Notícia
Bloqueio do nervo occipital maior pode aliviar cefaleia após cesariana
Método é pouco invasivo e com eficácia quase imediata
Getty Images
Fonte
Revista Brasileira de Anestesiologia.
Data
quarta-feira, 12 outubro 2016 11:15
Áreas
Anestesiologia. Saúde da Mulher.
A Cefaleia Pós-punção Dural (CPPD) é uma complicação preocupante da anestesia neuroaxial e ocorre em aproximadamente 1,5% dos casos. A. CPPD é mais frequentemente observada em grávidas que receberam anestesia neuroaxial. A localização típica da dor de cabeça é geralmente bifrontal e/ou occipital e é descrita como uma dor intensa, perturbadora e debilitante que aumenta em posição vertical e diminui ou desaparece completamente em posição supina. De acordo com a Sociedade Internacional de Cefaleia, a dor de cabeça desenvolve-se dentro de cinco dias após a punção dural e resolve-se espontaneamente em sete dias ou em 48 horas após o tratamento eficaz do vazamento de líquido cefalorraquidiano. O tratamento conservador da CPPD geralmente consiste em fluidoterapia, analgésicos e cafeína. O tampão sanguíneo peridural (TSP) é a terapia de padrão-ouro, mas é um método invasivo.
Dentre as justificativas para a CPPD em grávidas está a perda de líquido cefalorraquidiano (LCR) através da punção dural, que resulta em uma redução do volume e da pressão do LCR e pode provocar tração descendente sobre as veias e meninges intracranianas sensíveis à dor, bem como nos nervos cranianos. Mas não é possível explicar a CPPD somente com a teoria da tração. A teoria bimodal sugere que há uma combinação da pressão baixa do LCR e da resultante vasodilatação cerebral em reação ao estiramento dos vasos. As grávidas são particularmente propensas à CPPD. Além disso, a intensidade da CPPD em pacientes obstétricas é relatada como significativamente mais elevada do que em outras pacientes.
O nervo occipital maior (NOM) é formado por fibras sensoriais que se originam nos segmentos C2 e C3 da medula espinhal. É o principal nervo sensorial da região occipital e o seu bloqueio tem sido usado com sucesso para o tratamento de cefaleia cervicogênica, neuralgia occipital, cefaleia em salvas e enxaqueca.
Os sintomas clínicos que acompanham a CPPD são muito semelhantes aos da cefaleia cervicogênica que tem sido eficazmente tratada com o bloqueio do nervo occipital. Há relatos do uso do bloqueio do NOM no tratamento de CPPD em casos individuais e em estudo controlado. A justificativa para o uso de bloqueio do NOM vem da proximidade dos neurônios sensoriais na medula espinhal cervical superior com os neurônios do núcleo trigeminal caudal (NTC) e da convergência de estímulos sensoriais aos neurônios do NTC das fibras cervicais e do trigêmeo. Esse bloqueio garante a interrupção da transmissão de dor através dos nervos occipitais ou de suas raízes nervosas ou gânglios componentes. A analgesia obtida após o bloqueio pode ser explicada pelo efeito neuromodulador central, que provoca diminuição da sensibilização central como resultado da interrupção temporária de estímulos aferentes para as raízes dorsais e núcleo trigeminal
Em estudo recente publicado na edição de setembro/outubro de 2016 da Revista Brasileira de Anestesiologia por pesquisadores da Turquia, foram avaliadas 16 pacientes diagnosticadas com CPPD após raquianestesia e submetidas a bloqueio bilateral de NOM após cesariana. O NOM está situado a aproximadamente dois terços da distância sobre uma linha traçada a partir do centro da mastoide até a protuberância occipital externa (POE). Os bloqueios do NOM foram feitos com levobupivacaína e dexametasona como o primeiro tratamento imediatamente após o diagnóstico de CPPD. As pacientes foram examinadas no terceiro e sétimo dias após o bloqueio pela Escala Visual Analógica (EVA) com diminuição progressiva da pontuação após 10 minutos, 2 horas e 24 horas do bloqueio. Como conclusão, os autores afirmam que o tratamento da CPPD com bloqueio do NOM parece ser um método minimamente invasivo, fácil e eficaz, especialmente após cesarianas. O bloqueio do NOM pode ser considerado antes da aplicação de um tampão sanguíneo peridural.
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Fonte: Revista Brasileira de Anestesiologia. Imagem: Getty Images.
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