Notícia

Avaliação do conteúdo gástrico por ultrassonografia

Divulgação, RAMB.

Fonte

Revista da Associação Médica Brasileira

Data

sexta-feira, 24 março 2017 11:30

Áreas

Imagens Médicas. Ultrassom. Gastroenterologia. Cirurgia Geral.

Determinadas condições clínicas podem predispor pacientes programados para cirurgias eletivas a apresentar conteúdo gástrico significativo no momento da indução da anestesia, mesmo que o tempo para o jejum tenha sido adequado. Esse problema é ainda maior quando se trata de cirurgias de emergência. Nessa circunstância, a motilidade gastrointestinal pode ser prejudicada pelo estresse, a presença de dor e ansiedade e o uso de opióides, dificultando o esvaziamento gástrico.

Os pacientes que têm “estômago cheio” estão em risco de aspiração durante a sedação ou anestesia geral devido à redução do tônus ​​do esfíncter esofágico inferior e também dos reflexos protetores das vias aéreas. A aspiração pulmonar do conteúdo gástrico é uma das complicações mais temidas em anestesia. A sua prevenção depende da avaliação pré-operatória e da identificação dos pacientes de risco. Não há uma rotina médica que seja utilizada para determinar o conteúdo gástrico a qualquer momento antes do procedimento cirúrgico.

A anestesista Profa. Dra. Flora Margarida Barra Bisinotto e colegas do Departamento de Cirurgia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) em Uberaba/MG realizaram um estudo em voluntários para avaliar a viabilidade da ultrassonografia para identificar o conteúdo gástrico de modo qualitativo e quantitativo. O estudo foi publicado na edição de fevereiro de 2017 da Revista da Associação Médica Brasileira.

Um protocolo padronizado de varredura gástrica foi aplicado em 67 voluntários saudáveis ​​para avaliar o conteúdo gástrico em quatro situações diferentes: jejum, após ingestão de líquido transparente (isotônico), 250 ml de leite e uma refeição sólida. Uma avaliação qualitativa e quantitativa do conteúdo gástrico no antro gástrico foi realizada por um radiologista experiente em ultrassom. O antro foi considerado como vazio, contendo líquido claro ou espesso, ou sólido. O volume gástrico total foi predito com base em uma área transversal do antro.

Os resultados mostram que o antro gástrico tem uma aparência diferente no ultrassom nas várias situações estudadas, após jejum (enquanto vazio), após ingestão de líquido transparente, leite e alimento sólido. Além disso, o antro gástrico se expande a partir da linha de base (estado vazio), com a entrada dos volumes ingeridos, permitindo que ele seja considerado como “cheio”, diferindo assim do estado vazio. Além disso, com base na imagem do antro, foi possível calcular a área da seção transversal, permitindo assim determinar o volume gástrico total, que se mostrou compatível com a quantidade de alimento ingerido.

Os autores concluíram que a ultrassonografia à beira do leito pode determinar a natureza do conteúdo gástrico e diferenciar um antro vazio daquele com algum volume. Essas informações podem ser úteis na determinação do risco de aspiração gástrica, principalmente se a condição gástrica é desconhecida ou incerta.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Fonte: Revista da Associação Médica Brasileira. Imagem: Divulgação, RAMB.

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