Notícia
Em Portugal, startup trabalha na validação de biomaterial fetal injetável para dor lombar
Comissão Europeia apoia pesquisa da Universidade do Porto em dor lombar
i3S, Universidade do Porto
Fonte
Universidade do Porto
Data
quinta-feira, 1 junho 2023 16:20
Áreas
Bioengenharia. Biologia. Biomedicina. Biotecnologia. Dor. Empreendedorismo. Engenharia Biológica. Ortopedia. Saúde Pública.
A Fetaldisc, uma startup constituída por pesquisadores do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da Universidade do Porto, em Portugal, vai receber 75 mil euros (cerca de R$ 400 mil) no âmbito do programa ‘Women TechEU’, uma iniciativa da Comissão Europeia que visa promover o empreendedorismo feminino na área da tecnologia. O objetivo da pesquisa é tratar a dor lombar.
A equipe liderada pela Dra. Joana Caldeira, pesquisadora do i3S/INEB, é responsável pelo desenvolvimento do primeiro biomaterial fetal injetável para regenerar o disco intervertebral. O trabalho, do qual já resultou um pedido de patente, foi desenvolvido no grupo Microenvironments for New Therapies, no i3S e no laboratório de Medicina Regenerativa do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS).
Durante o processo de pesquisa, a equipe utilizou desperdícios da indústria pecuária, que normalmente são incinerados, e conseguiu identificar a existência de componentes pro-regenerativos nos discos intervertebrais fetais.
Mais recentemente, explicou a Dra. Joana Caldeira, “demonstramos que, após processamento em laboratório, estes tecidos têm um maior potencial regenerativo, ou seja, verificamos um ‘reaparecimento’ das proteínas típicas de um ambiente saudável em células de disco cultivadas nos biomateriais fetais de bovinos”.
Além disso, acrescentou a pesquisadora, “o biomaterial que desenvolvemos tem também a capacidade de inibir a formação de novos vasos sanguíneos, um processo a que se chama angiogênese e que está relacionado com a intensidade da dor, mobilidade e qualidade de vida dos pacientes”.
A tecnologia utilizada, destacou a pesquisadora e empreendedora, “tem por base o processamento do tecido fetal de modo a eliminar as células nele existentes, mantendo a maioria dos restantes componentes bioquímicos e estruturais característicos das fases de desenvolvimento embrionário”. Em uma fase seguinte, “procedemos à liofilização (desidratação a baixas temperaturas), para obter um elevado tempo de vida útil do material em questão e economizar no processo de armazenamento, para que possa ser posteriormente injetado na forma de partículas em suspensão”.
Tratamento mais eficaz
Com um material injetável, destacou a pesquisadora, “elimina-se a necessidade de cirurgias invasivas em pacientes com dor lombar e diminui-se o tempo de intervenção, de recuperação e de hospitalização”. Este biomaterial tem também a “vantagem de poder ser produzido de uma forma simples, segura, acessível e passível de ser escalonável”.
Quanto ao sucesso do procedimento, a Dra. Joana Caldeira explicou que “quanto mais cedo for realizada a intervenção, maior se espera que seja o seu potencial, podendo nomeadamente proporcionar um efeito preventivo”. A equipe antevê ainda que este biomaterial possa ter uma aplicação mais abrangente em doenças degenerativas da cartilagem que afetam outras articulações, como o joelho, quadril e ombro, entre outras.
O financiamento atribuído no âmbito do programa ‘Women TechEU’ permitirá validar o produto em ensaios pré-clínicos e consolidar o modelo de negócio, de modo a facilitar a sua comercialização.
Além da Dra. Joana Caldeira, a equipe da Fetaldisc é constituída também pelas pesquisadoras Morena Fiordalisi, doutoranda do programa Biotechealth, do ICBAS e da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FMUP); a Dra. Raquel Gonçalves, pesquisadora no i3S e professora no ICBAS, e o Dr. Hugo Prazeres, coordenador do Gabinete de Inovação do i3S.
Dor lombar
Apesar de não ser mortal, a dor lombar tem um grande impacto socioeconômico, constituindo uma das principais causas de incapacidade e limitações na qualidade de vida. Este tipo de dor é frequentemente causada pela degeneração do disco intervertebral que ocorre com o envelhecimento.
As opções de tratamento existentes passam por fisioterapia, medicamentos para controlar a inflamação e a dor ou por cirurgias bastante invasivas, mas, em grande parte dos casos, não existem soluções em longo prazo.
Acesse a notícia completa na página da Universidade do Porto.
Fonte: Luísa Melo, i3S/Universidade do Porto. Imagem: Dra. Joana Caldeira. Fonte: i3S, Universidade do Porto.
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