Notícia
A importância da higienização nasal na prevenção de doenças respiratórias
Uso de soluções salinas para umidificação pode reduzir obstrução nasal, mas cuidado com o uso de descongestionantes medicamentosos
Divulgação
Fonte
Sociedade de Pediatria de São Paulo e revista “International Journal of Environmental Research and Public Health”
Data
sábado, 8 julho 2017 14:30
Áreas
Otorrinolaringologia. Pediatria. Saúde Pública.
A Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), através do Departamento de Otorrinolaringologia, divulgou no último mês de junho recomendações sobre a higienização nasal na prevenção das doenças respiratórias.
A lavagem nasal é um procedimento que enxágua a cavidade nasal com solução aquosa, isotônica ou hipertônica. Outros sinônimos também são usados, como ducha nasal ou irrigação nasal. As soluções salinas intranasais isotônicas (solução salina 0,9%) têm sido usadas para o tratamento clínico das doenças do nariz e seios paranasais há séculos. Seus benefícios são bem conhecidos, e seus efeitos têm sido estudados há anos. Os benefícios potenciais incluem a limpeza de muco nasal, secreções purulentas, restos celulares e crostas. A lavagem nasal limpa as vias aéreas superiores e é o tratamento mais conservador: não tem efeitos adversos e é o mais simples de todos, sendo de custo muito baixo. Além de remover as secreções, aumenta a aeração da mucosa nasal, levando à diminuição da inflamação local, se for o caso. A lavagem nasal melhora a qualidade de vida, pois reduz o acúmulo de secreções que resultam nos sintomas de rinorreia e aumenta o fluxo aéreo que estava reduzido devido a estas secreções.
Umidificação
Além da respiração e do olfato, o nariz tem também as funções de umidificação, aquecimento e filtração do ar inspirado. Nas regiões de clima seco, ou nos ambientes artificialmente climatizados, ou ainda, nos ambientes poluídos ou enfumaçados, a umidade relativa do ar é menor que o recomendado para um bom funcionamento das funções nasais, especialmente a função de umidificação do ar. Nestas condições, o nariz sofre um estresse ambiental, tendo que umidificar o ar numa taxa maior do que a fisiológica, o que causa um ressecamento da mucosa nasal. A exposição a estas condições por muitas horas por dia resulta em agressão da mucosa nasal, gerando ressecamento e, portanto, alterações do sistema muco-ciliar. Alterações na quantidade e qualidade do muco geram sintomas de rinite, como espirros, prurido e obstrução nasal e principalmente infecções rinossinusais de repetição. Neste caso, faz-se necessária a umidificação do nariz por meio do uso de soluções salinas. A irrigação com solução salina reduz os mediadores inflamatórios como a histamina, prostaglandina D2 e leucotrieno C4 e também os alérgenos das secreções nasais. A lavagem nasal com técnica adequada é efetiva no tratamento das condições inflamatórias do trato respiratório superior. As soluções salinas são as maiores armas terapêuticas para pacientes com infecções das vias aéreas superiores. Irrigação nasal com solução fisiológica salina é recomendada para essas doenças.
Estudo recente, publicado por pesquisadores italianos na edição de maio de 2017 da revista científica “International Journal of Environmental Research and Public Health”, ressalta a importância da irrigação nasal, porém destaca que ainda existem problemas metodológicos sobre o procedimento médico da irrigação nasal, o que pode tornar a prática não completamente padronizada em relação às diferentes soluções que podem ser utilizadas.
Recomendações de uso
A umidificação da mucosa com soluções isotônicas em forma líquida está indicada fora das crises, apenas numa fase de manutenção e prevenção do tratamento das suas doenças. Indicada para pacientes com rinite alérgica, rinite não-alérgica, quadros de rinossinusites virais e bacterianas, tanto agudas, de repetição ou crônicas, incluindo a polipose nasal, e até em condições inespecíficas como a presença de secreção retro-nasal, a umidificação da mucosa pode ser utilizada, ainda, como coadjuvante a outros medicamentos. As soluções hipertônicas são principalmente recomendadas no pós- operatório de cirurgias do nariz e seios paranasais. As soluções salinas devem ser utilizadas em todas as faixas etárias, ou seja, desde os recém-nascidos, crianças, adultos até idosos. As últimas diretrizes, tanto em rinites como rinossinusites, recomendam a lavagem nasal com solução fisiológica. Os estudos mostram que em pacientes com rinites, sinusites agudas e crônicas e infecções virais, aqueles que usam soluções salinas para lavagem nasal têm uma diminuição dos sintomas e melhora da qualidade de vida em relação aos que não fazem lavagem nasal, melhorando a permeabilidade nasal, e reduzindo indiretamente o sintoma que mais incomoda o paciente: a obstrução nasal.
O uso das soluções salinas é efetivo no tratamento das rinossinusites agudas em crianças e apresentam resultados melhores quando associadas a outras medicações sintomáticas para infecções virais, podendo prevenir as infecções recorrentes. Além disso, o uso das soluções salinas auxilia na redução do número de episódios de infecção nasossinusal, em adultos e crianças, melhorando o edema mucoso e diminuindo a obstrução, sem causar efeitos colaterais. Em pacientes com distúrbios da função nasal, como problemas na formação do muco nasal ou nas alterações do batimento ciliar, como na fibrose cística, a lavagem nasal mostrou-se eficaz tanto na prevenção de infecções como na melhora das rinossinusites, tanto como monoterapia como associada a outros tratamentos.
Não confundir soluções salinas com soluções medicamentosas
Nos casos de obstrução nasal, além das soluções salinas citadas no documento da SPSP, atualmente também está bastante difundido o uso de soluções medicamentosas, que podem incluir corticoides e substâncias vasoconstritoras. Esta cada vez mais comum o uso indiscriminado e contínuo de descongestionantes nasais medicamentosos para a desobstrução nasal, o que pode oferecer alívio rápido, mas também pode ser perigoso e causar importantes alterações cardiovasculares, como arritmias e o aumento da pressão arterial. Em crianças, os efeitos podem ser ainda mais graves. O uso de descongestionantes nasais medicamentosos deve sempre ter a orientação de um médico especialista: se usados adequadamente e com acompanhamento profissional, os descongestionantes oferecem pouco risco.
Acesse o documento publicado pela SPSP.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Fonte: Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) e revista “International Journal of Environmental Research and Public Health”. Imagem: Divulgação.
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