Notícia
Enfermeira desenvolve método mais seguro para uso de sonda de alimentação enteral
Pesquisa rende primeiro Prêmio Capes de Tese à Faculdade de Enfermagem da Unicamp
A introdução e o posicionamento inadequado de uma sonda nasogástrica (SNG) para a alimentação enteral em adultos não é trivial e pode levar a graves complicações e inclusive à morte. Existem vários métodos desenvolvidos na prática das enfermarias para determinar seu comprimento adequado, embora não fundamentados em estudos experimentais que comprovem suas seguranças. Com vistas a enfrentar esse desafio, pesquisa realizada na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) se propôs a validar um método seguro que possibilite determinar com segurança o comprimento da SNG a ser introduzia para alimentação de adultos. O objetivo foi o de encontrar uma metodologia que possibilite maiores acertos de localização do instrumento no corpo gástrico, ofereça ao paciente assistência mais segura e com menores riscos de eventos adversos.
O estudo foi desenvolvido no período em que a enfermeira Sandra Cristina de Oliveira Santos, professora do curso de graduação da Faculdade de Enfermagem (FEnf) da Unicamp, desenvolveu mestrado e doutorado como aluna do programa de pós-graduação da unidade. O ineditismo do caráter experimental e a metodologia empregada foram determinantes para que o trabalho recebesse o Prêmio Capes de Tese de 2017 na área de enfermagem, o primeiro atribuído à FEnf.
Ainda não se encontra, na literatura cientifica nacional e internacional, um método que possibilite uma medida segura para determinar o comprimento da SNG a ser introduzida no tubo digestivo para prover a alimentação diretamente no estômago, fundamentado em ensaio clínico randomizado (ECR), com alto nível de evidência (pesquisa experimental).
O trabalho
A proposta buscou estudar um problema inerente à atividade profissional e decorrente de inquietação vivenciada durante a assistência a pacientes, com vistas a gerar dados para melhorar a prática diária. Tratava-se, portanto, de trazer um problema identificado à beira do leito, levá-lo para a investigação sistemática e, depois, retornar com os resultados para uma prática segura, processo que se denomina pesquisa translacional.
Nessa perspectiva, o grupo multidisciplinar da Unicamp constituído ainda pelas enfermeiras Eliete Boaventura Bargas Zeferino e Margareta Maria Wopereis Groot, do HC, do professor Sandro Guedes de Oliveira, do Instituto de Física (IFGW), e por Henrique Ceretta Oliveira, estatístico da FEnf, realizou um ensaio clínico randomizado para a avalição de três métodos de medidas externas para determinar o comprimento da SNG, com o objetivo de verificar qual deles seria efetivamente o mais seguro para o paciente.
Para tanto, foi adotada como medida controle o método NEX que, para determinar o comprimento da SNG leva em conta a distância da ponta do nariz ao lóbulo da orelha e deste até o apêndice xifóide. Trata-se do método mais divulgado, utilizado e considerado adequado entre os profissionais de saúde. Foram, então, comparados com ele outros dois métodos experimentais, que vinham sendo considerados dentro da linha de pesquisa mantida há 23 anos pela professora Maria Isabel e estudados por Sandra durante o mestrado e doutorado: o método EXU, que leva em conta a distância do lóbulo da orelha ao apêndice xifóide e deste, ao ponto médio da cicatriz umbilical; e o método NEX + XU, que considera a distância da ponta do nariz ao lóbulo da orelha e deste até o apêndice xifóide mais a distância do apêndice xifóide até o ponto médio da cicatriz umbilical.
Resultados
Os resultados mostraram que os métodos EXU e NEX + XU apresentam melhores resultados em relação ao método NEX, pois as sondas introduzidas localizam-se em regiões que reduzem a possibilidade de aspiração dos nutrientes.
Os pesquisadores concluíram que a metodologia adotada no delineamento do trabalho mostrou com muita clareza e precisão que o método NEX, preconizado na literatura e ensinado nas escolas de enfermagem, aumenta o risco de aspiração de nutrientes pelo paciente que recebe alimentação por sonda colocada em estômago, o que o torna inseguro.
Acesse a matéria completa no Jornal da Unicamp.
Fonte: Carmo Gallo Netto, Jornal da Unicamp.
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