Notícia
Lobeira: subprodutos podem ser usados na formulação de medicamentos
Pesquisadores da UFG comprovam potencialidades da lobeira para uso farmacêutico e alimentício
Carlos Siqueira
Com alta produtividade, a lobeira é uma planta resistente e que possui grande potencial para a indústria alimentícia, farmacêutica e para a produção de etanol. Considerada praga por agricultores, o fruto está sendo estudado por pesquisadores do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Goiás (UFG) desde 2010.
O nome da planta é uma referência ao loboguará, que se alimenta do fruto. Na tradição rural, a lobeira é usada para fazer chás e xaropes caseiros para auxiliar no tratamento de asma e resfriado, mas passou a ser negligenciada ao se tornar um problema na hora de transformar áreas nativas em pasto ou plantação, principalmente por ter raízes muito profundas e sobreviver ao período de seca e até a queimadas.
Entre as descobertas, foi verificado que o amido retirado da lobeira possui características diferentes dos comerciais. Por meio de processos químicos e enzimáticos ele produz a glicose que pode ser utilizada como adoçante em produtos da indústria alimentícia. Este amido também pode ser usado na fabricação de empanados, pois o amido de lobeira tem propriedades ditas filmogênicas, que permitem fazer o revestimento deste produto conferindo as características de crocância mesmo depois de congelado.
Outro ponto de destaque é que, com alto rendimento de glicose, a lobeira pode ser uma alternativa renovável de produção de combustível. “O amido de lobeira usando um micro-organismo específico para fazer a fermentação faz etanol a 10% de rendimento”, que é um nível alto, informou a coordenadora da pesquisa, Profa. Dra. Kátia Fernandes. O etanol produzido pode ser utilizado na fabricação de combustível, licor, cachaça entre outros produtos da indústria de bebidas.
A pectina extraída da planta, açúcar utilizado para a produção de geleias e doces, possui alto rendimento e poderia ser usada no Centro-Oeste como alternativa para produção da pectina para indústria de alimentos. “As fontes desse polissacarídeo são, normalmente, bagaço de maçã e de laranja. Na lobeira, encontramos uma grande quantidade de pectina, então ela poderia ser usada no Centro-Oeste como alternativa para a produção desse composto”, explica a professora Kátia Fernandes.
Os pesquisadores adotaram metodologias mais simples para a extração e produção dos compostos alimentícios com vistas em elaborar um manual voltado aos agricultores para que tenham condições de fazer produtos que contenham a lobeira. Na próxima etapa da pesquisa, as fibras do fruto serão testadas como aditivo para a produção de bolos e pães.
Uso em medicamentos
A pesquisadora Elizabeth Mendes testou o extrato da polpa de lobeira em ratos diabéticos e identificou que o composto possui ação anti-inflamatória. Os ratos tratados com a lobeira não desenvolveram problemas renais, ao contrário dos ratos que não foram tratados com o extrato. “Os níveis de glicemia dos ratos diabéticos tratados com lobeira não chegaram a ficar normais, mas eram menores do que os não tratados” acrescentou a professora Kátia Fernandes.
Na Faculdade de Farmácia, o Prof. Dr. Ricardo Marreto estuda drogas usadas para o tratamento de doenças intestinais crônicas. A pectina extraída da lobeira foi utilizada na formulação de medicamentos. De acordo com os resultados obtidos até o momento, quando o paciente ingere um comprimido que possui pectina em sua formulação, a substância dá aderência e aumenta o tempo de ação do medicamento. Comparado com a pectina da casca de laranja, o composto retirado da lobeira teve ação superior.
Fonte: Monithelle Cardoso, UFG. Imagem: Carlos Siqueira.
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