Notícia

Exercício físico pode ajudar a reduzir dores na face causadas pelo Parkinson

Estudo com ratos realizado no ICB-USP mostrou que atividades físicas regulares mantiveram os animais sem dor

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Fonte

ICB-USP | Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo

Data

quinta-feira, 13 julho 2023 15:55

Áreas

Biologia. Biomedicina. Dor. Educação Física. Envelhecimento. Fisioterapia. Geriatria. Neurociências. Saúde do Idoso. Saúde Pública.

Em pacientes com doença de Parkinson, exercícios aeróbicos podem contribuir para a redução das dores orofaciais, localizadas na cavidade oral e na face. É o que mostrou um estudo realizado no Laboratório de Neuroanatomia Funcional da Dor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), em parceria com o Laboratório de Neurociências do Hospital Sírio-Libanês. O estudo foi publicado na revista científica Neurotoxicity Research.

Nos experimentos, os pesquisadores induziram a doença em ratos por meio da injeção da 6-hidroxidopamina, substância que causa a perda de neurônios dopaminérgicos, principal característica da Doença de Parkinson. Depois, foi realizado o tratamento — os animais foram colocados em esteiras de exercício durante cinco semanas, três vezes por semana.

Para medir o comportamento da dor, os pesquisadores utilizaram um método chamado de filamentos de Von Frey. Nele, filamentos de várias espessuras são aplicados na face do animal com diferentes intensidades de força. Quanto menor a espessura dos filamentos que causam desconforto, mais sensível os ratos estão à dor. O grupo observou então que, após o tratamento, a expressão dos marcadores relacionados à dor diminuiu, mantendo os roedores com o mesmo comportamento dos animais livres da doença.

A doença de Parkinson é, além de neurodegenerativa, inflamatória. Os sintomas são divididos em dois grandes grupos: motores, aqueles relacionados a movimentos, como tremores; e os não-motores, que podem incluir dor, depressão, distúrbios de sono e outros. Segundo o Dr. Daniel de Oliveira Martins, pesquisador do Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa e autor sênior do estudo, essa última categoria só ganhou maior atenção recentemente. “Antigamente a dor do paciente com Parkinson era confundida com aquela dor própria da idade avançada, já que a doença possui maior incidência em pessoas acima de 60 anos”.

Além do impacto na expressão dos marcadores, os pesquisadores também observaram os efeitos da desativação dos receptores de canabinoides nos animais que, quando inativados por meio do uso de fármacos, contribuíram para que a dor retornasse, desaparecendo novamente com a retomada de exercícios. “Devido a todos os estudos recentes com cannabis, resolvemos também testar os receptores de canabinoides nesse modelo. Os resultados mostram uma possível correlação entre os receptores e o mecanismo de dor orofacial no Parkinson, o que pode ser útil para o desenvolvimento de novas terapias”, afirmou a professora Dra. Marucia Chacur, coordenadora do laboratório, professora do ICB_USP e também autora sênior da pesquisa.

O estudo é mais um indicativo dos benefícios do exercício físico, reduzindo a necessidade de medicação. A recomendação, contudo, depende da individualidade de cada paciente e dos problemas que o acometem. “A doença de Parkinson possui uma variedade muito grande de sintomas que se manifestam nos pacientes de maneiras diferentes. Para algumas pessoas, o exercício físico é muito benéfico, mas não é o caso de todos”, explicou o Dr. Daniel Martins.

No futuro, a professora Marucia Chacur aponta que há outros caminhos a serem explorados. A pesquisa, que possui financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), deverá continuar em outras frentes, analisando a dor em outras regiões do corpo e outros mecanismos fisiológicos, não só relacionados ao movimento, como os associados ao calor e ao frio.

“Tem uma parte desse trabalho com enfoque na dor neuropática — causada por danos aos nervos sensitivos do sistema nervoso central ou periférico — nos membros inferiores. É importante, pois o paciente tem dores generalizadas no corpo, muitas vezes justamente pela rigidez nos membros superiores”, concluiu a pesquisadora.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página do Instituto de Ciências Biomédicas da USP.

Fonte: Felipe Parlato, ICB-USP. Imagem: rawpixel via Freepik.

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