Notícia
Gonorreia: bactéria multirresistente impõe desafios terapêuticos
UFSC e Ministério da Saúde desenvolvem estudo inédito
Pixabay.
Fonte
UFSC
Data
domingo, 8 janeiro 2017 12:50
Áreas
Medicina. Bacteriologia. Microbiologia. Saúde Pública.
Os índices de resistência da gonorreia a certos medicamentos preocupam o mundo. Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) deixou de considerar a ciprofloxacina uma opção viável para o tratamento dessa infecção sexualmente transmissível (IST). Um estudo inédito coordenado pelo Departamento das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais (DIAHV), vinculado à Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, em parceria com o Laboratório de Biologia Molecular e Microbactérias da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), revelou altas taxas de resistência aos antimicrobianos em todas as regiões do país. O estudo nacional de vigilância da resistência das cepas de gonorreia circulantes no Brasil foi desenvolvido entre 2015 e 2016.
Os resultados corroboram a atual recomendação terapêutica da OMS, lançada em 2016, de substituir a ciprofloxacina pela ceftriaxona ou cefixima, na terapia dupla, com azitromicina, como opção de tratamento para infecções gonocócicas. Ainda, segundo a OMS, um agente antimicrobiano não deve ser usado quando, em estudos de vigilância in vitro, mais de 5% das culturas gonocócicas demonstrarem resistência a esse antimicrobiano em questão.
“Quando não tratada de maneira correta, ou quando o gonococo desenvolve resistência ao tratamento empregado, a gonorreia pode causar danos graves e até irreversíveis, como doença inflamatória pélvica, gravidez ectópica, abortamento e infertilidade, com graves consequências médicas, sociais, psicológicas e econômicas, em mulheres e homens”, afirma a diretora do DIAHV, Dra. Adele Benzaken. Adele destaca, ainda, que uma IST é um fator complicador para a infecção pelo HIV. “Uma pessoa com algum tipo de IST tem até 18 vezes mais chances de se infectar com o vírus causador da Aids do que uma pessoa que não a tem”, complementou.
Os resultados do chamado Projeto Sengono foram compartilhados com os representantes das sete cidades que participaram da pesquisa no Brasil: Brasília, Salvador, Porto Alegre, São Paulo, Belo Horizonte, Manaus e Florianópolis. Participaram a diretora do DIAHV, Dra Adele Benzaken; técnicos do Departamento; a farmacêutica Dra. Maria Luiza Bazzo, coordenadora do projeto, e sua equipe da UFSC; e coordenadores e profissionais de laboratório dos sete sítios coletores envolvidos.
A gonorreia, causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae – também conhecida como gonococo – é a segunda infecção sexualmente transmissível (IST) bacteriana mais comum no mundo. Estima-se que, somente no Brasil, ocorram cerca de 500 mil novos casos por ano. O gonococo já é considerado um microrganismo multirresistente. Para a professora do Departamento de Análises Clinicas da UFSC, Dra. Maria Luiza Bazzo, coordenadora do estudo, os resultados não surpreenderam. “Apesar de não existir no Brasil um panorama real em relação à resistência em relação à ciprofloxacina, o estudo confirmou o alto índice de resistência a este antimicrobiano, o que, sem dúvida, vai trazer impacto para o tratamento da gonorreia no Brasil.” A professora ressalta, no entanto, que não houve resistência com os medicamentos ceftriaxona e cefixima.
Transmissão
Qualquer prática sexual pode transmitir a gonorreia – seja o contato oral, vaginal ou anal. A bactéria se prolifera em áreas quentes e úmidas do corpo, incluindo a uretra, canal que leva a urina para fora do corpo. Pode ser encontrada também no sistema reprodutor feminino, que inclui as tubas uterinas, o útero e o colo do útero. Há, ainda, a transmissão de mãe para filho durante o parto. Em bebês, a gonorreia costuma se manifestar principalmente nos olhos, na forma de conjuntivite grave. Também pode haver infecção disseminada.
Prevenção
A única forma de prevenção é utilizar o preservativo em qualquer tipo de contato sexual.
Atenção. O Portal Tech4Health alerta: Nunca use nenhum tipo de medicação sem consultar antes um médico. A automedicação pode trazer sérios riscos à saúde.
Fonte: UFSC. Imagem: Pixabay.
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