Notícia
Célula de tumor que se comporta como célula-tronco de embrião agrava tipo de câncer infantil
Pesquisadores da USP estudam ação de substâncias no meduloblastoma
Divulgação, USP
Dois artigos publicados por pesquisadores do Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-Tronco do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) sugerem que a ação de substâncias típicas de células-tronco embrionárias – aquelas que são capazes de gerar todas as outras células do organismo, formando diferentes tecidos – é determinante na piora do quadro clínico de crianças que sofrem de meduloblastoma, um tipo de câncer do cérebro. As descobertas relatadas pelos pesquisadores brasileiros relacionam a piora a certos genes que, em células-tronco embrionárias, estão “ligados” justamente para dar a elas a capacidade especial de se transformarem nas células necessárias aos diferentes sistemas do corpo. As novas informações abrem a possibilidade de utilizar esses genes como indicadores de prognóstico dos pacientes. A versão early view (ou seja, aquela que a revista deixa online antes da publicação física da edição) de um dos artigos está disponível na Stem Cells and Development. O outro estudo foi publicado na edição de setembro da Cancer Science, ligada à Associação Japonesa do Câncer.
Ambos os experimentos que embasam os artigos foram coordenados pelo Prof. Dr. Oswaldo Okamoto, do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biociências da USP. O artigo “Embryonic Stem Cell-Related Protein L1TD1 Is Required for Cell Viability, Neurosphere Formation and Chemoresistance in Medulloblastoma” (Proteína relacionada a célula-tronco embrionária é necessária para a viabilidade celular, formação de neuroesfera e resistência à quimioterapia no meduloblastoma, em tradução livre), da Stem Cells and Development, trata da proteína L1TD1, pouco conhecida pelos cientistas e produto comum em células-tronco embrionárias, codificada pelo gene de mesmo nome.
O outro, “miR-367 promotes proliferation and stem-like traits in medulloblastoma cells” (miR-367 promove proliferação e traços típicos de células-tronco nas células de meduloblastoma), da Cancer Science, mostra que certo tipo de microRNA, o 367, acelera a proliferação do meduloblastoma. MicroRNAs são pequenas moléculas que não codificam informações, mas controlam a expressão de genes em proteínas ao bloquear sua tradução ou desestabilizar o RNA mensageiro, que leva a informação do gene até a área da célula encarregada da produção de proteínas. O miR-367, em conjunto com o microRNA 302, é conhecido pela relação com a capacidade que certas células adultas têm de se diferenciarem – ou seja, se transformarem em células de tipo diferente.
No sistema nervoso central
O grupo trabalha com tumores do sistema nervoso central. Entre eles, o meduloblastoma, depois das leucemias, é o que mais acomete crianças até dez anos de idade. Sua incidência é mais frequente entre 3 a 4 anos ou 8 a 9 anos. Cerca de um terço das crianças não sobrevive à doença, e os sobreviventes convivem com sequelas neurológicas. É um tumor que se manifesta logo nos primeiros anos de vida da criança. O tratamento consiste em remover cirurgicamente o máximo possível do tumor e, em seguida, submeter o paciente à rádio e quimioterapia. “Parte grande dos pacientes não responde bem ao tratamento, que agride o sistema nervoso – em especial o das crianças, ainda em maturação”, explica o Dr. Okamoto. Crianças com meduloblastoma podem ter afetados seus movimentos, sua capacidade de se comunicar e o equilíbrio na produção de hormônios. “O meduloblastoma afeta significativamente a vida dos pacientes”, conclui.
O professor da USP diz que as novas descobertas permitem utilizar os genes ligados ao miR-367 e à proteína L1TD1 como indicadores de prognóstico de pacientes. “A gente acredita que eles também possam ser alvos terapêuticos. Agora, parte dos nossos estudos está voltada para tentar entender porque esses genes estão expressos de formas aberrantes. Mas outra parte está preocupada com maneiras de se interferir nestes genes pensando em ter um tratamento. Existe uma relação causal entre esses genes e a agressividade do meduloblastoma”, afirma o Dr. Okamoto.
Leia a reportagem completa.
Fonte: Silvana Salles, Núcleo de Divulgação Científica da USP. Imagem: Divulgação, USP.
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