Notícia
Estudo amplia conhecimento sobre a biomecânica do crânio
Pesquisa internacional com participação da Unicamp contesta a existência de vigas e contrafortes na estrutura craniana
Antoninho Perri e Luis Paulo Silva, Jornal da Unicamp
Fonte
Unicamp
Data
terça-feira, 6 junho 2017 11:25
Áreas
Biomecânica. Análise Estrutural. Anatomia. Odontologia.
Estudo desenvolvido de forma colaborativa entre pesquisadores da Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas (FOP-Unicamp) e de outras quatro instituições estrangeiras, entre elas a Universidade de Chicago (EUA), trouxe novas contribuições para o melhor entendimento sobre a biomecânica do crânio, mais especificamente em relação ao esqueleto da face. De acordo com o trabalho, que gerou artigo publicado na edição especial comemorativa de 100 anos da revista científica The Anatomical Record, editada pela Associação Americana de Anatomia, embora o conceito de vigas e contrafortes seja muito utilizado na literatura, tais elementos não existem sob o ponto de vista estrutural. “Ao compararmos as estruturas ósseas das áreas consideradas como vigas com outras áreas do crânio, nós constatamos que não há diferenças significativas entre elas”, afirma o Prof. Dr. Felippe Bevilacqua Prado, docente da FOP/Unicamp e um dos autores da pesquisa.
O resultado da investigação, como reconhece o Dr. Felipe Prado, promove uma quebra de paradigma ao propor que o conceito de vigas e contrafortes, emprestado da arquitetura e da engenharia civil, existe somente no plano conceitual. Na prática, segundo o professor, não há evidências da presença dessas estruturas no crânio. A constatação veio depois que os pesquisadores analisaram, através de técnicas de velocidades ultrassônicas e de microtomografia computadorizada, amostras de ossos de crânios humanos e de cebus, espécie popularmente conhecia como macaco-prego.
Em seguida, a equipe utilizou o método de elementos finitos, recurso computacional que permite a solução de problemas numéricos e geométricos, para complementar os trabalhos experimentais. “Nós avaliamos algumas propriedades desses materiais, inclusive o volume ósseo. O que verificamos foi que não é possível classificar, do ponto de vista estrutural, a existência dos pilares e contrafortes, dado que não há diferenças importantes entre as áreas onde eles deveriam estar e outros pontos do crânio”, reforça o Dr. Felipe.
Nova abordagem
A proposição sobre a inexistência de vigas e contrafortes na estrutura óssea craniana tem gerado uma série de questionamentos por parte da comunidade científica, como admite o professor Felipe Prado. “Isso é normal e esperado. Afinal, estamos contestando um conceito que vem sendo utilizado há décadas pela literatura e reproduzido em salas de aula. O que os autores do trabalho consideram é que esses novos dados contribuem para melhorar o entendimento sobre a biomecânica do crânio. Futuramente, outras descobertas serão feitas, de modo a também aprimorar o que estamos propondo agora”, pondera.
Conforme o docente, a equipe da FOP/Unicamp já deu início a uma nova pesquisa, utilizando a mesma abordagem, mas agora em relação à mandíbula. Os primeiros ensaios demonstraram que a região segue o mesmo padrão encontrado na área da face. “Obviamente, a região da mandíbula apresenta um grau de complexidade maior, uma vez que o osso é móvel e temos vários músculos envolvidos no processo de mastigação. Em outras palavras, temos que analisar diferentes regimes de forças. Além disso, também temos que considerar o tipo de alimento ingerido hoje, que é diferente do passado. Atualmente, a dieta do ser humano inclui muitos alimentos macios, que exigem menos da mastigação”, analisa o pesquisador.
Acesse a reportagem completa no Jornal da Unicamp.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Fonte: Manoel Alves Filho, Jornal da Unicamp. Imagem: Antoninho Perri e Luis Paulo Silva.
Em suas publicações, o Portal Tech4Health da Rede T4H tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Portal Tech4Health tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.
Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que cadastrados no Portal Tech4Health e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Portal Tech4Health, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.
Apenas usuários cadastrados no Portal tech4health t4h podem comentar, Cadastre-se! Por favor, faça Login para comentar