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Endometriose: pesquisa revela novos compostos que podem ser candidatos ao tratamento
Em experimentos com ratos, os compostos controlaram a inflamação e reduziram as lesões, sem afetar a fertilidade
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Pesquisadores que estudam a endometriose, uma doença ginecológica que causa dor e que envolve o crescimento de células do endométrio em áreas fora do útero, descobriram um modo potencial para tratar a doença que evita muitos dos efeitos secundários observados com as terapias existentes.
Os pesquisadores testaram dois compostos: o chloro indazole (CLI) e o sulfonato oxabiciclo hepteno (OBHS). Estes compostos ligaram-se a receptores de estrogênio, controlaram a inflamação e reduziram as lesões em experimentos com ratos, sem afetar a fertilidade.
Os pesquisadores, liderados por uma equipe da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, nos Estados Unidos, dizem que seu trabalho, publicado na revista Science Translational Medicine, também proporcionou maior conhecimento sobre as causas e progressão da doença.
“Enquanto mais pesquisas são necessárias para testar esses novos compostos em outros modelos animais e em pacientes humanos, o trabalho demonstra uma nova abordagem para o tratamento da endometriose e outras doenças ligadas à sinalização estrogênica e inflamação”, diz uma das autoras do artigo científico, a Profa. Dra. Benita Katzenellenbogen, da Universidade de Illinois.
A endometriose cria lesões inflamatórias e tecido cicatricial que podem causar problemas de dor pélvica grave, problemas intestinais e da bexiga, fadiga e redução da fertilidade em pacientes. A doença afeta entre 10% e 14% das mulheres em idade reprodutiva, totalizando cerca de 176 milhões de mulheres em todo o mundo, de acordo com a Sociedade Mundial de Endometriose.
Como a doença é dependente do estrogênio, os pesquisadores procuram desenvolver tratamentos que proponham um equilíbrio cuidadoso na tentativa de suprimir estrogênio suficiente para parar a progressão da doença, mantendo os seus efeitos benéficos.
As terapias atuais têm foco principalmente em tratamentos hormonais, incluindo anticoncepcionais e derivados de testosterona como danazol e gestrinone. Estas terapias bloqueiam ou reduzem os níveis de estrogênio nos pacientes, a fim de reduzir ainda mais o desenvolvimento da doença e ajudar a aliviar a dor. No entanto, embora os tratamentos hormonais possam melhorar a qualidade de vida dos pacientes, eles não reduzem as lesões existentes e seus efeitos são geralmente temporários. Além disso, eles podem causar efeitos secundários graves, tais como perda de densidade óssea e o ganho de peso, e podem ainda interferir com a fertilidade.
Na pesquisa, tanto o CLI quanto o OBHS reduziram a proliferação celular e a densidade dos vasos sanguíneos, e destruíram o tecido endometrial localizado fora do útero, sem causar nenhum dano perceptível ao tecido endometrial normal.
O Dr.Warren B. Nothnick, do Centro Médico da Universidade de Kansas, também nos EUA, diz que os dois compostos podem representar uma nova linha de ataque com foco mais direto no tecido doente, poupando assim o ciclo menstrual e melhorado a probabilidade dos pacientes serem capazes de conseguir uma gravidez. No entanto, acrescenta, “daqui em diante, questões de pesquisa devem incluir o conhecimento da influência e os impactos de compostos como o CLI ou o OBHS no estabelecimento e na manutenção da gravidez e na saúde e bem-estar do bebê“.
Acesse o resumo do artigo “Dual suppression of strogenic and inflammatory activities for targeting of endometriosis”.
Fonte: Andrea Chipman, The Pharmaceutical Journal. Tradução: Tech4Health. Imagem: Shutterstock.
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