Notícia

Imagens de ressonância magnética podem ajudar a prever a recuperação de lesão na medula espinhal

Novo estudo internacional descobriu que uma simples medição feita a partir de imagens de ressonância magnética padrão pode prever com mais precisão a recuperação de um paciente

Anthonp via Wikimedia Commons

Fonte

Stanford Med | Escola de Medicina da Universidade Stanford

Data

domingo, 7 julho 2024 12:35

Áreas

Biomecânica. Física Médica. Fisioterapia. Imagens Médicas. Medicina. Neurologia. Reabilitação. Ressonância Magnética.

Lesões na medula espinhal no nível do pescoço estão entre as mais devastadoras, e a recuperação é difícil de prever. Alguns pacientes vivem com paralisia duradoura de todos os quatro membros, enquanto outros recuperam a capacidade de andar.

Um novo estudo internacional realizado por pesquisadores e colaboradores da Escola de Medicina da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, descobriu que uma simples medição feita a partir de imagens de ressonância magnética padrão pode prever com mais precisão a recuperação de um paciente.

Uma única métrica — a largura do tecido da medula espinhal poupado no local da lesão — permitiu que os pesquisadores projetassem a melhora de um paciente em testes de função motora e sensorial.

“Nosso modelo pode dizer, dependendo de quantos milímetros de tecido são poupados, quanta função eles provavelmente ganharão durante um período de acompanhamento de 3 ou 12 meses”, disse o Dr. Dario Pfyffer, pesquisador de pós-doutorado em anestesiologia, medicina perioperatória e da dor e autor principal do novo estudo publicado na revista científica The Lancet Neurology.

Os novos conhecimentos não só ajudarão os profissionais de saúde a aconselhar os pacientes e escolher tratamentos e abordagens de reabilitação, mas também ajudarão os pesquisadores a classificar os pacientes em grupos com potencial de recuperação semelhante — um primeiro passo crítico no teste de terapias experimentais para lesões da medula espinhal.

“Quando você está testando um novo medicamento, você quer ter certeza de que será capaz de distinguir a recuperação espontânea da recuperação induzida pelo medicamento”, disse o Dr. Dario Pfyffer.

O autor sênior do estudo é o Dr. Patrick Freund, professor e especialista em imagens da medula espinhal na Universidade de Zurique, na Suíça.

Padrão com falha

Logo após um paciente com lesão medular ser admitido no hospital, os médicos avaliam a função sensório-motora do paciente — testando o movimento muscular e a sensação de toque por todo o corpo. Essas pontuações iniciais de teste são o padrão ouro para prever a recuperação, mas muitas vezes apresentam erros. A pontuação pode ser subjetiva e afetada por outras condições — um braço fraturado, por exemplo — e não captura nuances da lesão.

“Sempre fomos limitados em prever a recuperação desses pacientes”, disse o Dr. Pfyffer.

A equipe de pesquisa percebeu que melhores pistas para a recuperação poderiam estar escondidas bem  à vista de todos — nas ressonâncias magnéticas comumente realizadas nesses casos.

“As ressonâncias magnéticas são frequentemente avaliadas após uma lesão na medula espinhal, mas é principalmente para observar o dano e orientar a cirurgia, não para prever o resultado”, disse o pesquisador.

Os pesquisadores sabiam que as ressonâncias magnéticas não apenas mostram a visualização o dano, mas também o tecido restante da medula espinhal ao redor do local da lesão, conhecido como pontes de tecido.

“Podemos obter uma medida de quanto tecido da medula espinhal foi poupado, está funcional e ainda transmite informações da medula espinhal para o cérebro e vice-versa”, disse o pós-doutorando. “Quanto mais tecido poupado, melhor esperamos que seja a recuperação.”

Prevendo a recuperação

No novo estudo, os pesquisadores analisaram retrospectivamente dados de 227 pacientes internados em três hospitais: em Denver, nos Estados Unidos; em Murnau, na Alemanha; e em Zurique, na Suíça. Os pacientes tinham lesões na medula espinhal cervical e nenhuma outra condição neurológica ou psiquiátrica.

Como os pesquisadores queriam observar a recuperação espontânea, eles incluíram apenas pacientes que não estavam inscritos em nenhum estudo clínico e que recebiam apenas cuidados convencionais.

Eles mediram a largura das pontes de tecido a partir de exames de ressonância magnética feitos três a quatro semanas após a lesão — quando a medula espinhal se estabilizou e qualquer inchaço inicial diminuiu.

Quando eles compararam a largura das pontes de tecido com as pontuações dos testes sensório-motores dos pacientes na admissão hospitalar e na alta três meses depois, eles encontraram um padrão claro.

A partir desses dados, eles desenvolveram um modelo estatístico que poderia prever quantos pontos um paciente provavelmente ganharia em testes sensório-motores específicos. O modelo leva em conta a idade, o sexo, o local da lesão e as pontuações iniciais do teste do paciente, bem como as diferenças entre os hospitais.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Escola de Medicina da Universidade Stanford (em inglês).

Fonte: Nina Bai, Escola de Medicina da Universidade Stanford. Imagem: ressonância magnética mostrando hérnia de disco cervical em nível C6-C7. Fonte: Anthonp via Wikimedia Commons.

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