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Gengibre: uma planta medicinal completa

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Fonte

Revistas “Journal of Pharmacognosy and Phytochemistry” e “Journal of Pharmacognosy and Phytotherapy”

Data

domingo, 16 julho 2017 18:15

Áreas

Farmacologia. Farmacognosia. Fitoterapia.

Na cultura popular, o gengibre é usado por suas propriedades medicinais em várias partes do globo há mais de 2000 anos. Devido à sua fitoquímica rica, a planta da família das Zingiberaceae, originária de países do sudeste asiático, apresenta várias perspectivas de promoção da saúde. Na família do gengibre, o Zinziber officinalis é uma das espécies mais amplamente utilizadas, com um grande espectro de atividade biológica e sendo utilizado como um condimento ou mistura em vários tipos de alimentos.

Estudos de revisão destacam propriedades do gengibre

Na edição de abril de 2017 da revista científica Journal of Pharmacognosy and Phytochemistry, pesquisadores indianos fizeram um levantamento das publicações científicas dos últimos anos sobre as ações do gengibre sobre a saúde humana. Após uma descrição de aspectos relacionados à definição da planta, condições ideais de agricultura, variedades da planta, composição nutricional, composição química e biossíntese, os autores ressaltam a significância farmacológica da planta em termos de suas principais ações:

1. Atividade antioxidante

O gengibre pode ser considerado um depósito de antioxidantes. Tem uma propriedade extraordinária de eliminação de espécies reativas de oxigênio (ROS), radicais livres, peróxidos e vários outros oxidantes prejudiciais.  Ingredientes ativos como gingeróis, shogaóis e zingerona presentes no gengibre exibem atividade antioxidante. A literatura científica destaca principalmente o papel da zingerona como um potente antioxidante. Outros componentes como gingerdióis, gingerdionas e dehidrogingerdionas também possuem relatos científicos de suas ações antioxidantes.

2. Atividade antimicrobiana

As doenças transmitidas por alimentos são uma grande preocupação para os consumidores, para a Indústria de alimentos e para as autoridades de segurança alimentar. Nos últimos anos, tem sido feito um esforço considerável para encontrar antimicrobianos que possam inibir o crescimento bacteriano e fúngico em alimentos, a fim de melhorar sua qualidade e vida útil.

As atividades antibacterianas de extratos e óleos vegetais podem ser úteis para a preservação de alimentos crus e processados ou então usados pela indústria farmacêutica ou como medicamentos alternativos e terapias naturais. Estudos recentes reafirmam as propriedades antibacterianas e antifúngicas de extrato de metanol do gengibre, principalmente contra Escherichia coli, enterite por Salmonella e Staphylococcus aureus.

3. Atividade antidiabética

Estudos recentes mostraram que o gingerol, o principal constituinte ativo do gengibre, permite o aumento da absorção de glicose mediado por células por meio do aumento da sensibilidade à ação da insulina, melhorando assim as perspectivas do diabetes como doença crônica. O componente principal 6-gingerol também exibiu propriedade hipoglicêmica quando administrado a camundongos diabéticos.

4. Atividade anticâncer

Os efeitos benéficos do gengibre e de seus metabólitos têm sido reconhecidos por muitos pesquisadores nos últimos 20 anos, principalmente contra cânceres de pulmão, cólon, pele, pâncreas, próstata, fígado, ovário, mama e rins. O extrato etanólico de gengibre, o 6-gingerol, a zingerona e o 6-shogaol são os principais subprodutos do gengibre citados pelos autores como mais importantes na ação anticâncer.

5. Atividade anti-inflamatória

Gingerol e o shogaol exercem efeitos inibitórios na biossíntese de prostaglandinas e leucotrienos. O consumo de gengibre fresco demonstrou resultados promissores para a diminuição da artrite induzida. Estudos publicados na literatura científica recente mostram que o gengibre poderia ser usado como agente anti-inflamatório e, portanto, benéfico na redução da dor.

6. Atividade analgésica

Esta também é uma ação reportada na literatura, provocada pela ação do 6-shogaol.

7. Atividade antipirética

Um extrato Soxhlet de gengibre em etanol a 80% reduziu a febre em ratos em até 38% quando administrada por via oral. Isso foi comparável ao efeito antipirético do ácido acetilsalicílico na mesma dose.

