Notícia

Grupo da UFMG descobre ação anti-inflamatória em proteína do ‘Schistosoma’

Molécula recombinante apresentou resultados promissores contra artrite, pleurisia e lesão hepática provocada por paracetamol

Foca Lisboa, UFMG

Fonte

UFMG

Data

terça-feira, 3 abril 2018 15:30

Áreas

Biologia Celular e Molecular. Bioquímica. Imunologia.

Uma proteína-chave na sobrevivência do parasito Schistosoma mansoni deu origem a uma molécula ­recombinante que exerce atuação terapêutica promissora contra doenças inflamatórias. O estudo, desenvolvido por equipe multidisciplinar do Instituto de ­Ciências Biológicas (ICB), sob a coordenação do Prof. Dr. Sérgio Costa Oliveira, foi tema de artigo publicado em fevereiro na revista Plos Pathogens, de alto impacto na área. A pesquisa, tema da reportagem de capa da edição 2011 do Boletim UFMG, é parte do trabalho de doutorado de Suellen Morais e de pós-doutorado da Dra. Barbara Pimentel de Figueiredo.

Após identificar o domínio da molécula com propriedade anti-inflamatória, o grupo testou sua atuação, em modelo animal, em três doenças que acometem humanos: lesão estéril hepática por paracetamol, artrite (ou gota) induzida por ácido úrico e pleurisia – inflamação da pleura pulmonar. O excelente desempenho alcançado em todos os testes sugere potencial produção de biofármacos. O grupo também está testando modelo de vacina capaz de induzir proteção contra o Schistosoma mansoni, que é agente da esquistossomose, infecção helmíntica humana mais importante em termos de morbidade e mortalidade global.

Resposta Exacerbada

Na última década, pesquisadores de todo o mundo têm trabalhado na identificação de moléculas do agente que exerçam papel importante no processo de modulação da resposta imune. Sabe-se que esse parasito produz moléculas para bloquear a resposta imunológica, pois desenvolveu a capacidade de viver por décadas nos vasos sanguíneos do hospedeiro humano, sem causar dano. “Temos buscado formas de usar essas moléculas no desenvolvimento de potenciais bioprodutos para combater doenças inflamatórias”, explica o Dr. Sérgio Costa, que é professor do Departamento de Bioquímica e Imunologia.

No trabalho, foi identificada a molécula SmKI-1, que atua como inibidora de serino-protease, enzima com forte capacidade de interferir na migração e na ativação de neutrófilos, células que combatem patógenos, mas também podem causar reações negativas ao organismo, quando ativadas de forma exacerbada. “Nos três modelos, observamos a capacidade da SmKI-1 de inibir a migração e a função dos neutrófilos, regulando a inflamação”, resume o Dr. Sérgio Costa.

O primeiro estudo, realizado em colaboração com o Prof. Dr. Gustavo Menezes, do Departamento de Morfologia, analisou a atividade da molécula em lesão estéril hepática provocada pelo paracetamol, medicamento que, em doses altas, provoca lesões no fígado. Além de reduzir em 50% a atividade da enzima elastase, a SmKI-1 inibiu em 72% a migração de ­neutrófilos, diminuindo, assim, a patologia.

Com o suporte da Profa. Dra. Angélica Tomaz, do Departamento de Bioquímica e Imunologia, foram realizadas as análises no modelo de gota induzida por ácido úrico. “Utilizando essa molécula, bloqueamos, de forma muito eficiente, os efeitos da doença”, conta o Dr. Sérgio Costa. De acordo com ele, foi registrada redução superior a 90% do número de neutrófilos na cavidade articular. Também caiu a produção de Interleucina-1 beta, citocina que, quando produzida em grandes quantidades, induz o processo inflamatório.

Acesse a notícia completa no site da UFMG.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

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