Notícia

Alergias respiratórias: dúvidas e cuidados

Rinite Alérgica, asma e outras doenças requerem cuidados constantes

Pixabay

Fonte

Sociedade Brasileira de Pediatria e Associação Brasileira de Alergia e Imunologia

Data

quarta-feira, 2 março 2016 20:10

Áreas

Alergia. Imunologia. Pediatria.

A alergia é uma reação exagerada do organismo após exposição a um fator desencadeante presente no meio ambiente. Geralmente, a alergia tem início na infância e pode continuar pela vida adulta. Ela é determinada por fatores genéticos e ambientais. Quando não controlada, a alergia pode causar infecções frequentes, como otites, sinusites, amigdalites e pneumonias. Pode comprometer o sono, o crescimento e o desenvolvimento da criança, e também o rendimento escolar e no trabalho.

A alergia tende a melhorar com a idade, desde que se faça um controle eficiente do ambiente. Para isso, é importante identificar os fatores que podem ter desencadeado a reação, seja por uma observação atenta da criança pelos pais, seja através de testes alérgicos na pele e no sangue, realizados pelo pediatra especialista (alergista pediátrico).

A maioria das reações alérgicas pode ser prevenida, evitando expor a criança aos fatores desencadeantes. Aliás, nenhum tratamento para alergia será totalmente eficaz se não for interrompido o contato com os agentes que desencadeiam a reação.

Especialistas da Sociedade Brasileira de Pediatria esclarecem as dúvidas mais comuns e indicam cuidados que devem ser tomados:

O que causa alergia?

Os fatores que desencadeiam a alergia podem ser divididos em quatro grupos:

  • Alérgenos: são os fatores aos quais a criança é alérgica por determinação genética. Os mais frequentes são ácaros da poeira doméstica, fungos presentes no mofo, pelos de animais domésticos como cães e gatos, penas de pássaros, baratas, gramíneas e pólens.
  • Irritantes: são os fatores aos quais a criança não é alérgica, mas que podem desencadear alergia por irritação da mucosa. Os mais comuns são fumaça de cigarro, tintas, perfumes, produtos químicos de limpeza, derivados de combustíveis e quaisquer outros poluentes com odor forte.
  • Infecções: vírus causadores do resfriado e da gripe são frequentes desencadeadores de alergia, especialmente em crianças pequenas.
  • Físicos: exercício físico, fatores emocionais, mudança brusca de temperatura, ar frio, ar seco e umidade, entre outros.

Como a alergia pode se manifestar?

A alergia pode comprometer os olhos (conjuntivite alérgica), o nariz (rinite alérgica), os pulmões (asma ou bronquite alérgica), a pele (urticária e dermatite atópica) e o sistema cardiocirculatório, este com elevado risco de morte. A maioria das pessoas alérgicas apresenta associação de duas ou mais manifestações como, por exemplo, rinite alérgica e asma.

O que fazer para prevenir a alergia?

O primeiro passo é identificar o que provoca a alergia e saber que nenhum tratamento terá eficácia sem que medidas de controle ambiental sejam prontamente adotadas.

Como controlar o ambiente:

Contra os ácaros:

  • colocar capas antiácaros (de plástico, couro ou vinil) no travesseiro e colchão;
  • limpar as capas com pano úmido a cada duas semanas;
  • trocar roupas de cama pelo menos duas vezes por semana e lavar em água quente uma vez por semana;
  • armazenar livros e brinquedos em caixas fechadas, fora do quarto da criança;
  • retirar carpetes, tapetes e bichos de pelúcia dos cômodos onde a criança mais fica;
  • trocar cortinas por persianas ou usar cortinas de algodão lavável;
  • lavar semanalmente os filtros de ar-condicionado;
  • manter boa ventilação para diminuir a umidade;
  • limpar a casa com pano úmido diariamente. Evitar produtos de limpeza, espanadores e vassouras. Recomenda-se o uso de sabão de coco;
  • soluções antiácaros (ácido fênico 5%, por exemplo) podem ser utilizadas no piso, móveis e estofados.

