Notícia

Clampeamento do cordão umbilical e sua relação com as reservas de ferro

Pesquisadores espanhóis investigam momento ideal para realizar o clampeamento do cordão umbilical

Pixabay

Fonte

Universidade de Valência

Data

sábado, 11 agosto 2018 12:05

Áreas

Enfermagem. Pediatria. Neonatologia.

O Dr. Javier Orenga, professor da Faculdade de Enfermagem e Podologia da Universidade de Valência, na Espanha, e especialista em Obstetrícia e Ginecologia da enfermaria do Hospital Universitário de la Plana, participou de um estudo a fim de determinar o melhor momento para realizar o clampeamento do cordão umbilical de recém-nascidos. A pesquisa analisou 156 partos para determinar a relação entre o momento em que o clampeamento é executado e reservas de ferro no bebê e em sua mãe.

O estudo fornece evidências sobre o momento ideal para o clampeamento do cordão umbilical, que, em condições normais, é de cerca de 3 minutos de vida. Assim, a ausência de complicações e o aumento das reservas de ferro são observados no recém-nascido, o que reduz o risco de anemia no período de lactação. Quanto à mãe, a pesquisa relata efeitos associados à sua saúde hematológica, satisfação com o parto e a melhor adesão ao aleitamento materno.

O trabalho comparou os efeitos do clampeamento precoce (antes de um minuto de vida), em oposição ao clampeamento tardio (após o primeiro minuto de vida), e leva em conta o impacto que este momento pode ter sobre as reservas de ferro tanto para o bebê como para a mãe. Atualmente, se o clampeamento é realizado quando o cordão umbilical para de bater, fato que pode ocorrer depois de três minutos, nenhuma complicação materna ou neonatal é evidente. Atualmente não há evidências científicas que justifiquem o clampeamento precoce como prática de maior benefício para o recém-nascido ou para sua mãe. Neste estudo não foram relatados casos de bebês com seis meses de vida com anemia por deficiência de ferro que precisassem de suplemento, mas os pesquisadores consideram importante que os clampeamentos sejam realizados com pelo menos um minuto de vida, para aumentar a reserva de ferro e contribuir com uma transição natural do recém-nascido para a vida extra-uterina.

O livro onde estão publicados os resultados desta pesquisa, “Influência do tempo de clampeamento do cordão umbilical na morbidade secundária neonatal e  as reservas de ferro no recém-nascido e no lactante”, foi editado pela Fundação Dávalos Fletcher. A publicação traça a história do clampeamento do cordão umbilical: “O costume antigo era clampear o cordão umbilical  minutos após o nascimento, geralmente quando as pulsações cessassem, uma situação que muitas vezes ocorre entre um e três minutos após o nascimento. Depois de vários séculos, provavelmente, com o início da medicina científica na segunda metade do século XVIII, começou a ser promovido o clampeamento do cordão nos primeiros segundos de vida “, diz o pediatra Dr. Pasqual Gregori.

Essa controvérsia, já questionada em publicações científicas do início do século XIX, ainda persiste na prática clínica atual. Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a relação entre o momento do clampeamento e a morbidade neonatal secundária, depósitos de ferro no recém-nascido e nos bebês até seis meses e a descrição do efeitos maternos associados a esta intervenção.

Metodologia

No trabalho foram seguidas um total de 156 mulheres grávidas distribuídas aleatoriamente por um dos dois grupos de estudo (clampeamento inicial e clampeamento tardio), que completaram sua gestação no Hospital Universitário de la Plana entre março de 2015 e dezembro de 2016. Os controles dos neonatos foram realizados no momento do pós-parto, nos primeiros 28 dias de vida e aos 5 ou 6 meses.

No ensaio clínico liderado pelo pediatra Dr. Pasqual Gregori e pelo Dr. Javier Orenga, participaram também o chefe de pediatria no Hospital La Fe de Valencia, Dr. Emilio Monteagudo; A Dra. Paula Sanchez, Doutora em Bioquímica pela Universidade CEU Cardenal Herrera e a Dra. Maria Angelica Fajardo, da Universidade Nacional da Patagônia, na Argentina.

Acesse a notícia na página da Universidade de Valência (em Espanhol).

Acesse o documento do Comitê de Práticas Obstétricas do American College od Obstetricians and Gynecologysts  sobre o clampeamento tardio (em inglês).

Fonte: Universidade de Valência. Imagem: Pixabay.

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