Notícia
Gravidez na adolescência e a saúde da mulher no futuro
Estudo piloto analisará fatores envolvidos na gravidez da adolescente
Pixabay
Adolescentes e adultas grávidas da região do Trairi estão sendo convidadas para participar de uma pesquisa que irá estudar a forma como a gravidez na adolescência afeta a saúde da mulher.
O Projeto AMOR, sigla para Adolescence and Motherhood Research (Pesquisa sobre Adolescência e Maternidade, em tradução literal), é coordenado pela Dra. Saionara Maria Aires da Câmara, professora da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairí (Facisa) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O estudo possui uma parceria internacional com a Universidade do Havaí (EUA) e tem financiamento do estadunidense National Institute of Health (Instituto Nacional de Saúde, em tradução literal).
A coordenadora destaca o ineditismo da temática. “Fala-se muito da gravidez na adolescência na vida da menina naquele momento, mas não se estuda tanto a repercussão no futuro”, ressalta.
O interesse pelo tema surgiu dos resultados de pesquisas realizadas pela própria coordenadora durante o doutorado no Departamento de Fisioterapia da UFRN, e de uma análise multicêntrica que reuniu pesquisadores do Canadá, da Albânia, do Brasil e da Colômbia.
Os dados identificaram que a gravidez na adolescência gera uma repercussão na saúde das mulheres na meia-idade e na velhice. “Pessoas que relataram que tiveram filhos antes de 18 anos tinham mais doenças crônicas, como problemas de desempenho muscular, questões pulmonares, hipertensão e diabetes”, afirma a coordenadora Saionara Aires.
A Dra. Saionara Aires explica que há várias hipóteses para examinar essa relação. Uma delas está ligada a questões sociais. “Meninas grávidas na adolescência têm menos oportunidades de vida, largam a escola, e dificuldades financeiras levam a ter menos cuidado com a saúde”, destaca. Outra possibilidade está associada ao estresse. “O estresse tem efeito na saúde das pessoas e pode ser algo gerado no próprio momento da gravidez que pode afetar o corpo no futuro”, aponta. Há ainda a preocupação com as mudanças físicas. “O corpo da adolescente não está (completamente) formado, então pode haver alterações corporais que prejudiquem a saúde dela no futuro”, relata.
Pesquisa
Para investigar os caminhos que fazem com que a gravidez na adolescência se relacione com desfechos adversos, os pesquisadores vão comparar dados de saúde de 100 gestantes. São 50 grávidas adolescentes, com idade entre 13 e 18 anos, e 50 gestantes adultas jovens, 23 a 28 anos, faixa etária considerada ideal para engravidar.
Os dois grupos serão acompanhados por quase um ano. As avaliações serão realizadas no início da gestação, no último trimestre de gravidez e seis semanas após o parto. Nesses encontros serão coletados dados sobre a saúde das participantes, bem como medidas físicas, gordura corporal, dor pélvica, apoio social, relação com a família, exames de sangue e de urina. “A gente vai ver como se comportam os dois grupos ao longo da gravidez e no pós-parto para tentar identificar alterações que justifiquem problemas no futuro”, explica Saionara Aires.
A coordenadora conta que esse é um estudo piloto, com poucas pessoas, mas que a finalidade é fazer um projeto maior. “A intenção é pegar um grupo de adolescentes da região e acompanhar por muitos anos. Um projeto que dure bastante tempo, para ver o que acontece com essas mulheres”, enfatiza.
Formação
O Projeto AMOR tem também um segmento educativo. “A gente quer deixar um legado para a instituição”, conta a coordenadora. A meta é treinar estudantes da região a fazer pesquisas de maneira adequada.
No primeiro semestre de 2017, professores da Facisa e da Universidade do Havaí ministraram um curso para alunos da Faculdade com treinamento sobre ética, coleta de dados, exames clínicos e laboratoriais. Após o término da capacitação, os dez alunos com melhores resultados foram selecionados para participar da pesquisa, que também possui mestrandos e doutorandos vinculados.
Resultados
O Projeto AMOR também pretende contribuir com gestores a pensar em estratégias para melhorar a saúde da população. “Se a gente descobrir o que faz essas adolescentes serem piores de saúde por causa da gravidez, a gente pode ajudar os gestores a embasar políticas para que, embora haja a gravidez na adolescência, não existam problemas de saúde no futuro relacionados a essa gravidez”, defende a pesquisadora.
Além disso, a coordenadora acredita que o esclarecimento sobre as doenças possa ajudar a prevenção da gravidez na adolescência. “Saber sobre as alterações no corpo pode aumentar a consciência das jovens para evitar a gravidez”, conclui.
Fonte: Juliana Holanda, Agecom, UFRN. Imagem: Pixabay.
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