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Gastrite: sintomas e tratamento
Especialistas orientam e esclarecem sobre a doença que afeta milhões de pessoas

Adaptado de Getty Images
Especialmente na vida moderna, com as condições de estresse que afetam as pessoas no dia-a-dia, bem como a alimentação fora do padrão saudável ou a necessidade de tomar medicamentos que podem influenciar a dinâmica do estômago, é cada vez mais comum encontrarmos pessoas com sintomas de gastrite ou alterações do abdômen superior.
Especialistas da Sociedade Brasileira de Gastroenterologia (SBG) e do Esadi – Espaço de Saúde do Aparelho Digestivo, de Blumenau/SC, orientam sobre conceitos relacionados à gastrite, formas de diagnóstico, tratamento e dicas para o alívio do desconforto.
Sobre a Gastrite
A gastrite é uma condição na qual o revestimento do estômago – conhecido como mucosa – está inflamado. A mucosa do estômago contém células especiais que produzem o ácido e enzimas, que ajudam a quebrar o alimento para a digestão, e muco, que protege o revestimento do estômago de ácido. Quando o estômago está inflamado, produz menos ácido, enzimas e muco.
A gastrite pode ser aguda ou crônica. A inflamação repentina e acentuada do revestimento do estômago é chamada gastrite aguda. A inflamação que dura por muito tempo é chamada gastrite crônica. Se a gastrite crônica não for tratada, pode durar por anos ou até mesmo uma vida inteira.
A gastrite erosiva é um tipo de gastrite que muitas vezes não causa inflamação significativa, mas faz uma lesão superficial do revestimento do estômago. A gastrite erosiva pode causar sangramento, erosões ou úlceras. Ela pode ser aguda ou crônica.
A relação entre gastrite e os sintomas não é clara. O termo gastrite refere-se especificamente à inflamação anormal do revestimento do estômago. Pessoas que têm gastrite podem sentir dor ou desconforto no abdômen superior, mas muitas pessoas com gastrite não têm quaisquer sintomas.
O termo gastrite é usado erroneamente, às vezes, para descrever qualquer sintoma de dor ou desconforto no abdômen superior. Muitas doenças e distúrbios podem causar esses sintomas. A maioria das pessoas que apresentam sintomas abdominais superiores não tem gastrite.
Causas da Gastrite
A infecção pelo Helicobacter pylori (H. pylori) causa a maioria dos casos de gastrite crônica não erosiva. O H. pylori é uma bactéria que infecta a parede do estômago. O H. pylori é transmitido principalmente de pessoa para pessoa. Em áreas com falta de saneamento, o H. pylori pode ser transmitido através de água ou alimentos contaminados.
Nos países industrializados como os Estados Unidos, 20 a 50 por cento da população pode ser infectada com H. pylori.1 Taxas de infecção pelo H. pylori são mais elevados em áreas com falta de saneamento e de maior densidade populacional. As taxas de infecção podem ser superiores a 80 por cento em alguns países em desenvolvimento. No Brasil, há resultados na literatura que indicam uma taxa de 70%.
A causa mais comum de gastrite erosiva, aguda e crônica, é o uso prolongado de antiinflamatórios não-esteróides (AINEs) como aspirina e ibuprofeno. Outros agentes que podem causar gastrite erosiva são o álcool, cocaína e radiação. Lesões traumáticas, queimaduras graves, doença crítica e cirurgia também podem causar gastrite erosiva aguda. Este tipo de gastrite é chamado gastrite de estresse.
As causas menos comuns de gastrite erosiva e não erosiva são:
- doenças autoimunes, em que o sistema imunológico ataca as células saudáveis no revestimento do estômago;
- algumas doenças e desordens do aparelho digestivo como doença de Crohn e anemia perniciosa;
- viroses, parasitas, fungos e bactérias diferentes do H. pylori.
Sintomas da Gastrite
Muitas pessoas com gastrite não têm quaisquer sintomas, mas algumas pessoas podem apresentar:
- dor ou desconforto no abdome superior;
- náusea;
- vômito.
Estes sintomas são também chamados de dispepsia. A gastrite erosiva pode causar úlceras ou erosões no revestimento do estômago que podem sangrar.
Os sinais de sangramento no estômago são:
- sangue no vômito;
- fezes pretas ou como alcatrão (piche);
- sangue vermelho nas fezes.
