Notícia

Dieta cetogênica para epilepsia refratária

Fonte

Arquivos de Neuropsiquiatria

Data

quarta-feira, 10 maio 2017 16:30

Áreas

Medicina. Neurologia. Nutrição. Pediatria.

A epilepsia é um distúrbio neurológico que acomete aproximadamente cerca de 50 milhões de pessoas no mundo. A farmacoterapia com medicamentos anti-epilépticos constitui a principal estratégia adotada para o tratamento da epilepsia, sendo que entre 20 e 40% dos pacientes continuam a apresentar convulsões recorrentes apesar da terapia medicamentosa. Devido ao impacto físico, social e psicológico de uma única convulsão, tratamentos não farmacológicos como a terapia dietética têm sido implementados com o intuito de melhorar a qualidade de vida dos portadores de epilepsia refratária.

A dieta cetogênica (DC) foi  criada em 1921 pelo Dr. R.M. Wilder na Clínica Mayo, nos Estados Unidos, para mimetizar o estado de jejum. O jejum é um tipo de terapia não farmacológica que tem sido utilizado para abordar a ER.  A dieta cetogênica é composta por alimentos com alto teor de gordura, baixa concentração de carboidratos e restrição de proteínas. Uma das justificativas para o benefício desta dieta consiste na redução dos níveis de glicose circulantes no sangue, fazendo com que ocorra a produção dos corpos cetônicos a partir do metabolismo dos ácidos graxos, tornando-se assim a principal fonte de energia para o cérebro devido à manutenção do estado de cetose, que utiliza a gordura como combustível. Outro mecanismo da dieta cetogênica decorre da ativação dos canais de potássio sensíveis ao ATP-adenosina pelo metabolismo mitocondrial e inibição da via da rapamicina e da ação do glutamato nas transmissões sinápticas. Dentre os principais alimentos utilizados na DC estão a maionese, ovos, bacon, creme de leite, carne, alguns vegetais e frutas. A manutenção da dieta cetogênica por um período prolongado (maior que um ano) é um desafio, devido às suas características restritivas.

Em artigo publicado na edição de abril de 2017 da revista científica Arquivos de Neuropsiquiatria, pesquisadores avaliaram a aceitação, a tolerância e a eficácia da dieta cetogênica baseada numa fórmula específica em 10 crianças portadoras de epilepsia refratária. A frequência das convulsões, os eventos adversos e a aceitação da dieta foram verificados pelos pais das crianças. O estudo foi realizado no Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Os resultados do estudo mostraram que em 60% dos casos houve uma diminuição de 50% da frequência das crises e 10% das crianças ficaram livres das crises. A dieta cetogênica foi eficaz na redução da frequência de convulsões e melhora da cognição e qualidade de vida dos pacientes. Fórmulas específicas podem ser recomendadas para melhorar a aceitação e adesão à dieta.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Fonte: Arquivos de Neuropsiquiatria.

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