8. Atividade imunomoduladora

Os efeitos benéficos do gengibre no tratamento da tosse, resfriado e gripe provavelmente estão ligados às propriedades imunológicas da planta, mas poucos estudos examinaram o potencial da atividade imunomoduladora do gengibre. Um estudo recente in vitro relata que o gengibre suprimiu a proliferação de linfócitos.

9. Atividade antiaterosclerótica

Estudo recente mostra que coelhos com aterosclerose induzida e alimentados com pó de gengibre seco ao ar por via oral durante 75 dias apresentaram inibição do avanço da aterosclerose na aorta e nas artérias coronárias em cerca de 50%.

10. Atividade antiobesidade

Resultados de estudos em ratos mostram que a 6-GN tem ação contra o ganho de peso e a acumulação de gorduras em animais. O efeito sobre humanos ainda precisa ser motivo de novos estudos.

11. Atividade de proteção renal

O 6-Gingerol exibe atividade de proteção do sistema renal por aliviar o estresse oxidativo induzido pela cisplatina e disfunção renal em ratos. O composto ajuda na restauração das funções renais, reduzindo a peroxidação de lipídeos e melhora os níveis de glutationa, superóxido dismutase e catalase.

12. Atividade antiagregante de plaquetas

Significativa atividade antiagregante de plaquetas é relatada na literatura devido ao 6-GN e 6-GS, enquanto o 10-GN inibiu contrações dependentes de Cálcio em meios com alta concentração de potássio.

13. Atividade antiangiogênica

Autores têm mostrado que o 6-gingerol inibe a angiogênese e pode apresentar atividades antitumorais. Estes resultados têm sido relatados tanto em estudos in vitro e in vivo.

14. Atividade hepatoprotetiva

Em trabalhos publicados recentemente, pesquisadores mostram que o gengibre e seus constituintes desempenham um papel importante na proteção hepática.

15. Atividade larvicida

A atividade larvicida do gengibre foi relatada contra o verme Angiostrongylus cantonensis, que pode causar a meningite eosinofílica. O 10-gingerol mostrou maior poder larvicida do que a hexahydrocurcumina, mebendazol e albendazol.

16. Atividade antiemética

O gengibre é a planta mais comumente usada para tratar enjôos, náusea e vómitos na gravidez. Estudos indicam que poderia ser mais eficaz do que a vitamina B6 para aliviar a gravidade da náusea e diminuir o número de ocorrências de náuseas no início da gravidez.

17. Atividade neuroprotetora

O gengibre e seus constituintes desempenham um papel vital como neuroprotetores. O mecanismo exato de ação do gengibre não é completamente conhecido, mas estudos indicam que esse efeito pode ser devido a compostos fenólicos e flavonoides presentes no gengibre.

18. Atividade anti-helmíntica

Extratos aquosos do rizoma de Z. officinale foram pesquisados por sua atividade anti-helmíntica contra a minhoca Pheretima posthuma. O resultado revelou que o extrato de teste (100 mg / ml) possuem atividade anti-helmíntica significativa.

19. Atividade gastroprotetora

A úlcera péptica é um grande problema mundial e atinge ambos os sexos. Vários fatores, incluindo ingredientes alimentares, estresse, Helicobacter pylori e algumas drogas podem ser responsáveis pela úlcera gástrica. Várias plantas medicinais e seus constituintes mostram ação antiúlcera, mas seus mecanismos não são completamente conhecidos. O gengibre e seus constituintes mostram um papel importante na prevenção da úlcera através do aumento da secreção de mucina. Outras descobertas revelaram efeitos antiulcerativos do gengibre em modelos experimentais de úlcera gástrica.

20. Atividade cardioprotetora

O gengibre pode ajudar na prevenção de várias doenças cardíacas, reduzindo a coagulação sanguínea, que pode levar à formação de placas ou trombose. Também pode diminuir a resistência vascular periférica e a pressão sanguínea. Outro efeito relatado na literatura diz respeito à diminuição do colesterol total.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

 

Mais recentemente, outro artigo de revisão publicado por pesquisadores iraquianos na edição de julho de 2017 da revista científica Journal of Pharmacognosy and Phytotherapy destaca, além das propriedades já citadas no estudo anterior, os efeitos do gengibre sobre a redução de dor de cabeça e sobre o vírus da hepatite C.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Fonte: Revistas “Journal of Pharmacognosy and Phytochemistry” e “Journal of Pharmacognosy and Phytotherapy”. Imagem: Pixabay.

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