Notícia
Cientistas diferenciam LDL com maior potencial para dano à saúde
LDL pode não ser tão prejudicial ao organismo, dependendo de sua estrutura e nível de oxidação
Marcos Santos, USP Imagens
Fonte
Jornal da USP
Data
sexta-feira, 20 maio 2016 13:00
Áreas
Biotecnologia. Bioeletrônica. Cardiologia. Biomecânica. Física Médica.
A LDL é bem conhecida popularmente como o “mau colesterol”, já que em excesso pode se depositar na parede das artérias, dando início a um processo inflamatório que pode resultar em doenças cardiovasculares. A novidade é que algumas LDL são mais vilãs que as outras – e os pesquisadores já conseguem definir os diferentes graus do seu potencial para causar estragos.
Em pesquisa realizada no Grupo de Fluidos Complexos, sediado no Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IFUSP), físicos e médicos se uniram para decifrar o grau de oxidação da lipoproteína LDL, que atua como uma espécie de assinatura que as diferencia como mais ou menos danosas à saúde. “Dependendo de sua estrutura, ela pode ser menos prejudicial”, afirma o Prof. Dr. Antônio Martins Figueiredo, do IFUSP.
Ele e a Profa. Dra. Maria Cristina de Oliveira Izar, livre docente da disciplina de Cardiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), coordenaram um estudo em que foi aplicado um método capaz de analisar o estado de oxidação da LDL de atletas de alta performance. “Até agora, esse conhecimento ainda não havia sido descrito na medicina. A partir da descrição do grau de oxidação da LDL será possível saber com maior exatidão quando e como a ela deverá ser combatida no organismo”, descreve a professora Maria Cristina.
Os resultados estão publicados em artigo recentemente veiculado na revista científica Cell Biochemistry and Biophysics, em sua edição de abril.
Como age a LDL
A LDL, cuja sigla vem do inglês – Low Density Lipoprotein –, é na verdade uma lipoproteína que tem como função transportar colesterol e triglicerídeos do fígado e intestino delgado às células e tecidos que estão necessitando destas substâncias. O problema é que, em altas concentrações, ela própria se acumula nas paredes dos vasos sanguíneos, causando inflamação e entupimento, o que pode levar à necrose (morte de tecidos) por falta de circulação sanguínea. Quando isso acontece no músculo cardíaco temos um infarto; no cérebro, um AVC (ou AVE).
A oxidação é um processo químico que resulta em alteração nas estruturas moleculares, perdendo elétrons. Exemplos de reação de oxidação são a corrosão de metais e a própria combustão. Quanto mais oxidada estiver a LDL, mais aterogênica ela é, isto é, têm mais capacidade de gerar doença vascular. Os estudos desenvolvidos até agora no Grupo de Fluidos Complexos evidenciam que os cientistas já têm uma “assinatura” da LDL – tanto da nativa (que apenas realiza sua função de transporte) quanto da modificada (a aterogênica). “Já temos a ‘prova de conceito’ de como descrever a estrutura da LDL quanto ao seu grau de oxidação. Futuramente, novos estudos e experimentos poderão evoluir para o aperfeiçoamento dessa técnica na prática clínica, por exemplo”, avalia o professor Figueiredo.
Testes com atletas
Para se chegar aos resultados atuais, os cientistas avaliaram e compararam dois grupos de pessoas: um composto por 44 atletas maratonistas e outro com 51 pessoas saudáveis, porém com hábitos de vida sedentários. Foram 21 atletas do sexo masculino e 23 atletas do sexo feminino; além de 20 homens e 20 mulheres sedentários (os sedentários formando o grupo controle). “Fizemos um estudo transversal em que dados do perfil lipídico e a qualidade da LDL foram comparados nos dois grupos. A LDL dos atletas encontrava-se menos modificada do que a dos controles sedentários”, conta a professora da Unifesp.
O método empregado, Z-Scan ou varredura Z, analisa propriedades ópticas não lineares de fluidos transparentes. “Em nosso estudo avaliamos amostras de LDL misturadas com água”, descreve o professor Figueiredo. A técnica, segundo o cientista, permitiu identificar o grau de preservação ou de oxidação da amostra de LDL comparando-se com resultados previamente obtidos in vitro com agentes oxidantes, como o ferro e o cobre.
Leia a reportagem completa no Jornal da USP.
Fonte: Antonio Carlos Quinto, Jornal da USP. Imagem: Marcos Santos, USP Imagens.
Em suas publicações, o Portal Tech4Health da Rede T4H tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Portal Tech4Health tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.
Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que cadastrados no Portal Tech4Health e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Portal Tech4Health, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.
Apenas usuários cadastrados no Portal tech4health t4h podem comentar, Cadastre-se! Por favor, faça Login para comentar