Notícia

Estudo internacional revela que cafeína é eficaz no combate à depressão

Estudo multicêntrico em animais mostra reversão do Stress Crônico Imprevisível

Shutterstock

Fonte

Universidade de Coimbra

Data

sábado, 20 junho 2015 18:00

Áreas

Bioquímica. Neurociências. Biologia Molecular.

O consumo de cafeína é eficaz tanto na prevenção como no tratamento da depressão, revela um estudo internacional publicado neste mês de junho na revista da Academia Americana de Ciências – “Proceedings of the National Academy of Sciences” (PNAS).

Ao longo de seis anos, uma equipe de 14 pesquisadores da Alemanha, Brasil, Estados Unidos e Portugal, coordenados pelo Dr. Rodrigo Cunha, do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) e da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), efetuou um conjunto de estudos e experiências em ratos para avaliar em que medida a cafeína interfere na depressão, a doença com maiores custos socioeconómicos do mundo ocidental.

O estudo começou por sujeitar dois grupos de ratos a situações de Stress Crónico Imprevisível, isto é, a sucessivas situações negativas e por vezes extremas (privação de água, exposição a baixas temperaturas, etc.), durante três semanas. A um dos grupos foi administrada cafeína diariamente.

No final da experiência observou-se que os animais que consumiam cafeína, em doses equivalentes a quatro ou cinco xícaras de café por dia em humanos, “apesar de todas as situações negativas a que foram sujeitos, apresentavam menos sintomas em relação ao outro grupo, que registou as cinco alterações comportamentais típicas da depressão: imobilidade (os ratos deixaram de reagir), ansiedade, anedonia (perda de prazer), menos interações sociais e deterioração da memória”, explica o coordenador do estudo.

A segunda fase da pesquisa consistiu em identificar o alvo molecular responsável pelas modificações observadas: os recetores A2A para a adenosina (que detectam a presença de adenosina, uma molécula que sinaliza perigo no cérebro) foram identificados como os protagonistas de todo o processo.

Reversão dos efeitos do stress

Considerando um estudo anterior realizado nos EUA, no qual Rodrigo Cunha havia participado como consultor científico, em que doentes de Parkinson tratados com istradefilina – um novo fármaco da família da cafeína antagonista dos receptores A2A (fármaco que inibe a atuação dos A2A) – mostraram melhorias significativas, a equipe decidiu aplicar este medicamento nos animais deprimidos.

Em apenas três semanas de tratamento, “o fármaco foi capaz de reverter os efeitos provocados pela exposição inicial ao Stress Crónico Imprevisível e os animais se recuperaram para níveis semelhantes aos do grupo de controle (constituído por ratos saudáveis)”, disse o Dr. Rodrigo Cunha.

Sobre quando este fármaco poderá estar no mercado, o docente da UC afirma que, embora seja necessário efetuar um estudo clínico em humanos, “a transposição para a prática clínica pode ser bastante rápida, assim que houver interesse da indústria farmacêutica, porque estamos perante um fármaco seguro, já utilizado nos EUA e no Japão para o tratamento da doença de Parkinson”, concluiu o pesquisador.

O estudo foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), Departamento de Defesa dos EUA e The Brain & Behavior Research Foundation (NARSAD).

Leia o resumo do artigo científico (em inglês).

Fonte: Universidade de Coimbra, Portugal. Imagem: Shutterstock.

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