Notícia
Alunos da Unesp criam prótese de parte de crânio para criança
Estudo do design da prótese foi realizado com impressão 3D
Reprodução, TV Tem
Uma parceria entre professores, alunos e médicos da Unesp de Bauru e de Botucatu (SP) vai ajudar uma criança a resolver um problema grave. Segundo o cirurgião plástico Dr. Aristides Palhares, um menino de seis anos sofreu um acidente aos dois anos de idade e, desde então, a criança vive com uma falha no crânio.
O Dr. Palhares, que também é professor de medicina da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp) de Botucatu, diz que recorreu ao centro avançado de desenvolvimento de produtos em Bauru para buscar uma solução ao problema. “O que chama a atenção é que ela [criança] tem uma grande falha, grande falta de tecido ósseo no crânio. Essa falha faz com que qualquer trauma que aconteça nesse região atinja praticamente o seu cérebro”, explica o professor.
Com a tomografia tirada do crânio do menino, alunos do curso de design deram início ao processo para desenvolver o implante. O primeiro passo foi transpor as informações para o computador para dar início ao projeto gráfico. A estudante de design Lívia Garcia Ferrari, que participou do processo, diz que é bem delicado trabalhar com esse tipo de “produto”. “Temos que tomar muito cuidado com as bordas para ver se não tem nenhuma parte pontuda. Também tem o trabalho de espessura, para não passar da espessura [do crânio] da criança.”
Depois da criação virtual, o próximo passo foi fazer um protótipo. O projeto do implante foi parar em uma impressora 3D. Com gesso em pó, a máquina fez o pedaço do crânio que falta na cabeça do menino.
O equipamento também produziu parte dos ossos da cabeça, onde a peça será encaixada, parte de um estudo minucioso e delicado. Para Letícia Alcará, outra estudante que participou do processo de criação do protótipo da prótese, o estudo foi muito satisfatório. “Quando a gente encaixou uma parte na outra, a gente viu que funcionou. Projeto concluído, dever cumprido”, ressalta.
Com base em estudos feitos com o protótipo do crânio, desenvolvido pela equipe de design, a equipe médica da universidade em Botucatu autorizou a construção da prótese. A peça foi feita em acrílico, um material que é resistente e que não oferece risco de rejeição. O coordenador do laboratório, o médico Osmar Rodrigues, conta que essa foi a primeira experiência em conjunto entre os departamentos de design e medicina para o desenvolvimento de um implante. Um passo importante para a ciência que se aproxima da comunidade.
“É uma grande satisfação para a gente, porque aqui no laboratório nós atendemos as mais diversas necessidades, incluindo as necessidades da indústria local e regional. Mas todas voltadas para produto, nunca diretamente voltado para medicina. Foi bastante satisfório, principalmente para a equipe que realizou o trabalho”, revela.
Cirurgia
Agora, o Departamento de Neurocirurgia da Unesp de Botucatu se prepara para colocar o implante na cabeça da criança. A identidade do paciente ainda é preservada. A peça desenvolvida em laboratório vai garantir a proteção que o cérebro do menino hoje não tem.
O neurocirurgião Dr. Pedro Hamamoto comenta sobre a evolução nessa área da medicina.
“Para a gente, da neurocirurgia, é muito gratificante. Ter salvo a vida dessa criança no passado, quando teve o traumatismo grave. Sabendo que agora está com limitação da vida social, como não poder fazer uma atividade física, a gente poder reinseri-la a essas práticas é muito gratificante saber que isso vai acontecer”, completa.
Na terça-feira, 11 de agosto, a família da criança vai receber todas as informações sobre como será a cirurgia para o implante de crânio.
Fonte: Agência Unesp de Notícias. Imagem: Reprodução, TV TEM.
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