Notícia
Fisioterapia aplicada à enxaqueca
Estudo inédito no Brasil mostra benefícios da atuação fisioterápica sobre a enxaqueca
Fonte
USP/RP
Data
terça-feira, 1 março 2016 08:05
Áreas
FIsioterapia. Neurologia. Reabilitação. Biomecânica.
O tratamento contra enxaqueca ganha importante aliado. Para amenizar a dor crônica que acompanha significativa parcela da população em todo o mundo, estudos da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto (USP/RP) comprovaram a eficácia da fisioterapia associada ao tratamento convencional com medicação. A pesquisa foi realizada por pesquisadores de diferentes áreas da saúde ligados à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e trata-se do primeiro ensaio clínico, conduzido por grupo brasileiro, que mostra a atuação fisioterápica sobre a enxaqueca.
O objetivo foi conhecer a ação de técnicas especificas aplicadas no pescoço de pessoas que sofrem da doença, já que essa abordagem ainda é pouco conhecida nacionalmente. Segundo a fisioterapeuta Lidiane Lima Florêncio, integrante da equipe da USP, participaram do estudo 50 pacientes do Ambulatório de Cefaleia do Hospital das Clínicas da FMRP (HCRP), todas mulheres em tratamento medicamentoso.
As pacientes foram separadas aleatoriamente em dois grupos: um que, além dos remédios, passou por atendimento fisioterápico durante um mês, e outro, que só recebeu medicação convencional para a doença.
Os resultados deixaram claro que “a adição do tratamento da fisioterapia, direcionado ao pescoço, ao tratamento convencional medicamentoso, acelera a melhora clínica, a percepção quanto a essa melhora, a satisfação com o tratamento e ainda reduz a sensibilidade dolorosa local”, confirma a fisioterapeuta Lidiane.
Redução de dor
Logo após o término das sessões, ainda no primeiro mês de avaliação, o grupo que teve fisioterapia associada ao tratamento reduziu em 4,49 dias de dores de cabeça no mês. No mesmo período, o grupo controle, só da medicação, tinha reduzida apenas 3,68 dias. No segundo mês de avaliação, um mês após o fim das sessões fisioterápicas, a redução dos dias de dor das pacientes que haviam recebido fisioterapia foi ainda maior, de 5,21 dias de dor de cabeça, enquanto que o outro grupo teve redução de 4,6 dias de dor.
As técnicas de fisioterapia fizeram diferença também sobre a intensidade e a sensibilidade das dores relatadas pelas pacientes. Numa escala de zero a 10, o grupo com fisioterapia disse que a intensidade da dor diminuiu 0,17 no primeiro mês e 0,11, no segundo. Os números para o controle foram de 0,04 e 0,06, respectivamente para primeiro mês e segundo mês de avaliação.
A pesquisadora conta que diversos estudos clínicos envolvendo a fisioterapia e enxaqueca foram realizados em vários outros países. A maioria deles porém, embora demonstrem a eficácia das técnicas fisioterápicas, não apresentam qualidade metodológica para essa confirmação. Apenas um estudo canadense realizou um ensaio parecido com o conduzido agora no Brasil e também constatou redução das dores no grupo que combinou tratamento convencional com fisioterapia.
A confirmação desses benefícios ao tratamento da enxaqueca pela equipe brasileira teve reconhecimento internacional. A pesquisa foi publicada em edição do final do ano passado da revista norte americana Archives of Physical Medicine and Rehabilitation. Assim, os resultados desse estudo reforçam a importância do fisioterapeuta na avaliação e tratamentos desses pacientes. Informa a Dra. Lidiane que a eficácia obtida nos protocolos com técnicas que testaram proporcionará benefícios reais de alívio de dor e relaxamento muscular, diminuindo os efeitos negativos da enxaqueca.
O estudo é parte da tese de doutorado da fisioterapeuta Dra. Maria Claudia Gonçalves, orientada pela Profa. Dra. Débora Bevilaqua Grossi, apresentada em 2014 ao Programa de Pós-Graduação em Reabilitação e Desempenho Funcional da FMRP. Ao lado das fisioterapeutas, estavam ainda a pós-graduanda Gabriela Ferreira Carvalho e a Profa. Dra. Thaís Cristina Chaves. Também integraram o grupo os professores da Neurologia, Dra. Fabíola Dach, Dr. José Geraldo Speciali e Dr. Marcelo Eduardo Bigal.
Fonte: Rita Stella e Rosemeire Soares Talamone, USP/RP.
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