Notícia
Dopplervelocimetria arterial das órbitas na anemia falciforme
Resistência vascular das órbitas foi elevada nessa afecção
Reprodução, Mindray Ultrasound North America
Fonte
Revista Radiologia Brasileira
Data
terça-feira, 13 junho 2017 11:20
Áreas
Diagnóstico por Imagens. Ultrassom. Oftalmologia. Hematologia.
A anemia falciforme (AF), forma homozigótica da doença falciforme, é uma das hemoglobinopatias hereditárias mais comuns. Estimativas mostram que 250 mil crianças nascem anualmente com AF no mundo. Originária da África, a AF é mais frequente onde a proporção de afrodescendentes é maior. Estima-se que aproximadamente 2.500 crianças nasçam por ano com AF no Brasil
Eritrócitos “em foice” são formados durante a polimerização e precipitação intracelular de hemoglobina S no estado desoxigenado, resultando em rigidez celular que provoca diminuição do fluxo sanguíneo microvascular, com subsequente isquemia tecidual e infarto.
As manifestações clínicas dessa doença multissistêmica resultam da anemia hemolítica crônica e das consequências vaso-oclusivas das hemácias em foice, afetando quase todos os tecidos no corpo, incluindo os olhos. As afecções oculares mais significativas ocorrem no fundo do olho, principalmente na retina, sendo que diversos processos patológicos (hipóxia, isquemia, neovascularização e fibrovascularização) podem resultar de oclusão microvascular secundária à AF.
Tanto na AF como em várias outras doenças oftálmicas, pode haver alterações importantes do padrão vascular ocular. Uma das técnicas de imagens que tem sido aplicada há mais de 10 anos para o diagnóstico de alterações oculares é a dopplervelocimetria colorida. Em trabalho publicado em 2004, pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) publicaram detalhes desta técnica de exame aplicada aos vasos orbitais, bem como uma revisão da anatomia vascular normal.
Recentemente, pesquisadores da Universidade Federal do Sergipe publicaram um estudo na edição de abril de 2017 da revista científica Radiologia Brasileira com o objetivo de investigar o estado de resistência vascular arterial orbitária por meio de dopplervelocimetria em portadores de anemia falciforme e sua relação com biomarcadores de hemólise. Foram avaliados 71 pacientes portadores de anemia falciforme, e um grupo controle, formado por 32 indivíduos saudáveis, pareados por gênero e idade. Todos os participantes foram avaliados por meio de ultrassonografia Doppler das órbitas e de testes laboratoriais.
Os resultados da avaliação dopplervelocimétrica mostrou velocidades aumentadas na artéria oftálmica e reduzidas na artéria central da retina, bem como índices de resistência e de pulsatilidade vascular elevados em ambas as artérias no grupo anemia falciforme em relação ao grupo controle.
Os autores concluíram que a resistência vascular arterial das órbitas, aferida por meio de dopplervelocimetria, é elevada em portadores de anemia falciforme, com grau de correlação entre moderado e forte com os biomarcadores de hemólise.
Acesse o artigo científico completo.
Fonte: Revista Radiologia Brasileira. Imagem: Reprodução, Mindray Ultrasound North America.
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