Notícia
Exercício físico regula mecanismos moleculares característicos da obesidade
Estudo sugere que treinamento físico atua de maneira inversa à obesidade na modulação de microRNAs
Drazen Zigic via Freepik
Fonte
Jornal da USP
Data
domingo, 30 julho 2023 17:30
Áreas
Biologia. Cardiologia. Educação Física. Endocrinologia. Obesidade. Saúde Pública.
A obesidade tem sido relacionada a alterações que interferem em todo o organismo, inclusive em processos celulares e moleculares, como os de uma importante classe de reguladores de genes conhecidos como microRNAs. Recentemente, uma revisão de estudos produzida por pesquisadores da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP) apontou que o exercício físico age de forma oposta à obesidade na modulação desses genes, possivelmente atenuando seus efeitos danosos.
MicroRNAs são pequenas moléculas que não codificam proteínas e são responsáveis por regular RNAs mensageiros (genes-alvo) que, por sua vez, são responsáveis pela produção de proteínas que atuam em todo o funcionamento do organismo. A regulação dos microRNAs afeta a expressão de genes patogênicos, associados ao risco de desenvolver doenças, e também de genes protetores, que ajudam a reduzir esse risco.
Alterações moleculares na obesidade
Diante da ingestão excessiva de alimentos hipercalóricos, as células que acumulam gordura, chamadas células adiposas, começam a crescer e se dividir, e ocorre a modulação dos microRNAs.
Assim, eles modificam a sinalização molecular, promovendo, em longo prazo, processos ligados ao adoecimento em diversos órgãos. Desta forma, são afetados, por exemplo, genes associados a doenças cardiovasculares, podendo levar a complicações desta natureza.
Regulação por meio do exercício físico
O trabalho de revisão produzido por pesquisadores do Laboratório de Bioquímica e Biologia Molecular do Exercício, sob orientação da professora Dra. Edilamar de Oliveira, indicou que o treinamento físico atua de maneira inversa à obesidade na modulação dos microRNAs. É o caso do microRNA-126, que tem entre seus alvos o gene PI3KR2, que atua na formação de novos vasos sanguíneos (angiogênese). Com a expressão do microRNA-126 diminuída na obesidade, o gene PI3KR2 é aumentado, o que inibe a angiogênese. Já o exercício físico aumenta a expressão do microRNA em questão, o que favorece o processo de formação de novos vasos sanguíneos.
De forma semelhante, a modulação do microRNA 29c na obesidade afeta o processo de fibrose, causando o aumento de colágeno no coração, o que reduz a eficiência do órgão em bombear sangue para o corpo. Isso acontece porque a obesidade diminui a expressão desse microRNA, aumentando a expressão do gene colágeno-1. O fenômeno pode levar ao remodelamento do coração, problema conhecido como cardiomiopatia da obesidade. Já o exercício físico atua de forma contrária, aumentando a expressão do microRNA 29c e diminuindo a expressão do colágeno-1, atenuando a fibrose cardíaca, o que, por sua vez, melhora o funcionamento do coração.
Modulação de microRNAs é feita de forma dinâmica
Em conjunto, os resultados sugerem que o exercício físico atua de forma a regular contrariamente os microRNAs afetados pela obesidade, diminuindo seus efeitos negativos. Ainda são necessários mais estudos clínicos, já que a maior parte dos artigos apresentou resultados advindos de estudos com modelos animais.
Os possíveis benefícios obtidos em humanos ocorreriam de forma relativamente dinâmica. “O microRNA é modulado não somente de forma crônica [com o tempo], mas também de forma aguda, depois de uma sessão de exercícios físicos, por exemplo. Ao manter essa modulação durante um período de tempo, o indivíduo vai induzir a ativação ou inibição de algumas vias de sinalização molecular. Em longo prazo, isso pode gerar um impacto benéfico em diversos órgãos”, afirmou o Dr. Alex Cleber Improta Caria, pós-doutorando e autor principal da publicação. Da mesma forma, explicou o pesquisador, um comportamento danoso à saúde, como uma refeição hipercalórica, também poderia levar rapidamente à modulação dos microRNAs de forma prejudicial.
O artigo de revisão foi publicado na revista científica Current Opinion in Physiology.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia completa na página do Jornal da USP.
Fonte: Seção de Relações Institucionais e Comunicação da EEFE-USP via Jornal da USP. Imagem: Drazen Zigic via Freepik.
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