Notícia

Estudo estima incidência global da cardiopatia reumática

Levantamento mostra redução do número de casos em 25 anos, mas doença persiste em países pobres

Wikimedia Commons

Fonte

UFMG

Data

quarta-feira, 4 outubro 2017 17:59

Áreas

A incidência da cardiopatia reumática – alteração das válvulas do coração provocada por infecções bacterianas não tratadas adequadamente, principalmente de garganta – caiu em todo o mundo em 25 anos, mas continua elevada em países africanos e asiáticos e regiões pobres de outros continentes.  É o que constata estudo desenvolvido por consórcio internacional de pesquisadores publicado recentemente na revista The New England Journal of Medicine.

O trabalho, que contou com a participação dos professores Dr. Bruno Ramos Nascimento e Dr. Antônio Luiz Pinho Ribeiro, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (FM-UFMG), conclui que a incidência da doença está relacionada às más condições sanitárias, às aglomerações urbanas e à falta de acesso a cuidados médicos. Nos países mais pobres, o grupo percebeu que o número de indivíduos que convivem com a doença e a mortalidade causada por ela não diminuíram significativamente desde 1990. “Nesses lugares, os índices de morbidade e mortalidade são mais elevados”, afirma o Dr. Bruno Nascimento, professor da disciplina de Cardiologia Clínica da Faculdade de Medicina.

Segundo o pesquisador, o artigo oferece uma estimativa mundial do número de pessoas afetadas pela doença. Com base em modelos analíticos epidemiológicos, dados de outras pesquisas, registros médicos, informações administrativas de hospitais e de atestados de óbito, o grupo concluiu que houve 347,5 mil mortes por doença cardíaca reumática, em 1990, e 319,4 mil mortes, em 2015, o que significa queda de 8%.

Diagnóstico precoce 

O estudo mostrou que a descoberta da doença em crianças pode ser um trunfo para a redução das taxas globais de mortalidade por cardiopatia reumática, que é de difícil diagnóstico e pode levar anos para se manifestar. Os primeiros sintomas costumam surgir entre 20 e 30 anos de idade. O Dr. Bruno Nascimento explica que, na infância, a febre reumática aparece como uma infecção normal, cujos sintomas são dor e inchaço nas articulações. Cerca de duas décadas depois, a doença se manifesta caso tenha ocorrido progressão para lesão das válvulas cardíacas, e o paciente apresenta cansaço, fadiga, sensação de palpitação, inchaço, dificuldade para realizar atividades do cotidiano e limitação física. Para o professor, o tratamento de infecções ainda na infância é um dos primeiros passos para a prevenção da cardiopatia reumática. Nas crianças com a doença, o tratamento precoce interrompe a sua progressão.

Ecocardiogramas simplificados

O artigo “Global, regional and national burden of rheumatic heart disease, 1990–2015 é parte do estudo Global Burden of Disease (GBD), iniciativa mundial com sede em Seattle, nos Estados Unidos, que avalia o impacto mundial das doenças, por meio de cálculos que se valem de dados epidemiológicos gerados em cada país. A UFMG teve papel importante na avaliação das estimativas da cardiopatia reumática na América do Sul, por meio do projeto Provar, desenvolvido com a colaboração do Children’s National Health Center, de Washington, também nos Estados Unidos.

O Provar surgiu em 2014, quando grupo liderado pelo professor Bruno Nascimento implantou uma estratégia eficaz para o diagnóstico da cardiopatia reumática em Belo Horizonte e Montes Claros, por meio de ecocardiogramas simplificados realizados com o uso de aparelhos portáteis em escolas públicas de regiões de baixo poder aquisitivo das duas cidades. Os exames são realizados por enfermeiros e tecnólogos e lidos a distância, via telemedicina, por médicos brasileiros ou norte-americanos. As crianças com exames alterados são encaminhadas para o Hospital das Clínicas da UFMG ou para o Hospital Universitário de Montes Claros, para acompanhamento e realização de ecocardiogramas mais detalhados.

Acesse a matéria completa da UFMG.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Fonte: Luana Macieira, UFMG. Imagem: Micrografia da cardiopatia reumática: Wikimedia Commons.

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