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Maximizando o impacto do distanciamento social na COVID-19
O distanciamento social tornou-se uma das principais estratégias para reduzir a transmissão da COVID-19, juntamente com o uso de máscara e rastreamento de contatos
Pixabay
Um novo estudo, publicado na revista científica PLOS ONE, afirma que é possível maximizar o impacto do distanciamento social na transmissão viral e minimizar seu impacto na economia e no bem-estar das pessoas tendo foco nas pessoas que podem ser as principais transmissoras da infecção [devido à alta taxa de interação social].
‘Lockdowns’ constituem uma forma muito eficaz de reduzir a transmissão e podem ser necessários, quando a taxa de infecção deve ser reduzida rapidamente, por exemplo, devido a taxas de casos muito altas. Porém, são atitudes drásticas e, em longo prazo, métodos mais sustentáveis podem ser adotados.
O novo estudo difere na abordagem de muitos dos principais modelos de epidemia por focar especificamente no papel dos indivíduos e, em particular, na ampla variação observada no comportamento de diferentes pessoas.
Alguns indivíduos interagem em uma taxa muito maior do que outros, por causa de seu trabalho, condições de vida ou hábitos sociais – aumentando suas chances de serem infectados e a probabilidade de infectarem outras pessoas. O modelo teórico simples apresentado no artigo científico mostra que essas pessoas não são apenas as principais fontes de infecção, mas também a chave para o controle da epidemia.
O estudo mostra que o distanciamento social pode ser altamente eficaz no controle da transmissão viral. Ao reduzir a interação dos indivíduos mais interativos, pode-se manter níveis significativos de atividade na população como um todo.
O professor Dr. Christopher Ramsey, autor do estudo e físico especializado em ciência interdisciplinar na Universidade de Oxford, no Reino Unido, explicou: “Até que a vacinação seja generalizada, podemos ter que considerar que o tempo de interação social é como a exposição ao sol, muito benéfico em quantidades, mas prejudicial em excesso”.
Uma vez que, em muitos países, os locais de trabalho tornaram-se relativamente seguros em relação à COVID-19, a interação social fora do domicílio passou a desempenhar um papel dominante na transmissão viral. Parar completamente essas interações funciona, como em um bloqueio total, mas é uma medida drástica e pode ser aplicada apenas durante um tempo limitado.
Muitos países descobriram que, quando a socialização é permitida novamente, as taxas de infecção aumentam. O modelo neste artigo sugere que isso se deve em grande parte às altas taxas de interação de uma minoria de pessoas, e não às taxas de interação na população como um todo.
Para os países que tentam reabrir a sociedade de forma controlada, uma forma de avançar seria limitar as taxas de interação para os indivíduos. Portanto, em vez de simplesmente permitir ou proibir a interação entre famílias em residências e locais de hospedagem, seria mais eficaz dizer com que frequência isso pode ser feito com segurança.
Quando as taxas de infecção ainda são moderadas, pode ser necessário recomendar a socialização não mais do que uma vez por semana. À medida que as taxas melhoram, isso pode ser reduzido para uma vez a cada três dias e, então, tornar a socialização irrestrita quando a taxa de infecção for muito baixa. Isso poderia fornecer um controle muito mais preciso sobre as taxas de interação do que abrir e fechar bares e restaurantes, e poderia permitir a atividade econômica e alguma socialização para todos na maior parte do tempo.
Essa abordagem deve funcionar se as pessoas obedecerem, porque alguém que socializa todos os dias, em vez de apenas uma vez por semana, tem sete vezes a chance de se infectar e também sete vezes a probabilidade de infectar outra pessoa. O potencial desta pessoa para espalhar o vírus é quase 50 vezes maior!
Por essa razão, sugere o modelo, o principal objetivo das políticas de distanciamento social deve ser evitar que uma minoria de indivíduos interaja muito mais do que a média. Tal abordagem também ajudaria a rastrear contatos, uma vez que os contatos relevantes seriam em menor quantidade se as interações sociais fossem limitadas a uma vez a cada poucos dias e, portanto, mais tempo poderia ser gasto com o acompanhamento adequado.
À medida que o uso generalizado de máscaras, as melhorias no clima e, em última instância, a vacinação ajudarem a conter a doença, a extensão em que a socialização deve ser possível aumentará gradualmente até que se volte a uma situação mais normal. Idealmente, isso deve ser possível sem várias ondas de infecção e as medidas extremas associadas que podem ser necessárias para controlá-las. No entanto, para isso, será necessário que se concentre no comportamento individual e, quando se trata de interações sociais, isso também implica responsabilidade individual.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa no Blog de Ciências da Universidade de Oxford (em inglês).
Fonte: Ruth Abrahams, Blog de Ciências da Universidade de Oxford. Imagem: Pixabay.
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