Notícia
Acne na adolescência
Departamento Científico de Dermatologia da SBP orienta e esclarece mitos e verdades sobre a doença inflamatória
Shutterstock
A acne vulgar é uma doença inflamatória crônica do poro, que acomete cerca de 80% dos adolescentes entre os 11 e 20 anos. Ela se torna importante porque provoca prejuízo psicossocial aos jovens e tem um potencial de deixar cicatrizes em uma fase da vida onde se preza muito a aparência e a aceitação pelo grupo.
O mecanismo pelo qual a acne ocorre envolve três pontos principais:
- aumento da secreção sebácea;
- obstrução dos poros;
- proliferação bacteriana.
Para compreender porque é tão chato tratar a acne, é importante saber por que ela acontece. Durante a adolescência existe uma série de alterações hormonais que vão modificar o corpo (o aumento da quantidade de pelos, o engrossamento da voz, o aumento da genitália nos meninos e a menarca, o aumento das mamas e quadris nas meninas).
Todas estas alterações são moduladas por hormônios femininos ou masculinos e são os masculinos, também chamados androgênios, que vão desencadear a acne. Como? Esses hormônios agem sobre as glândulas sebáceas, aumentando seu tamanho e secreção. Os locais mais ricos nestas glândulas são exatamente a face, o couro cabeludo, as costas e o tórax, áreas mais comumente afetadas pela acne. Outro efeito dos androgênios é um espessamento da pele ao nível da abertura do poro, o que causa a sua oclusão, com ainda maior retenção de sebo dentro do folículo. Apenas estes dois fatores podem já ser responsáveis pela formação do “microcomedão”, que dará origem ao comedo (ou cravo), que pode ser aberto (cravo preto) ou fechado (cravo branco). Posteriormente, pela ação irritante do próprio sebo e pela proliferação de bactérias, ocorre a inflamação, o que resulta na famosa “espinha”.
A acne pode ser classificada em não inflamatória – quando predominam os cravos, e inflamatória – quando começam as lesões mais avermelhadas e com formação de pus.
É importante lembrar que existem situações que podem piorar a acne, como a utilização de medicamentos (anticonvulsivantes, corticosteroides, lítio, algumas pílulas anticoncepcionais, vitamina B12), anabolizantes, cosméticos ou, ainda, a acne pode ser indicativa de alguma alteração hormonal (síndrome dos ovários policísticos, hiperplasia de suprarrenal). Por isso o tratamento deve ser acompanhado por um médico, que terá as condições de escolher adequadamente a medicação para cada caso, e investigar se julgar necessário.
Mitos e verdades sobre acne
1) Maquiagem pode causar acne?
Sim. Dependendo do cosmético, pode ser comedogênico, obstruir os poros e piorar a acne (o mesmo vale para cremes para cabelo, hidratantes e filtros oleosos). Tanto que existem linhas apropriadas para peles oleosas e um tipo de acne chamado “acne cosmética”.
2) O fato dos meus pais ou irmãos terem tido acne grave indica que eu tenho maior probabilidade de ter acne?
Sim. Sabe-se que a acne tem grande influência genética. Desta maneira, se os pais ou irmãos tiveram acne grave, indica-se o acompanhamento e tratamento logo no início dos sintomas a fim de se promover um melhor controle e evitar cicatrizes inestéticas.
3) Limpeza de pele ajuda?
Sim. Mas deve ser feita por profissionais, com limpeza adequada, sem manipulação excessiva e deve ser sempre um tratamento coadjuvante, ou seja, feito de maneira conjunta com o tratamento medicamentoso.
4) A exposição ao sol piora a acne?
Depende. Num primeiro momento o sol pode atuar de maneira a “secar” mais rapidamente as lesões. Mas a sudorese excessiva e a utilização de filtros oleosos ou oclusivos podem piorar.
5) A alimentação influencia no aparecimento da acne?
Depende. A acne é muito mais influenciada pelas alterações hormonais do que pela alimentação. Existem estudos que mostram que determinadas dietas podem piorar a acne, mas dietas restritivas também não parecem ser benéficas. Conclusão: cada caso deve ser analisado isoladamente e uma alimentação saudável e balanceada é encorajada. Ou seja, comer um chocolate de vez em quando está liberado, sem exageros.
6) O estresse piora a acne?
Sim. Quando estamos estressados, produzimos maior quantidade de cortisol e este hormônio pode agravar a acne.
7) A acne piora no período pré-mestrual?
Sim. Ocorre maior oscilação hormonal neste período (e às vezes também no meio do ciclo), e é comum as adolescentes reclamarem que, além da TPM (tensão pré-menstrual) aparecem mais espinhas. É importante salientar que acne de difícil controle, TPM e aumento de pelos podem ser indicativos de problemas hormonais (síndrome do ovário policístico) e pode necessitar investigação.
Quanto ao tratamento, ao médico cabe a compreensão, o carinho e a empatia para com o seu paciente, e ao paciente se solicita sua cooperação, paciência e confiança no tratamento da acne, pois uma vez que a causa é a ação dos hormônios e essa ação faz parte do processo normal de amadurecimento, muitas vezes não há como fazê-la “desaparecer” da noite para o dia, apenas controlá-la e minimizar as cicatrizes que restarão até que este processo se complete.
Fonte: Departamento Científico de Dermatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Imagem: Shutterstock.
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