Notícia
Incontinência urinária: distúrbio afeta qualidade de vida
Fisioterapia uroginecológica pode contribuir para recuperação das disfunções fisiológicas

Fonte
ABFP e UFScar
Data
sábado, 20 fevereiro 2016 12:25
Áreas
Urologia. Ginecologia. Fisioterapia. Reabilitação.
Incontinência Urinária é a perda involuntária de urina. Os homens e crianças também são afetados, porém, é mais frequente nas mulheres. A incidência da incontinência urinária na mulher aumenta com a idade, atingindo 25% após a menopausa. É uma das novas epidemias do século XXI, e tem sido considerada um sério problema de saúde pública. Estima- se que apenas uma em cada quatro mulheres sintomáticas procuram ajuda profissional, pois se sentem constrangidas em falar sobre o assunto até com familiares e amigos, já que é considerada de forma errônea, uma consequência natural da idade e que não há tratamento eficaz.
Pessoas que sofrem desse distúrbio, especialmente se forem idosas, apresentam também problemas psicossociais, como a perda da autoestima, isolamento social e o constrangimento. Portanto, a incontinência urinária traz ao indivíduo importantes repercussões físicas, emocionais, econômicas, sexuais e sociais.
Os fatores de risco mais importantes são os partos vaginais, cirurgias pélvicas extensas e outros traumas na região pélvica, assim como o avanço da idade, obesidade, menopausa, prolapsos, sedentarismo e tabagismo.
Existem vários tipos de Incontinência Urinária (IU), sendo as mais frequentes na mulher a IU de esforço, IU de urgência, IU mista e IU por transbordamento.
A Incontinência Urinária de Esforço (IUE) é definida, segundo a Sociedade Internacional de Continência (“International Continence Society”), como a perda involuntária da urina pelo óstio uretral externo (uretra), secundária ao aumento da pressão abdominal, na ausência de contração do detrusor (músculo que envolve a bexiga), como por exemplo; ao tossir, espirrar, pular, deambular, mudar de posição e rir intensamente. É o tipo mais comum de IU, e sua prevalência nas mulheres pode variar de 15 a 56%, dependendo da população.
A Incontinência Urinária de Urgência (IUU) é uma das formas de apresentação da Síndrome da Bexiga Hiperativa. Caracteriza-se por uma urgência (uma vontade forte e inadiável de urinar), com ou sem incontinência urinária, geralmente associada à polaciúria (aumento do número de micções diárias) e a noctúria (aumento do número de micções noturnas). Está normalmente associada a alterações na contratilidade do músculo detrusor e/ou a alterações na sensibilidade e complacência vesical. Quando esse fenômeno não é precedido da sensação de urgência miccional, costuma ser chamado de Incontinência Reflexa (IUR).
A urgência surge frequentemente associada a gestos simples do dia-a-dia, como por exemplo; lavar a louça ou a introdução da chave na porta ao chegar a casa, e pode ser agravada pelo consumo excessivo de café, chá ou álcool, apesar de poder ser provocada também por causas neurológicas.
Incontinência Mista (IUM) corresponde à combinação dos dois tipos de incontinência descritos acima (de esforço e urge-incontinência).
Incontinência por transbordamento ocorre quando a bexiga fica tão cheia que chega a transbordar. Pode ser causada pelo enfraquecimento do músculo da bexiga ou pela obstrução à saída de urina.
O diagnóstico é essencialmente clínico, baseado numa história bem colhida, embora possa ser confirmado por meios auxiliares de diagnóstico (teste e exames).
Cerca de um terço das mulheres incontinentes apresentam um ponto intermédio entre a incontinência de esforço e de urgência, nestes casos, deve-se tentar determinar quais os sintomas predominantes e que mais incomodam a doente, pois são estes que determinam a estratégia terapêutica.
Portanto, o tratamento vai depender do tipo e das causas da incontinência urinária, podendo ser cirúrgico ou conservador. O tratamento conservador da Incontinência Urinária inclui tratamento farmacológico e fisioterapêutico.
A Fisioterapia Uroginecológica é um método não invasivo de tratamento, de baixo risco, pouco dispendioso e pode se constituir numa estratégia de tratamento efetiva e conservadora na recuperação das funções fisiológicas, causando uma melhora da musculatura do assoalho pélvico.
Comprovadamente, 80% das incontinências podem ser curadas ou melhoradas, e quanto mais precoce for o encaminhamento do paciente para a fisioterapia, maior será a chance de sucesso deste tratamento.
A Reeducação Pélvica Perineal, Exercícios de Kegel, Biofeedback, Cones Vaginais, Eletroestimulação, Terapia Manual para Reeducação e Propriocepção; Massagem Perineal, Exercícios Específicos, Terapia Comportamental, incluindo mudanças de hábitos, Diário Miccional e outros, são algumas técnicas fisioterapêuticas que podem ser utilizadas como forma de tratamento e também preventivamente. O fortalecimento desses músculos é muito importante não só na gestão da incontinência urinária, mas também durante toda a vida.
Estudo nacional sobre a noctúria
A pesquisadora Daniele Furtado Albanezi, do curso de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia (PPGFt) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), convida voluntários para participar de uma avaliação em seu estudo sobre noctúria, a necessidade que o indivíduo tem de acordar pelo menos uma vez à noite para urinar, precedido e seguido de sono, o que afeta diretamente a qualidade de vida, além da qualidade do sono.
Trata-se de um estudo observacional, no qual serão selecionadas 50 pessoas, dentre homens e mulheres, com idade superior a 18 anos, que levantem à noite para urinar, pelo menos, uma vez. A avaliação consiste apenas na aplicação de questionários.
O estudo, intitulado “Validação do Nocturia Quality-of-Life questionnaire (N-QOL) para o Português (brasileiro)”, conta com a orientação da Profa. Dra. Patricia Driusso, do DFisio da UFSCar e tem coautoria da Profa. Dra. Cristine Homsi Jorge Ferreira, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP) e da Profa. Dra. Tatiana de Oliveira Sato, do DFisio. O estudo é vinculado ao Laboratório de Pesquisa em Saúde da Mulher (LAMU) da UFSCar.
Segundo a pesquisadora Daniele Albanezi, sabe-se que a noctúria aumenta com a idade, igualmente em homens e mulheres, porém não existe nenhuma ferramenta validada em Português (brasileiro) que avalie o impacto dessa prevalência significativa na qualidade de vida. Assim, o objetivo do estudo é trazer para as pesquisas nacionais uma ferramenta que possa cumprir com o papel de avaliar a qualidade de vida daqueles que apresentem noctúria.
Todos os voluntários receberão orientações comportamentais para melhora da qualidade de sono e dos sintomas de noctúria, por meio de uma cartilha, além de serem encaminhados, caso haja interesse, para tratamento na Unidade Saúde-Escola (USE) da UFSCar.
Os interessados devem entrar em contato pelo e-mail danielefurtadoalbanezi@gmail.com ou pelos telefones (16) 98811-2637 ou (16) 3351-9577
Fonte: Dra. Ana Flávia de Carvalho Lima (Associação Brasileira de Fisioterapia Pélvica – ABFP). Estudo sobre noctúria: UFSCar.
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