Notícia
Deficiência de vitamina D em grávidas e crianças: quem precisa de suplementação?
Especialistas esclarecem a questão em editorial da Revista Paulista de Pediatria
Shutterstock
Fonte
Revista Paulista de Pediatria
Data
quinta-feira, 19 maio 2016 18:15
Áreas
Pediatria. Neonatologia.
A Dra. Tânia WInzenberg e o Dr. Graene Jones, da Universidade da Tasmânia, na Austrália, publicaram, em editorial da última edição da Revista Paulista de Pediatria, uma análise sobre a necessidade de suplementação de Vitamina D em grávidas e crianças.
Segundo os autores, “A vitamina D tem um papel fundamental no metabolismo de cálcio e na saúde óssea das crianças. Acredita-se ainda que ela seja benéfica em doenças não ósseas, tais como doenças respiratórias, atopia e esquizofrenia. Existe uma relação clara entre a deficiência de vitamina D e raquitismo e hipocalcemia neonatal, mas a vitamina D também facilita a aquisição de massa óssea na infância. Assim, a necessidade de suplementação dessa vitamina precisa ser considerada sob uma série de perspectivas”.
Um dos casos em que pode haver a necessidade de suplementação de Vitamina D é quando ocorre o raquitismo. A doença afeta a condição de crescimento dos ossos em crianças, provocando fragilização óssea e podendo até causar deformidades nos ossos. “O raquitismo pode ser causado por baixos níveis séricos de vitamina D e/ou por ingestão dietética de cálcio insuficiente; e, menos comumente, por distúrbios no metabolismo de fosfato. É importante diferenciar essas causas, já que a suplementação de vitamina D de forma isolada não cura o raquitismo, a menos que essa deficiência seja a causa única ou principal da doença”, explicam os pesquisadores. “O raquitismo hipocalcêmico é mais comumente observado em países em desenvolvimento. O uso de vitamina D combinada com cálcio para o tratamento de raquitismo hipocalcêmico traz resultados melhores do que o uso de cálcio isoladamente”, ressaltam.
Suplementação de Vitamina D para aumentar o pico de massa óssea
Os pesquisadores prosseguem afirmando que “evidências observacionais relacionam a deficiência de vitamina no útero e na infância à redução da densidade mineral óssea em crianças, mas os dados de Estudos Clínicos Randomizados (ECRs) são limitados. Nenhum ECR abordou a suplementação de vitamina D na gravidez e sua associação com resultados de densidade óssea em crianças. De forma geral, lactentes amamentados têm menor crescimento ósseo em comparação com aqueles alimentados com fórmula. Embora esse déficit seja aparentemente temporário, já que observa-se a recuperação do crescimento, é possível que o desenvolvimento ósseo em crianças amamentadas possa ser aumentado com suplementação de vitamina D. Essa premissa e as preocupações com o risco de raquitismo em crianças em risco de deficiência de vitamina D levaram à recomendação generalizada de suplementação de vitamina D para lactentes. Infelizmente, os dados de ECRs são escassos e pouco convincentes”.
A Vitamina D e outras doenças crônicas
A deficiência de Vitamina D em crianças pode ser associada à ocorrência de outras doenças crônicas, como doenças respiratórias. Porém, os autores afirmam que estas associações não estão amparadas em resultados de ECRs: “A sugestão de que os níveis de vitamina D na infância estejam relacionados com a ocorrência de outras doenças crônicas é baseada em dados observacionais limitados, com poucas evidências de ECR confirmatórias. …Ainda que existam associações observacionais com doenças respiratórias, ECRs não demonstraram benefício da suplementação de vitamina D na prevenção da pneumonia em crianças ou da suplementação materna durante a gestação no risco de chiado na criança aos três anos de idade.”
Resultados e Indicações
Na conclusão do editorial, os pesquisadores fazem recomendações importantes, baseadas nas evidências científicas e estudos clínicos: “A suplementação de vitamina D em grávidas ou em crianças com alto risco para níveis séricos de 25(OH) muito baixos é claramente necessária para evitar o raquitismo e a hipocalcemia neonatal. A suplementação também é necessária para o tratamento de crianças com raquitismo associado à deficiência de vitamina D e, potencialmente, para reforçar os suplementos de cálcio no raquitismo hipocalcêmico. Não existe comprovação de que o pico de massa óssea pode ser aumentado com a correção da deficiência de vitamina D em crianças ou na gestação. Portanto, a suplementação rotineira dessa vitamina não pode ser recomendada para essa finalidade. A evidência de que a suplementação de vitamina D melhora outros desfechos de saúde também é insuficiente para fundamentar a suplementação generalizada”.
Fonte: Revista Paulista de Pediatria. Imagem: Shutterstock.
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