Notícia
Acupuntura reduz dor de pacientes com doença falciforme
96,2% dos(as) pacientes analisados(as) apresentaram melhora expressiva da dor logo após 15 minutos da intervenção
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Fonte
Unifesp | Universidade Federal de São Paulo
Data
domingo, 30 outubro 2022 16:50
Áreas
Acupuntura. Dor. Medicina.
Uma pesquisa inédita da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) concluiu que a acupuntura, considerada uma das técnicas da Medicina Tradicional Chinesa, é uma terapia complementar eficaz à medicação na redução da intensidade da dor em pacientes com doença falciforme. O estudo também mostrou que a aplicação da técnica foi capaz de diminuir o consumo de analgésicos entre os(as) pacientes avaliados(as).
Essas conclusões estão na tese de doutorado de Stela Cezarino de Morais, orientada pela professora Dra. Maria Stella Figueiredo e coorientada pelo professor Dr. Ysao Yamamura (in memoriam). O trabalho foi apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Medicina (Hematologia e Oncologia) da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) – Campus São Paulo.
O estudo foi realizado com 42 pacientes acompanhados(as) pelo Ambulatório de Anemia Hereditária da EPM/Unifesp que referiram dor durante a consulta de rotina. Eles(as) foram randomizados em dois grupos: 16 no grupo de medicação (GM), medicados(as) com analgésicos de acordo com intensidade de dor imediatamente e posteriormente em domicílio, e 26 no grupo de acupuntura (GA), submetidos(as) a uma sessão de 15 minutos de acupuntura imediatamente, seguida de medicação em domicílio.
Ambos os grupos receberam receita e amostras de analgésicos para levar para casa, além de um diário para registrar episódios de dor durante 14 dias. Nele, deveriam informar o nome e a quantidade de doses das medicações analgésicas utilizadas em cada dia, bem como a intensidade da dor referida de acordo com a escala numérica da dor. Uma comparação quantitativa da melhora da dor foi realizada em 15 minutos após a intervenção e, diariamente, ao longo dos 14 dias seguintes.
Comparado com o GM, o GA apresentou melhora expressiva da dor após 15 minutos da intervenção: 96,2% dos(as) pacientes tiveram redução da dor maior ou igual a dois pontos na escala da dor, descrita como desejável na literatura médica, contra 58,3%. Já ao final do primeiro dia em que foi feita a aplicação, a tendência de ter mais pacientes com redução da dor maior ou igual a dois pontos foi de 50% para o GA contra 20% para o GM. Também houve menor consumo de analgésicos pelo GA no período de até 14 dias.
“Além disso, dentro do grupo de acupuntura, quando analisamos o desfecho ‘ficar totalmente sem dor’, 14,3% dos(as) pacientes apresentaram essa condição previamente somente com medicações, enquanto que 95,2% deles(as) ficaram totalmente sem dor após a sessão de acupuntura”, descreveu Stela Morais.
A doença falciforme e a dor
A doença falciforme é uma alteração genética que causa a deformação das hemácias (glóbulos vermelhos do sangue), os quais assumem a forma de ‘foice’ (falcização). A morfologia achatada e tentacular permite, com maior facilidade, a adesão ao endotélio – tecido que reveste a parede interna dos vasos sanguíneos – e entre as próprias hemácias, facilitando a obstrução do fluxo sanguíneo principalmente nos vasos capilares.
De acordo com a pesquisadora, as manifestações clínicas, as quais ocorrem ao longo da vida dos(as) pacientes, são decorrentes da isquemia tecidual pela vaso-oclusão, quando há obstrução do fluxo sanguíneo gerando sofrimento para os tecidos correspondentes, da lesão endotelial ou da hemólise crônica, caracterizada pela destruição precoce de hemácias.
“A dor é a característica mais comum do(a) paciente falciforme, sendo a sua frequência o principal fator na queda da qualidade de vida desses indivíduos. Nesse trabalho, valorizamos o sistema desenvolvido pelo professor Ysao Yamamura, que provoca alívio imediato da dor – o que dificilmente se obtém com medicações”, relatou a pesquisadora.
Dados do Programa Nacional da Triagem Neonatal do Ministério da Saúde estimam que três mil crianças nasçam com doença falciforme todo ano no Brasil. No Estado de São Paulo, a incidência da doença entre os(as) nascidos(as) vivos(as) é de uma criança para quatro mil.
Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal de São Paulo.
Fonte: Daniel Patini, Unifesp. Imagem: Freepik.
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