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Endotélio e plaquetas alterados na Doença Renal Crônica

Estudo da Faculdade de Farmácia da UFMG pode resultar em intervenções terapêuticas mais adequadas

Getty Images

Fonte

UFMG

Data

quarta-feira, 2 dezembro 2015 19:25

Áreas

Farmácia. Biomedicina. Bioquímica. Pediatria.

Crianças e adolescentes com doença renal crônica (DRC), especialmente aquelas em estágio mais avançado, sofrem alteração significativa das plaquetas e do endotélio (camada que reveste os vasos sanguíneos), o que predispõe à coagulação excessiva do sangue e aumenta o risco de doenças cardiovasculares. É o que sugerem resultados preliminares da tese de doutorado de Rívia Mara Morais e Silva, defendida no Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas, da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sob orientação da Profa. Dra. Luci Maria Sant´Ana Dusse. As investigações podem contribuir para a instituição de formas de tratamento e acompanhamento mais eficazes da doença.

A pesquisa baseia-se na comparação dos resultados de testes laboratoriais que avaliam o endotélio e as plaquetas, realizados em amostras de sangue de crianças e adolescentes e confrontados com aqueles obtidos em crianças saudáveis. Com idades entre 6 e 18 anos, os 54 jovens com DRC foram selecionados pela equipe coordenada pela Profa. Dra. Ana Cristina Simões e Silva, do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina. A doença renal crônica nesse grupo era decorrente de glomerulopatias, malformações congênitas de rins e trato urinário (CAKUT) e outras etiologias. Onze integrantes apresentavam a enfermidade em estágio 1 e 2, e 43, em estágio 3. No estudo, foram determinados os níveis plasmáticos de marcadores que avaliam a função do endotélio vascular e das plaquetas.

Para comparar os resultados alcançados com o grupo do Hospital de Clínicas, foram selecionadas, no Centro Pedagógico e no Colégio Técnico da UFMG, 52 crianças e adolescentes saudáveis, com idade e sexo pareados com aqueles com DRC. “É importante destacar o altruísmo das crianças e adolescentes dessas escolas, que prontamente atenderam à solicitação e doaram uma amostra de sangue, viabilizando a realização do estudo”, ressalta a professora Luci.

Coagulação

A professora Luci Dusse explica que, até recentemente, o endotélio era visto pela ciência como uma camada inerte, não mais do que um “tapete” que revestia o interior do vaso sanguíneo, com o propósito de separar o sangue do restante do organismo. Ao longo dos últimos 30 anos, porém, provou-se que o endotélio atua ativamente no controle da coagulação sanguínea, tanto favorecendo quanto dificultando a formação do coágulo de fibrina. As plaquetas têm a função de fiscalizar a integridade vascular e são ativadas segundos após a ocorrência de lesão do vaso sanguíneo. “Sem o propósito de estancar um sangramento, a coagulação é altamente indesejável, pois pode impedir a circulação e o cumprimento das funções vitais do sangue”, explica a professora Luci Dusse.

Ela esclarece ainda que a compreensão das alterações da coagulação na DRC poderá contribuir para a intervenção terapêutica adequada. “Além de alterações da coagulação sanguínea, a DRC está associada a um estado de inflamação constante. Os processos da coagulação e inflamação estão interligados; alterações em um repercutem no outro, e isso pode resultar no aparecimento de doenças cardiovasculares e levar à morte precoce”, afirma.

A expectativa da professora é reunir as conclusões de seu estudo sobre a coagulação do sangue das crianças e adolescentes com DRC com aquelas relacionadas ao processo inflamatório, investigadas pela equipe da professora Ana Cristina Simões e Silva. “Esperamos encontrar respostas sobre evolução e prognóstico, com vistas a instituir o tratamento mais adequado da doença, prevenindo sua evolução para o estágio final, quando a diálise torna-se necessária“, afirma a professora Luci Dusse.

Vida comprometida

A frequência da DRC entre crianças e jovens é menor que na população adulta, mas a abordagem da doença no grupo infantojuvenil se torna um desafio, pois repercute negativamente no seu desenvolvimento, considerando aspectos sociais, emocionais e cognitivos, comprometendo a qualidade de vida. A taxa de mortalidade em crianças portadoras de DRC em tratamento por diálise é 30% a 150% maior do que a da população pediátrica geral, e a expectativa de vida é muito reduzida. “Além disso, o procedimento de diálise é caro, complexo e difícil para a criança, que precisa ficar ligada a uma máquina que desempenha a função do rim, três vezes por semana, durante quatro horas”, conclui a professora Luci Dusse.

Resultados do estudo foram apresentados em novembro na mostra Minas Inova, da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig).

Fonte: Matheus Espíndola, UFMG. Imagem: Getty Images.

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