Notícia

Ácidos graxos Ômega-3 e Ômega-6 e o envelhecimento cerebral saudável

Julie McMahon (adaptação)

Fonte

Universidade de Illinois em Urbana-Champaign

Data

domingo, 21 maio 2017 13:10

Áreas

Bioquímica. Envelhecimento. Psicologia. Psiquiatria. Neurologia.

Dois novos estudos ligam os padrões de ácidos graxos poli-insaturados no sangue à integridade das estruturas cerebrais e das habilidades cognitivas que declinam com o envelhecimento.

Os estudos fortalecem a hipótese que a ingestão dietética de ácidos graxos ômega-3 e ômega-6 pode promover o envelhecimento (cerebral) saudável, mas outras pesquisas ainda são necessárias, disseram os pesquisadores.

O cérebro é um conjunto de partes interligadas, cada uma das quais envelhece no seu próprio ritmo. Algumas estruturas cerebrais e as habilidades que elas promovem começam a se deteriorar antes de outras, disse a estudante Marta Zamroziewicz, da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, nos Estados Unidos, que liderou a nova pesquisa com o professor de psicologia Dr. Aron Barbey.

“Estudamos uma rede primária do cérebro – a rede frontoparietal – que desempenha um papel importante na “inteligência fluida” e também diminui cedo, mesmo com um envelhecimento saudável”, disse Marta Zamroziewicz. A “inteligência fluida” descreve a capacidade de resolver problemas que nunca se encontraram antes.

“Em outro estudo, examinamos a substância branca cerebral do fornix, um grupo de fibras nervosas no centro do cérebro que é importante para a memória,” disse.

Pesquisa anterior mostrou que o fornix é uma das primeiras regiões do cérebro a ser comprometida na doença de Alzheimer.

Em ambos os estudos, os pesquisadores buscaram padrões de ácidos graxos poli-insaturados no sangue de adultos entre 65 e 75 anos. Eles analisaram a relação entre esses padrões de nutrientes, a estrutura cerebral e o desempenho dos pacientes em testes cognitivos. Esta pesquisa difere de outros estudos, que tendem a se concentrar em apenas um ou dois ácidos graxos poli-insaturados, afirmou Marta.

“A maioria da pesquisa que olha estas gorduras na saúde e o envelhecimento saudável concentra-se sobre os ácidos graxos ômega-3 DHA e EPA, em especial aqueles que vêm dos peixes e do óleo de peixes, e a maioria das pessoas no hemisfério ocidental não tem consumo alto dessas substâncias o suficiente para realmente ver os benefícios “, disse ela. Outros ácidos graxos, como o ácido alfa-linolênico e o ácido estearidônico, são precursores do EPA e DHA no corpo. Essas gorduras podem ser derivadas de alimentos como nozes, sementes e óleos.

“Um objetivo central da pesquisa em neurociência cognitiva nutricional é entender como esses nutrientes afetam a saúde do cérebro“, disse Marta Zamroziewicz. “Alguns destes nutrientes podem ser mais benéficos do que outros.”

Em um estudo publicado na revista científica Nutritional Neuroscience, os pesquisadores buscaram relacionamentos entre vários ácidos graxos Ômega-3 no sangue, tamanho relativo das estruturas nos córtices frontal e parietal do cérebro e desempenho em testes de inteligência fluida em pacientes saudáveis idosos.

A equipe encontrou correlações entre os níveis sanguíneos de três ácidos graxos ômega-3 – ALA, ácido estearidônico e ácido ecosatrienóico – e inteligência fluida nesses adultos. Outras análises revelaram que o tamanho do córtex frontoparietal esquerdo desempenhou um papel mediador nessa relação. Pessoas com níveis sanguíneos mais elevados destes três nutrientes tendiam a ter córtices frontoparietais esquerdos maiores, e o tamanho do córtex frontoparietal predizia o desempenho dos sujeitos em testes de inteligência fluida.

“Muitas pesquisas indicam que as pessoas precisam comer mais peixe e óleo de peixe para obter efeitos neuroprotetores destas gorduras em particular, mas esta nova descoberta sugere que mesmo as gorduras que obtemos de nozes, sementes e óleos também podem fazer a diferença no cérebro “, disse Marta.

No segundo estudo, a equipe descobriu que o tamanho do fórnix estava associado a um equilíbrio de ácidos graxos ômega-3 e ômega-6 no sangue, e que um fornix mais robusto coincidiu com a preservação da memória em adultos mais velhos. Novamente, os pesquisadores perceberam que a estrutura cerebral desempenhava um papel mediador entre a abundância e o equilíbrio de nutrientes no sangue e na cognição (neste caso, a memória). Os achados são relatados na revista científica Aging & Disease.

“Essas descobertas têm implicações importantes para a dieta ocidental, que tende a ser desequilibrada com altas quantidades de ácidos graxos ômega-6 e baixas quantidades de ácidos graxos ômega-3“, confirmou Marta Zamroziewicz.

“Estes dois estudos destacam a importância de investigar os efeitos de grupos de nutrientes juntos, em vez de se concentrar em um de cada vez“, realça o professor Aron Barbey. “Eles sugerem que diferentes padrões de gorduras poli-insaturadas promovem aspectos específicos da cognição, fortalecendo os circuitos neurais subjacentes que são vulneráveis ​​à doença e ao declínio relacionado à idade”.

Acesse o resumo do artigo “Determinantes da inteligência fluida no envelhecimento saudável: status de ácidos graxos poli-insaturados Ômega-3 e a estrutura do córtex frontoparietal” (em inglês).

Acesse o resumo do artigo “Preditores de Memória no Envelhecimento Saudável: Equilíbrio de Ácidos Gordos Poli-insaturados e a Integridade do Fornix” (em inglês).

Fonte: Diana Yates, Universidade de Illinois em Urbana-Champaign. Imagem: Julie McMahon (adaptada)

Em suas publicações, o Portal Tech4Health da Rede T4H tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Portal Tech4Health tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.