Notícia
Biocimento pode ajudar no tratamento de doenças ósseas
Associado a um anti-inflamatório, o material age localmente na área afetada do osso, possibilitando a redução da dose de medicamentos e aumentando a eficácia terapêutica
Viktor Braga/UFC
Fonte
Agência UFC -Universidade Federal do Ceará
Data
terça-feira, 6 agosto 2019 11:55
Áreas
Ciência dos Materiais. Biomateriais. Ortopedia. Biomecânica.
Pesquisa desenvolvida no Laboratório de Biomateriais do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Universidade Federal do Ceará estudou a utilização de um biocimento com aplicação biológica, associado a um medicamento indicado para lesões ósseas, como nos casos de artrite reumatoide, osteoartrite e artropatia do quadril. A ideia é que o material seja usado como enxerto, ou seja, na restauração ou substituição das partes danificadas do tecido ósseo.
Trata-se da incorporação do anti-inflamatório indometacina no biocimento de beta fosfato tricálcico (β-TCP). O material obtido não apresentou toxicidade ao organismo, mostrou-se biocompatível (já que o próprio osso possui cálcio e fósforo em sua composição) e, por isso, é um forte candidato a futuras aplicações biomédicas. Até então, essa medicação não havia sido incorporada no β-TCP. Uma parte do estudo foi publicada na Revista Matéria, da UFRJ, e está em processo de submissão à revista científica International Journal of Biomaterials.
De acordo com a Dra. Suely Silva, autora da tese de doutorado sobre o tema (com orientação do professor Dr. Ricardo Emilio Nogueira), o biocimento agiria como um veículo (ou carreador) da indometacina no local da inflamação. A ideia foi avaliar a liberação controlada do medicamento no organismo, reduzindo a dose e, ao mesmo tempo, aumentando sua eficácia terapêutica.
“Na maioria dos casos, quando o paciente necessita de cirurgia, ele tem de esperar desinflamar aquele local, às vezes tomando caixas e caixas de medicamentos e sofrendo com os efeitos colaterais, para só depois ser submetido a um procedimento cirúrgico. Fazendo essa incorporação, pode-se, dependendo do caso, tratar a infecção e realizar a operação ao mesmo tempo”, explica Suely.
A vantagem de um biomaterial como o beta fosfato tricálcico com relação ao enxerto ósseo do próprio paciente é que sua aplicação não sofreria as limitações de cada caso particular, como o estado do paciente, a localização e o tamanho do defeito. Além disso, poderia evitar novas intervenções cirúrgicas para a troca do material implantado.
Uma das explicações para a eficácia dos biocimentos produzidos a partir de biocerâmicas de fosfato de cálcio é que apresentam morfologia nanoestruturada, ou seja, têm a dimensão de alguns poucos átomos, organizados de forma a desempenhar uma função, por isso de grande potencial tecnológico e industrial. “Por apresentarem essa característica nanométrica, eles possuem uma área superficial elevada que favorece a liberação de íons de cálcio e fósforo para o meio biológico”, explica a pesquisadora.
ETAPAS
A produção do biocimento de β-TCP envolveu várias etapas. A primeira delas foi a síntese do beta fosfato tricálcico, seguida de uma calcinação para torná-lo mais compacto ou denso. Depois, fez-se a análise química do pó para comprovar a obtenção do β-TCP e a prensagem do material com o objetivo de verificar sua resistência. Posteriormente, produziu-se o biocimento e, a partir daí, foi realizada a incorporação da indometacina, através da submersão do material no medicamento durante 24 horas. Depois, ocorreu o estudo da liberação, primeiramente em minutos, depois em horas até atingir também as 24 horas, para saber quanto de concentração seria liberado.
Acesse a notícia completa na página da Agência UFC.
Fonte: Síria Mapurunga, Agência UFC. Imagem: Viktor Braga/UFC.
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