Notícia

Dez minutos de exercício aeróbico com terapia de exposição podem reduzir os sintomas do estresse pós-traumático

Bruno Nascimento via Unsplash

Fonte

UNSW | Universidade de Nova Gales do Sul

Data

terça-feira, 29 novembro 2022 06:35

Áreas

Biologia. Educação Física. Neurociências. Psicologia. Psiquiatria. Saúde Pública.

A terapia de exposição é um dos principais tratamentos para o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), mas até metade dos pacientes não responde a ela.

Recentemente, um estudo liderado por psicólogos da Universidade de Nova Gales do Sul (UNSW), na Austrália, descobriu que aumentar a terapia com 10 minutos de exercícios aeróbicos levou os pacientes a relatarem maior redução na gravidade dos sintomas de TEPT seis meses após o término do tratamento de nove semanas.

No primeiro estudo de controle randomizado simples-cego conhecido desse tipo, os pesquisadores em Sydney recrutaram 130 adultos com TEPT clinicamente diagnosticado e os dividiram em dois grupos: as pessoas de ambos os grupos receberam nove sessões de terapia de exposição de 90 minutos. No final de cada sessão, um grupo foi submetido a 10 minutos de exercícios aeróbicos, enquanto os membros do grupo de controle receberam 10 minutos de alongamento passivo.

As pessoas no grupo de exercícios aeróbicos relataram, em média, menor gravidade dos sintomas de TEPT – conforme medido na escala CAPS-2 – do que aquelas que tiveram sua terapia de exposição aumentada por exercícios de alongamento no acompanhamento de seis meses. Curiosamente, não houve diferenças claras entre os dois grupos uma semana após o término do programa de tratamento, sugerindo que os benefícios levam tempo para se desenvolver.

Os resultados foram publicados na revista científica The Lancet Psychiatry.

Aprendizado de extinção

O Dr. Richard Bryant, professor da UNSW, supervisionou a pesquisa clínica que decorreu entre 2012 e 2018. O pesquisador disse que o objetivo da terapia de exposição no tratamento do TEPT é o aprendizado de extinção, onde um paciente aprende a igualar algo que até então ele associava ao trauma a um sentimento de segurança.

Por exemplo, uma pessoa que sofreu violência sexual pode associar alguns dos estímulos que estavam presentes no momento do trauma – como a noite ou a atividade sexual – com uma ameaça. A terapia de exposição se concentraria nesses gatilhos e tentaria demonstrar que eles não oferecem nenhuma ameaça, com a esperança de que, após a exposição repetida e gradual, o aprendizado da extinção seja incorporado ao cérebro do paciente.

“O aprendizado da extinção não é desaprender a experiência ruim, mas sim um novo aprendizado que inibe o antigo aprendizado. Estudos anteriores mostraram que períodos muito curtos de exercícios aeróbicos podem ser úteis porque eles realmente promovem o aprendizado da extinção em camundongos e também demonstraram promovê-lo em humanos sob condições experimentais”, explicou o Dr. Richard Bryant.

Mas a teoria não havia sido testada em condições clínicas até agora. O professor Bryant e seus colegas disseram que exercícios breves e intensos promovem uma molécula de crescimento específica no cérebro chamada Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro, ou BDNF.

“Isso é realmente importante porque promove a plasticidade sináptica no cérebro, o que é muito importante para o aprendizado. E sabemos que isso sustenta o aprendizado da extinção. Portanto, se conseguirmos que esse BDNF fique mais ativo no cérebro, no momento da terapia de exposição, teoricamente, isso deve levar a uma melhor extinção”, concluiu o pesquisador.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Nova Gales do Sul (em inglês).

Fonte: Lachlan Gilbert, UNSW. Imagem: Bruno Nascimento via Unsplash.

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