Notícia

Hipovitaminose D em pediatria: diagnóstico e tratamento

Recomendações para a prevenção podem evitar complicações

Pixabay

Fonte

Sociedade Brasileira de Pediatria

Data

quarta-feira, 4 janeiro 2017 11:50

Áreas

Pediatria.

O Departamento de Endocrinologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) elaborou um documento sobre a deficiência de vitamina D em crianças.  A vitamina D é um pró-hormônio (secosteróide) que desempenha papel fundamental na homeostasia do cálcio e metabolismo ósseo. É encontrado sob duas formas: ergocalciferol ou vitamina D2 e colecalciferol ou vitamina D3. A vitamina D2 é a forma proveniente das plantas e fungos, onde é formada pela irradiação do ergosterol e absorvido da dieta pela absorção no duodeno e jejuno (parte do intestino delgado). A vitamina D3 é proveniente de fontes animais (por exemplo, peixes gordurosos e vísceras) e também é sintetizada na pele pela ação fotoquímica dos raios ultravioleta B (UVB, com comprimento de onda entre 290-315 nanômetros), nos queratinócitos e fibroblastos, ao converter o 7-deidrocolesterol em pré-vitamina D3 e depois em colecalciferol. Se houver exposição excessiva aos raios UVB, o organismo converte o 7-deidrocolesterol em metabólitos inativos (lumisterol e taquisterol), impedindo a intoxicação pela vitamina D.

A ação principal da Vitamina D ocorre na mineralização óssea e na homeostase do cálcio. Os principais locais de ação da vitamina D são: (1) intestino delgado: aumenta a absorção intestinal de cálcio e fósforo; (2) ossos: promove a formação do osso endocondral, estimula a proliferação e diferenciação dos condrócitos e a mineralização da matriz óssea; e (3) rins: aumenta a reabsorção tubular renal de cálcio.

A deficiência da Vitamina D (hipovitaminose D) está associada ao diabetes tipo 1, asma, dermatite atópica, alergia alimentar, doença inflamatória intestinal, artrite reumatoide, doença cardiovascular, esquizofrenia, depressão e variadas neoplasias (por exemplo, da mama, próstata, pâncreas e cólon). A vitamina D é obtida pela síntese cutânea em aproximadamente 90% após exposição solar de 10 a 15 minutos por dia. As fontes alimentares são responsáveis pelos 10% restantes da vitamina D, sendo que o leite materno, embora seja o melhor alimento para o recém-nascido e o lactente, possui baixas concentrações de vitamina D. Outros alimentos como sardinha, óleo de fígado de bacalhau, salmão, fígado de boi, bebidas lácteas (iogurte, leite) e gema de ovo incrementam a lista de alimentos ricos em vitamina D.

Quem tem mais risco?

Dentre os grupos de risco para a hipovitaminose D destacam-se: prematuros, desnutridos, crianças em períodos acelerados de crescimento, filhos de mãe com deficiência de vitamina D, com doenças renais e hepáticas crônicas, pessoas adeptas de dieta vegetariana, pacientes em uso de medicamentos (como anticonvulsivantes, antirretrovirais, glicocorticoides e antifúngicos), pessoas com síndromes de má absorção intestinal (por exemplo, com fibrose cística, doença celíaca, doença inflamatória intestinal, colestase ou após cirurgia bariátrica) e pessoas obesas.

Diagnóstico

O diagnóstico da hipovitaminose D consiste na dosagem da 25-OH-vitamina D pela cromatografia de alta performance (HPLC) e espectro-cromatografia líquida de massa (LC-MS), que são exames caros. Na prática clínica, os imunoensaios e radioimunoensaios, utilizando anticorpos monoclonais, são os métodos mais utilizados por serem automatizados, mais rápidos e de menor custo. O valor do 25-OH-vitamina D abaixo de 20ng/ml é considerado limítrofe para o diagnóstico.

Sintomas

Os principais sintomas são: atraso do crescimento, atraso do desenvolvimento, irritabilidade, dores ósseas e, quando grave e prolongada, pode causar hipocalcemia, hipofosfatemia, hiperfosfatasemia, acentuação da elevação do PTH, raquitismo em crianças e osteomalácia em adolescentes.

Tratamento

O tratamento deve ser feito com reposição de colecalciferol, que é um metabólito mais ativo do que o ergocalciferol ou vitamina D2. O uso da 1,25-OH-Vitamina D (calcitriol) é indicado apenas em situações excepcionais como: hipoparatireoidismo, insuficiência renal crônica, raquitismo dependente da vitamina D tipo 1 ou tipo 2, ou em casos de síndromes de má absorção intestinal grave. A dose cumulativa é mais importante do que a frequências das doses. Por exemplo: 1500 UI/dia = 10,500 UI/semana = 45.000 UI/mês. Uma regra prática, mas nem sempre reprodutível, diz que para cada 100 UI de vitamina D suplementada obtém-se um aumento de 0,7-1,0ng/mL nos níveis séricos da vitamina D. O monitoramento da hipovitaminose D deve ser feito a cada três meses através da dosagem da 25-OH-vitamina D.

Prevenção

Em pediatria, a  prevenção da hipovitaminose D tem início ainda na gestação, durante os cuidados de pré-natal, continuando após o nascimento. Em gestantes de risco, é sugerido o suplemento de Vitamina D, em dose de 600-2000 UI/dia, principalmente no terceiro trimestre de gestação. Em crianças e adolescentes de risco, é sugerido suplementar 600-1800UI/dia, estimular atividades ao ar livre que tenham exposição ao sol em horários seguros e consumo de alimentos ricos em vitamina D.

Acesse o documento completo da SBP.

Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria. Imagem: Pixabay.

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