 

Contra baratas:

  • as refeições devem ser realizadas apenas na área da cozinha;
  • os alimentos devem ser imediatamente armazenados em recipientes fechados após o término das refeições;
  • pratos e talheres devem ser imediatamente lavados após o término das refeições;
  • restos de alimentos devem ser evitados;
  • o lixo deve ser eficientemente fechado e retirado da casa todas as noites;
  • limpar semestralmente caixas de gordura e fechar os ralos de drenagem;
  • caso estas medidas não sejam suficientes, recomenda-se dedetização por profissional habilitado.

 

Contra fungos:

  • manter boa iluminação e ventilação na casa;
  • manter boa drenagem de água na casa e ao redor dela;
  • retirar móveis velhos e plantas velhas da casa;
  • usar desumidificador nos locais úmidos da casa;
  • checar o encanamento, para que não ocorram infiltrações nas paredes;
  • soluções antifungos (água sanitária, por exemplo) podem ser utilizadas nas paredes e em armários para remoção do mofo.

 

Animais domésticos:

  • manter cães e gatos em áreas de fácil limpeza, evitando sua presença em quartos e cômodos com carpetes;
  • manter os pelos dos cães sempre curtos e lavá-los com xampu semanalmente;
  • dar banho em cães e gatos sempre que possível;
  • manter pássaros em locais distantes dos cômodos da casa;
  • é importante ressaltar que o ideal é que os animais domésticos sejam retirados da casa.

 

Medidas gerais:

  • evitar fumar dentro de casa;
  • evitar quaisquer outras substâncias irritantes na casa (tintas, perfumes, produtos de limpeza, etc.).

 

Estes esclarecimentos são completados por uma série de respostas a dúvidas frequentes, disponibilizadas no Portal da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI):

“Meu filho desde que foi para creche começou a ter resfriados repetidos. Já tomou vários medicamentos e antibióticos, que só amenizam. Ele ficou de férias em casa comigo e não sentiu nada. Mas foi só voltar para creche, pegou outra gripe e necessitou novamente do antibiótico. O que eu faço?”

Crianças pequenas são imaturas do ponto de vista imunológico e, por isso, tendem a apresentar mais infecções respiratórias comparadas com crianças maiores e com adultos. O seu relato sugere que seu filho possa ser portador de rinite alérgica. Os sintomas principais da rinite são: espirros, coriza, coceira e congestão nasal, podendo confundir-se com resfria- dos repetidos. Parece uma doença simples, mas a repetição das crises pode acarretar complicações como infecções, levando à necessidade do uso repetido de antibióticos. Vale lembrar que quando a criança apresenta infecções recorrentes, o médico deve investigar também se ela pode ser portadora de algum tipo de imunodeficiência ou se é uma reação normal para sua idade.

“Quais são os sintomas da rinite alérgica?”

Os sintomas clássicos da rinite alérgica são: espirros em salva; coriza abundante e clara; coceira (em nariz, olhos, ouvidos, garganta) e obstrução nasal. A tosse pode acompanhar a rinite nos casos de gotejamento de secreção pós-nasal e sinusite associada, sendo, em geral, seca e com piora noturna acentuada.

“Fico sempre gripada. Agora passei a ter sinusite e infecção repetida da garganta. Será que minha imunidade está baixa?”

É provável que você apresente um quadro de rinite alérgica, ou seja, uma alergia nasal que tem sintomas muito semelhantes às gripes e resfriados: espirros em série, coriza abundante, nariz sempre escorrendo, congestão nasal. Contudo, são doenças bem diferentes. Resfriados e gripes são doenças contagiosas, causadas por vírus. A rinite é uma doença herdada, ou seja, tem origem genética (hereditária) e suas crises repetidas podem complicar o problema e acometer outros locais vizinhos ao nariz: seios da face, olhos, ouvidos, garganta e pulmões. Dessa forma, mesmo que a imunidade esteja normal, podem surgir infecções respiratórias, sinusite, amigdalite, faringite etc. O tratamento adequado da rinite permite o controle adequado do problema.

