Notícia
Consumo exagerado de sal
Estudos analisam redução do teor de sódio em alimentos processados
Pixabay
Fonte
Epidemiologia e Serviços de Saúde, Cadernos de Saúde Pública e ASBRAN.
Data
sexta-feira, 18 março 2016 11:50
Áreas
Alimentação e Nutrição. Saúde Pública.
O sódio é encontrado in natura, no sal adicionado ao preparo dos alimentos, no saleiro à mesa e nos alimentos industrializados. Há evidências da associação do consumo elevado de sódio com o desenvolvimento de diversas doenças crônicas, como hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral, hipertrofia ventricular esquerda, doenças renais e câncer de estômago. Estima-se que 35% da população brasileira acima de 40 anos seja hipertensa. Portanto, trata-se de um importante fator de risco a ser monitorado.
O consumo de sal diário por pessoa foi excessivo na maioria dos países, variando entre 9 e 12g. No Brasil, a Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2008-2009 apontou uma média populacional de ingestão diária de sódio de 4.700 mg, equivalente a 12 g/dia de sal. Esse valor ultrapassa largamente a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de ingestão diária máxima de 5 g de sal para adultos (2.000 mg de sódio), conforme estudo publicado em 2015 na revista científica Epidemiologia e Cadernos de Saúde. Sendo assim, o Ministério da Saúde e a Organização Mundial de Saúde(OMS) estabeleceram como uma das metas para prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, reduzir o consumo médio de sal.
A Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN) publicou as diferenças entre os tipos de sal, listados abaixo:
Sal de Cozinha ou “refinado”: é o mais utilizado na culinária. O iodo foi adicionado ao sal pela primeira vez em meados de 1920 para combater uma epidemia de hipertireoidismo e o bócio. Ele é processado para remover impurezas (reduzindo os teores de minerais), e por ter uma textura fina pode ser misturado de forma mais homogênea. Um grama tem 400mg de sódio.
Sal light: redução no teor de sódio com 50% de cloreto de sódio e 50% de cloreto de potássio. Indicado para pessoas que têm restrição ao consumo de sódio. Entretanto, indivíduos com doenças renais não devem utilizá-lo.
Sal marinho: é mais caro do que o sal de cozinha por ser raspado manualmente da superfície de lagos de evaporação. Não é tão processado, preservando mais os sais minerais. Um grama contém cerca de 420mg de sódio. Pode ser grosso, fino ou em flocos. Dependendo da região que é retirado e da composição de minerais pode ser branco, rosa, preto, cinza ou de uma combinação de cores.
Sal do Himalaia: cor rosa por ser rico em cálcio, magnésio, potássio, cobre e ferro. Um grama contém 230mg de sódio.
Sal Defumado: acinzentado, é defumado sobre chamas da madeira, dando sabor especial quando adicionado às preparações. Um grama contém cerca de 395mg de sódio.
Sal do Havaí: coloração rosa avermelhada por causa da presença de uma argila havaiana chamada Alaea, rica em dióxido de ferro. Um grama possui cerca de 390 mg de sódio.
Sal da Índia ou Negro: a presença de composto sulfúrico e ferro confere um sabor sulfuroso. Um grama contém 380 mg de sódio.
Flor de sal: Contém 10% mais de sódio; na sua elaboração são utilizados apenas os cristais retirados da camada superficial das salinas. Sabor mais intenso e textura crocante, indicado acrescentar após a preparação do alimento. Um grama contém 450 mg de sódio.
Sal kosher: utilizado para preparar carnes kosher, por remover o sangue rapidamente. Não dissolve tão rápido quanto o sal de cozinha e não é iodado.
Redução do teor de sódio em alimento processados
A contribuição dos alimentos processados no consumo médio de sódio aumentou de 17,2% para 20,5%. Dentre os principais alimentos destacam-se: pães (francês, de forma, bisnaguinha), caldos e temperos, laticínios (bebidas lácteas, queijos petit suisse e mussarela, requeijão), biscoitos (cream cracker, recheados, maisena), margarina, embutidos (salsicha, presunto, hambúrguer, empanados, linguiça, salame, mortadela), macarrão instantâneo, bolos (bolos prontos e misturas para bolo), snacks (batata frita, salgadinhos de milho), derivados de cereais, refeições prontas (pizza, lasanha, sopas).
Pesquisadores do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) publicaram um estudo na revista científica Cadernos de Saúde Pública, em fevereiro de 2016, no qual foi verificado o potencial impacto da redução do teor de sódio em alimentos processados no consumo médio de sódio na população brasileira. Na amostra, um total de 32.900 participantes do primeiro Inquérito Nacional de Alimentação (2008-2009), com 10 anos e mais de idade, forneceram dados de dois dias de consumo para avaliação. As metas de redução de sódio pactuadas pelo Ministério da Saúde em 2010 e 2013 foram utilizadas como referência para determinar o teor máximo de sódio em 21 grupos de alimentos processados. Os resultados indicaram que as metas de redução de sódio em alimentos processados têm pequeno impacto no consumo médio de sódio na população brasileira. Em 2017, a redução média esperada é de 1,5%, ficando os valores de consumo médio de sódio ainda acima do limite máximo recomendado de 2.000 mg/dia. Portanto, dificilmente será possível alcançar a redução necessária no consumo de sódio no Brasil a partir de acordos voluntários nos moldes dos que aconteceram até o momento.
Fonte: Revista “Epidemiologia e Serviços de Saúde”, Revista “Cadernos de Saúde Pública” e ASBRAN. Imagem: Pixabay.
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