phyllis Zee. “Agora estamos mostrando um mecanismo que pode ser fundamental para explicar por que isso acontece. Mostramos que [dormir com exposição à luz] está afetando sua capacidade de regular a glicose”, continuou a pesquisadora.
A exposição à luz artificial à noite durante o sono é comum, seja de dispositivos emissores de luz internos ou de fontes externas ao domicílio, principalmente em grandes áreas urbanas. Uma proporção significativa de indivíduos (até 40%) dorme com a lâmpada de cabeceira acesa ou com a luz acesa no quarto e/ou mantém a televisão ligada.
“Além do sono, nutrição e exercícios, a exposição à luz durante o dia é um fator importante para a saúde, mas durante a noite mostramos que mesmo a intensidade modesta da luz pode prejudicar as medidas de saúde cardíaca e endócrina”, disse a Dra. Ivy Mason, coautora do estudo e atualmente pesquisadora da Escola Médica de Harvard.
O estudo testou o efeito de dormir com 100 lux (luz moderada) em comparação com 3 lux (luz fraca) em participantes durante uma única noite. Os pesquisadores descobriram que a exposição moderada à luz fez com que o corpo entrasse em um estado de alerta mais alto chamado ativação simpática. Nesse estado, a frequência cardíaca aumenta, bem como a força com que o coração se contrai e a velocidade com que o sangue é conduzido aos vasos sanguíneos a partir do coração.
Dicas para reduzir a luz durante o sono
- Não acenda as luzes. Se você precisar ter uma luz acesa (que os adultos mais velhos podem querer por segurança), use uma luz fraca que esteja mais próxima do chão;
- A cor é importante. Âmbar ou luz vermelha/laranja são menos estimulantes para o cérebro. Não use luz branca ou azul e mantenha-a longe da pessoa adormecida.
- Tons de escurecimento ou máscaras para os olhos são bons se você não puder controlar a luz externa. Mova a cama para que a luz externa não incida em seu rosto.
Acesse o artigo científico completo na revista PNAS (em inglês).
Acesse o artigo científico completo na revista JAMA Internal Medicine (em inglês).
Fonte: Marla Paul, Universidade Northwestern. Imagem: Annie Spratt via Unsplash.
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