“Meu filho tem 2 anos e desde muito cedo fica doente, tem rinite e asma. Com esta idade já posso tratá-lo com um especialista?”

O tratamento da asma e da rinite alérgica com especialista pode ser feito em qualquer idade. Quanto mais cedo o diagnóstico for definido e estabelecidas as causas do processo alérgico, melhores os resultados obtidos no controle da doença.

“Meu filho dorme com a boca aberta e ronca como se fosse um adulto. É normal?”
O ronco pode ocorrer na vigência de resfriados ou gripes. Mas, quando torna-se repetido ou crônico, deve ser investigado, pois não é normal. Crianças que roncam apresentam obstrução de vias respiratórias superiores (nariz e garganta). A causa mais comum de roncos na infância é a rinite alérgica e/ou aumento no tamanho de amígdalas e adenoides. Vale ressaltar que o diagnóstico é importante.

“Que tipo de exame é feito para descobrir a causa da rinite?”
O diagnóstico da rinite alérgica não se baseia somente em exames. O médico-alergista analisa o histórico de cada paciente, seus sintomas, dados de sua saúde pregressa, pessoal e familiar, aliados aos achados do exame físico. Os testes realizados na pele ou no sangue definem o diagnóstico.

“Minha filha tem rinite. Qual o melhor tratamento para ela?”
O tratamento da rinite alérgica baseia-se em 4 pontos: 1) pesquisa e controle de fatores que possam causar ou agravar a doença, 2) controle dos ácaros da poeira no ambiente da casa, em especial no dormitório do alérgico, 3) uso de medicamentos, que podem ser utilizados para alívio das crises, bem como para controlar a doença e prevenir novas crises, 4) imunoterapia (ou vacina para alergia), único tratamento capaz de modificar a história natural da doença e controlar a rinite alérgica a longo prazo.

“Quais são os sintomas da sinusite?”

Sinusite é a complicação mais comum da rinite alérgica. Trata-se de um processo inflamatório, de origem alérgica ou não, que acomete os seios da face causando dor de cabeça, sensação de peso ou pressão facial com movimentos de abaixar e levantar a cabeça, secreção nasal, obstrução nasal, tosse, podendo vir acompanhada de febre dependendo da origem.

A rinite alérgica acomete crianças e adultos, provocando desconforto, falta às aulas e ao trabalho, prejudicando o sono e interferindo no lazer e nas brincadeiras. Tratar a rinite melhora a qualidade de vida do paciente.

“O que é tosse alérgica?”

A tosse, em princípio, é um mecanismo de defesa que o organismo lança mão para expulsar agentes nocivos das vias respiratórias, como, por exemplo: muco, agentes infecciosos, substâncias estranhas, secreções, poeira e outros. A expressão “tosse alérgica” é empregada quando o sintoma surge em consequência de uma doença alérgica. Por exemplo, a rinite alérgica pode ocasionar a chamada secreção pós-nasal, ou seja, gotejamento de catarro da parte posterior do nariz em direção à garganta, provocando tosse.

“Como saber se minha tosse é alérgica?”

O diagnóstico da tosse baseia-se na análise clínica feita pelo médico-especialista em cada paciente, seja uma criança, um adulto ou um idoso. Os dados do histórico clínico; a forma com que a tosse se manifesta; se a tosse é seca ou se tem expectoração; horário predominante; associação a outras doenças; uso concomitante de medicamentos etc. aliados às alterações detectadas no exame físico. Com base nesta avaliação, o médico solicitará os exames complementares (testes alérgicos, exame de sangue, radiografias etc.) para a confirmação do diagnóstico.

Tossir não é doença, mas é um sinal de alerta. 

Se a tosse perdura, procure atendimento médico. A melhor maneira de tratar a tosse é detectar e controlar a causa.

“Qual a diferença entre asma e bronquite alérgica?”

