Notícia
Aparelho auxilia na localização de células cancerígenas
Equipamento criado no Grupo de Óptica do IFSC-USP usa sistema de fluorescência
Divulgação, IFSC-USP
As células cancerígenas, que são disseminadas pelo tumor no organismo de um paciente durante o estágio inicial de um câncer, poderão ser localizadas por meio de um novo equipamento. Desenvolvido por pesquisadores do Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de Sâo Paulo (IFSC-USP), o aparelho detecta as células cancerígenas por meio de um corante que emite fluorescência. A inovação irá auxiliar cirurgiões na localização dessas células, otimizando o tratamento dos pacientes.
O processo no qual as células malignas se desprendem do tumor e se distribuem pelo organismo através da corrente sanguínea é conhecido como Metástase e faz com que essas células se instalem primeiramente no linfonodo sentinela, um gânglio (pequena estrutura) presente em várias regiões do corpo humano (principalmente no tronco, nas axilas, nas virilhas e no pescoço) que drena a linfa, uma substância que, nesse caso, é composta tanto pelas células saudáveis como pelas malignas. Após se instalarem nesse linfonodo, as células cancerígenas podem se espalhar por todo o corpo e originar novos tumores.
O linfonodo sentinela é uma parte do sistema linfático. Este sistema é uma rede composta por gânglios e vasos linfáticos que tem como uma de suas funções a defesa do corpo humano contra agressões, como infecções por microorganismos e células defeituosas. Mas como saber se já ocorreu a Metástase? Para esclarecer essa dúvida, é necessário retirar o linfonodo sentinela através de uma biópsia e fazer uma análise patológica, na qual se identifica a presença das células metastáticas. Quando não há o comprometimento do linfonodo sentinela, o sistema linfático pode ser preservado, reduzindo os efeitos colaterais.
O método mais comum utilizado nesse tipo de detecção é o rádio-fármaco, em que se injeta uma substância radioativa no paciente, que é drenada junto com as células malignas, permitindo localizar o linfonodo no qual elas estão instaladas. Porém, apesar de ser muito sensível, a precisão dessa técnica não é tão elevada. Por isso, às vezes, um cirurgião pode encontrar diversos linfonodos e não saber ao certo qual é aquele que está abrigando as células malignas, tendo que dissecar uma grande extensão de tecido, o que aumenta os efeitos colaterais e as complicações pós-operatórias.
Protótipo
“No caso da biópsia em pacientes com câncer de mama, por exemplo, são retirados e analisados os linfonodos axilares. O método pode ocasionar efeitos indesejados, como dores no braço e limitação de movimento, além de parestesia, que pode causar formigamento, queimação, frio e outras sensações”, explica o físico médico Angelo Biasi Govone, pesquisador do IFSC-USP que desenvolveu o protótipo do aparelho durante seu projeto de mestrado, que foi orientado pela Profa. Dra. Cristina Kurachi, do IFSC-USP.
O equipamento criado no Grupo de Óptica é constituído por duas câmeras (uma que capta imagens em preto e branco e outra que permite visualizar imagens coloridas), um conjunto de LED’s infravermelhos e brancos que ajuda a detectar as células e a captar as imagens, um monitor que permite visualizar as cenas captadas no instante em que se realiza a operação, e por uma manopla que pode ser manuseada pelo próprio cirurgião.
“No mercado, há um equipamento semelhante ao nosso, mas que necessita de um outro profissional para manuseá-lo, enquanto o cirurgião opera o paciente. Pelo fato de o nosso aparelho ter uma manopla, o próprio cirurgião pode manuseá-lo durante o procedimento cirúrgico, aumentando a precisão e o acerto durante a localização do linfonodo sentinela”, diz Angelo, que realizou os testes de localização em 16 pacientes com câncer de língua, cabeça e pescoço, e de pele (melanoma), no Hospital de Câncer de Barretos, no interior de São Paulo.
A funcionalização desse aparelho é baseada em um sistema de fluorescência. Ou seja, para localizar o linfonodo sentinela, injeta-se um corante com propriedades fluorescentes ao redor do tumor. Quando é excitado pelos LED’s, o corante emite uma fluorescência que é observada através do equipamento em questão, permitindo localizar o linfonodo sentinela. Após a localização do linfonodo que abriga as células cancerígenas, são realizadas a dissecção e a análise patológica do tumor.
O custo do novo aparelho, segundo Angelo Govone, deverá ser inferior à média de valores dos equipamentos já comercializados atualmente. Ainda de acordo com o pesquisador do IFSC, já existem serviços de saúde interessados em adquirir o novo sistema, cuja patente está em andamento.
Fonte: Agência USP e Assessoria de Comunicação do IFSC. Imagem: Divulgação.
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