Notícia
Estudo genético sobre câncer de rim
Pesquisadores da Clínica Mayo publicam estudo sobre genes relacionados ao câncer de rim
Análises genômicas de células claras de carcinomas de células renais (ccRCC —clear cell renal cell carcinoma) de 72 pacientes, revelaram 31 genes que são peças-chave no desenvolvimento, crescimento e disseminação do câncer, informam pesquisadores da Clínica Mayo (Jacksonville, Flórida, EUA). Desses genes, oito não haviam sido relacionados, anteriormente, ao câncer de rim; e outros seis genes, ao que se sabia até então, nunca foram ligados a qualquer forma de câncer. O ccRCC é a forma mais comum de câncer de rim.
O estudo dos pesquisadores, publicado na revista científica Oncotarget, traz a mais extensa análise, até hoje, do papel que a expressão dos genes exerce no crescimento e na metástase de um tumor ccRCC. O subtipo ccRCC é responsável por 80% de todos os casos de câncer de rim.
“Esse estudo é uma análise completa, porque genes superexpressados foram funcionalmente testados em células do câncer de rim, para se ter certeza de que eles são importantes, sob algum aspecto, para o processo do câncer”, diz o principal pesquisador do estudo, o biólogo molecular John A Copland, Ph.D.
“O poder desse estudo está no fato de que examinamos os genes que descobrimos estar superexpressados em tumores de pacientes e determinamos suas funções no câncer de rim, o que nunca foi feito em grande escala antes”, ele diz. “Esse é um passo seminal na identificação de vias e moléculas envolvidas no desenvolvimento do câncer de rim, de forma que terapias específicas, que objetivem esses genes em questão, possam ser desenvolvidas para o tratamento desse tipo de câncer”, explica.
Esse câncer de rim está entre os dez tipos de câncer mais sólidos nos EUA. A expectativa dos pesquisadores é a de que 60 mil novos casos devem ser diagnosticados neste ano e devem ocorrer 13 mil mortes. Embora o prognóstico do câncer de rim que ainda não se disseminou seja bom, os pacientes com câncer avançado ou metastático irão desenvolver resistência a medicamentos. Pacientes com doença metastática não tratada têm uma taxa geral de sobrevivência de cinco anos de menos de 10%.
A equipe de pesquisa, que inclui alunos graduados da Mayo e a autora principal Christina von Roemeling, já publicou diversos estudos em que identificam os genes que descobriram nas análises genéticas. Ao considerar a importância dessas descobertas para os pacientes, eles decidiram divulgar todos os genes, de uma vez, no jornal Oncotarget.
“Estamos divulgando essas descobertas à comunidade científica, para que um esforço mais amplo seja estruturado, a fim de buscar mais informações sobre esses genes e sobre como eles podem ser objetivados com eficácia”, diz Christina von Roemeling. “A pesquisa rápida, que se foca em novos tipos de tratamento para salvar vidas, é uma dívida que temos para com os pacientes”, ela declara.
As terapias dirigidas, usadas no momento para tratar o câncer de rim, são frequentemente tóxicas, ela acrescenta.
“As descobertas do estudo representam um avanço muito importante na identificação terapêutica do alvo para o ccRCC e abrem novos caminhos para a descoberta e desenvolvimento de drogas. Novos agentes terapêuticos, que atuam nesses novos alvos, devem promover uma melhora significativa no prognóstico de pacientes com ccRCC”, diz o coautor do estudo e oncologista da Mayo Han Tun, M.D.
Os pesquisadores examinaram um número igual de amostras (72) de rins normais e de tecidos do câncer de rim. Eles examinaram a superexpressão e a subexpressão do RNA (ácido ribonucleico) do tecido, bem como a produção de proteínas, porque os genes expressam RNA pra produzir proteína. Eles encontraram quase 6 mil genes que se encaixam nessa descrição. Eles isolaram e testaram 195 genes que são consistentemente elevados em amostras de pacientes. Os pesquisadores então reduziram a lista de “sucessos” para 31 genes, depois de testar cada um deles em células vivas de câncer, para ver se esses genes contribuíram ou não para o crescimento e a disseminação do tumor.
“Nós também encontramos genes com outras funções que são essenciais para a sobrevivência ao câncer de rim, assim como para inflamações. Outro gene encontrado está ligado à angiogênese, que é a produção de novos vasos sanguíneos para dar suporte ao tumor. Essa é uma descoberta nova”, diz Christina von Roemeling. “Ela é particularmente importante porque o ccRCC é bem conhecido por ser um tipo de câncer muito angiogênico”.
“Em acréscimo ao potencial desses genes e produtos dos genes para nos ajudar a desenvolver novas drogas, eles também servem como biomarcadores para diagnósticos precisos”, ela diz.“É realmente um tesouro encontrado para a futura pesquisa do câncer de rim”, afirma.
Fonte: Kevin Punsky, Clínica Mayo
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