Notícia
Atemoia: da casca à semente, tudo se aproveita
Estudo da Unicamp comprova que fruta possui importantes propriedades funcionais
Fonte
Unicamp
Data
quinta-feira, 15 dezembro 2016 19:25
Áreas
Alimentação e Nutrição. Ciência dos Alimentos. Bioquímica.
A atemoia, fruta híbrida produzida intencionalmente a partir do cruzamento entre a fruta-do-conde (Annona squamosa, L.) e a cherimoia (Annona cherimola), apresentou importantes propriedades funcionais para a saúde, como capacidade antioxidante e antimicrobiana. Estudo inédito da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp também revelou que a fruta pertencente à família das anonáceas (a mesma da graviola, marolo, fruta-do-conde, entre outras) possui quantidades relevantes de compostos fenólicos, como a epicatequina, além de minerais, vitamina E (tocoferóis) e ácidos graxos.
Alimentos com propriedades funcionais e bioativos são aqueles com potencial para a prevenção e combate a diversas doenças. Normalmente, possuem compostos fenólicos e capacidade antioxidante, que previnem e retardam a formação de radicais livres no organismo, responsáveis pelo envelhecimento precoce e doenças degenerativas.
O estudo que caracterizou e avaliou os compostos bioativos da atemoia foi conduzido pela agrônoma Maria Rosa de Moraes como parte de sua tese de doutorado defendida em junho de 2016 junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos da FEA. Na pesquisa, Maria Rosa de Moraes investigou a fruta integralmente, avaliando e caracterizando a casca, polpa e a semente de atemoia.
“Nossos resultados demonstraram que tanto a polpa quanto os subprodutos, como a casca e a semente, apresentaram compostos bioativos benéficos à saúde. A atemoia é bastante atrativa dada as características organoléticas como aparência, cor, sabor doce, textura e aroma. Apesar disso, a fruta não é muito conhecida pela população, possuindo um elevado preço comercialmente. Acredito que a atemoia poderia ser mais divulgada, sobretudo por conta dos compostos ricos que ela tem”, explica a pesquisadora.
A Dra. Maria Rosa de Moraes acrescenta que, além de ampliar os conhecimentos científicos sobre a atemoia, o estudo abre perspectiva para que produtores possam incrementar a produção, utilizando, por exemplo, os subprodutos, como a casca e a semente, para reduzir os custos e agregar valor sobre o produto.
“A principal forma de consumo da atemoia é in natura, no entanto, por ser uma fruta climatérica bastante perecível pelo alto teor de umidade, rápido amolecimento da polpa e escurecimento da casca, ela pode ser processada na forma de sucos, geleias, compotas e purês. Por meio do processamento, a fruta pode ser estocada congelada ou mesmo liofilizada. Durante o processamento, uma grande quantidade de resíduos e subprodutos é gerada. Nosso trabalho demonstra o potencial desses subprodutos, que poderiam ser empregados, por exemplo, como matéria-prima para a indústria cosmética e farmacêutica.”
A pesquisa foi orientada pela Profa. Dra. Helena Teixeira Godoy, que atua no Departamento de Ciências de Alimentos da FEA. Parte dos estudos foi desenvolvida em colaboração com o pesquisador norte-americano Robert Smith, da Food and Drud Administration (FDA). Houve financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de nível Superior (Capes).
Atualmente, a estudiosa da Unicamp dá sequência aos trabalhos, com pós-doutorado em andamento, avaliando especificamente um composto (acetogenina), encontrado em frutos da família das anonáceas. “Na literatura científica há muitas divergências sobre este composto. Há estudos relatando propriedades benéficas e outros, características maléficas ao organismo. Vamos investigar isso em parceria com o pesquisador Robert Smith, da FDA.”
Métodos de análise
A autora do estudo relata que foram empregados vários métodos de análise. A quantificação dos compostos fenólicos totais foi realizada pelo método espectrofotométrico de Folin-Ciocalteau, enquanto que a capacidade antioxidante dos extratos da casca, polpa e semente foi avaliada utilizando os métodos ORAC (capacidade de absorção do radical oxigênio) e ABTS. Os ensaios da atividade antimicrobiana foram realizados pelo método da microdiluição, determinando-se a concentração mínima inibitória (MIC).
Para a caracterização e quantificação dos compostos fenólicos foi utilizado um equipamento de cromatografia líquida acoplado a um espectrômetro de massas (LC-MS/MS) com fonte de ionização por electrospray (ESI), no modo negativo e analisador triplo quadrupolo.
A quantificação dos elementos minerais presentes nos extratos da polpa da fruta foi realizada por espectrometria de emissão óptica com plasma – ICP OES. O perfil dos ácidos graxos foi obtido através de cromatografia gasosa acoplada a um detector de ionização de chama (GC-FID) e a confirmação dos mesmos foi realizada por meio de cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas. Foram analisados quatro dos isômeros da vitamina E (tocoferois) através da técnica da cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) com fase normal e um detector de fluorescência.
Acesse a reportagem completa no Jornal da Unicamp.
Fonte: Sílvio Anunciação, Jornal da Unicamp. Imagem: Pinterest.
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