Complicações
A maioria das formas de gastrite crônica inespecífica não causam sintomas. No entanto, a gastrite crônica é um fator de risco para úlcera péptica, pólipos gástricos e tumores gástricos benignos e malignos. Algumas pessoas com gastrite crônica pelo H. pylori ou gastrite auto-imune desenvolvem gastrite atrófica.
A gastrite atrófica destrói as células do revestimento do estômago que produzem ácidos digestivos e enzimas. A gastrite atrófica pode levar a dois tipos de câncer: o câncer gástrico e o linfoma do tecido linfóide associado à mucosa gástrica (linfoma MALT).
Diagnóstico
O exame mais importante para o diagnóstico de gastrite é a endoscopia com biópsia do estômago. O médico geralmente dará o medicamento ao paciente para reduzir o desconforto e ansiedade antes de iniciar o procedimento de endoscopia.
Em seguida, insere um endoscópio, que é um tubo fino com uma minúscula câmera na ponta, através da boca ou do nariz do paciente e para o estômago. Ele utiliza o endoscópio para examinar o revestimento do esôfago, estômago e primeira porção do intestino delgado. Se necessário, irá realizar uma biópsia, que é a coleta de pequenas amostras de tecido para exame com um microscópio.
Outros exames utilizados para identificar a causa da gastrite ou complicações são os seguintes:
- Seriografia contrastada de esôfago, estômago e duodeno: O paciente engole bário, um material de contraste líquido que faz com que o sistema digestivo seja visível aos raios-x. Imagens de raios x podem mostrar alterações no revestimento do estômago, tais como erosões ou úlceras. Raramente utilizado na atualidade.
- Exame de sangue: O médico pode verificar se há anemia, uma condição na qual a substância do sangue rico em ferro e a hemoglobina, está diminuída. A anemia pode ser um sinal de hemorragia crônica no estômago.
- Exame de fezes: Este teste verifica a presença de sangue nas fezes, outro sinal de sangramento no estômago.
- Exames para infecção pelo H. pylori: O médico pode solicitar teste respiratório, no sangue ou fezes para detectar sinais de infecção. A infecção pelo H. pylori também pode ser confirmada com biópsias do estômago durante a endoscopia.
Tratamento da Gastrite
Os medicamentos que reduzem a quantidade de ácido no estômago podem aliviar os sintomas que porventura acompanhem a gastrite e promover a cura do revestimento do estômago:
- Antiácidos. Muitas marcas no mercado usam diferentes combinações de três sais básicos – alumínio, cálcio e magnésio – com íons hidróxido ou bicarbonato para neutralizar o ácido no estômago. Essas drogas podem produzir efeitos colaterais como diarréia ou constipação.
- Bloqueadores H2 da histamina, tais como Famotidina e a ranitidina. Os bloqueadores H2 diminuem a produção de ácido.
- Inibidores da bomba de prótons (IBPs), como omeprazol, lansoprazol, pantoprazol, rabeprazol, esomeprazol e dexlansoprazole. Os IBPs diminuem a produção de ácido mais eficazmente do que os bloqueadores H2.
Dependendo da causa da gastrite, medidas ou tratamentos adicionais podem ser necessários. Por exemplo, se a gastrite é causada por uso prolongado de AINEs, o médico poderá aconselhar suspender a ingestão do medicamento, reduzir a sua dose ou mudar para outra classe de medicamentos para a dor.
O IBP pode ser utilizado para prevenir a gastrite de estresse em pacientes gravemente enfermos.
O tratamento da infecção pelo H. pylori é importante, mesmo se a pessoa não está tendo sintomas da infecção. A gastrite do H. pylori não tratada pode levar ao câncer ou ao desenvolvimento de úlceras no estômago ou intestino delgado.
O tratamento mais comum é uma terapia tríplice que combina um IBP e dois antibióticos – geralmente amoxicilina e claritromicina – para matar as bactérias. O tratamento também pode incluir o subsalicilato de bismuto.
Após o tratamento, o médico poderá solicitar, quando necessário, um teste de respiração ou fezes, onde estiver disponível, ou, ainda, em nosso meio, novo exame endoscópico com o teste da urease, para certificar-se que a infecção pelo H. pylori desapareceu.
Curando a infecção espera-se curar a gastrite e diminuir o risco de outras doenças gastrointestinais associadas a ela, como úlcera péptica, câncer gástrico e linfoma MALT.
Fonte: FBG e Esadi. Imagem: Adaptada de Getty Images.
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