 Asma, bronquite alérgica e bronquite asmática são nomes diferentes utilizados para denominar a mesma doença: a asma. A asma pode manifestar-se de formas diferentes, variando desde sintomas leves e quase imperceptíveis, até crises graves e ameaçadoras. No passado, o termo bronquite foi muito utilizado para designar formas leves de asma, por médicos não especialistas.

“O médico falou que tenho asma. O que pode causar minhas crises?”
A asma é uma doença multifatorial e as causas são variáveis em cada pessoa. Um dos motivos para isso é que os fatores desencadeantes de crises são diversos. As causas mais comuns são:

  1. alergia: o alérgeno mais importante é o ácaro da poeira de casa. Citam-se ainda: fungos (mofos), pelos de animais, baratas, pólens, entre outros;
  2. fatores irritantes: odores fortes, mudanças de tempo, fumaças, poluição etc;
  3. infecções causadas por vírus ou por bactérias,
  4. alguns tipos de medicamentos;
  5. fatores emocionais;
  6. exercícios físicos;
  7. refluxo gas-troesofágico;
  8. fatores relacionados com o trabalho.

Na verdade, estes são apenas os principais desencadeantes de crises de asma e podem ocorrer juntos em uma mesma pessoa. Conhecê-los e buscar controlá-los é importante para prevenção das crises, ao lado do tratamento com medicamentos e imunoterapia (vacina para alergia), quando indicado.

“Meu filho tem asma e teve uma crise. Foi medicado com Prednisolona e melhorou logo. Posso repetir toda vez que ele tossir ou tiver outra crise?”
Não se recomenda. Prednisolona é um corticoide usado para tratar as crises de asma, mas sempre com supervisão médica. Como qualquer medicamento, pode ocasionar efeitos colaterais com o uso prolongado e/ou indevido. É um medicamento eficaz, mas tem de ser utilizado de forma correta. Converse com o médico de seu filho para que trace um plano terapêutico, ou seja, um passo a passo sobre o que fazer nas crises.

“Tenho 60 anos e sou portador de asma grave. Faço uso dos remédios, mas melhorei muito pouco. O que devo fazer?”

Se o medicamento prescrito está sendo usado corretamente e não houve melhora, é preciso investigar se existem fatores que possam contribuir para o agravamento da doença e impedir sua melhora. Como toda doença crônica, a asma requer exame clínico regular, monitoramento do uso correto do medicamento e avaliação a cada consulta do nível de controle da doença.

“Minha filha tem bronquite e usa uma “bombinha” todos os dias. Esse remédio faz mal para o coração?”

“Bombinha” é o nome popular para aerossóis utilizados no tratamento da asma. Este tipo de medicamento é seguro, tem atuação rápida e eficaz, podendo ser usada em qualquer idade. Existem “bombinhas de alívio”, contendo broncodilatadores que servem especificamente para alívio das crises. Mas, também existem as “bombinhas preventivas”, para uso diário e prolongado, que atuam na inflamação dos brônquios e, as- sim, evitam que novas crises ocorram. Estes remédios não fazem mal ao coração.

“Estou tratando minha asma e uso uma “bombinha” de corticoide todos os dias. Mas, às vezes, tenho a impressão, que não inalei direito. Como posso saber?”

 Alguns fatores podem interferir no tratamento da asma. Em primeiro lugar, é importante verificar se a técnica da inalação do seu medicamento preventivo está correta. Como sugestão, leve no dia da consulta e mostre para seu alergista como está utilizando o medicamento. A técnica incorreta pode interferir com a eficácia do tratamento, pois o medicamento precisa atingir os brônquios a fim de controlar a inflamação que acompanha a doença.

“O médico falou que meu filho tem adenoide. O que isso quer dizer?”

Adenoides são tecidos linfoides com função de defesa. Situam-se na região de trás das narinas, onde passa o ar proveniente do nariz, e popularmente são chamadas de “carne no nariz”, embora esta denominação seja inadequada. Adenoides são normais na infância e diminuem a partir da adolescência. O aumento destas estruturas pode acarretar problemas, como obstrução nasal, roncos, amigdalites, otites, entre outros.

 

Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI). Imagem: Pixabay.

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