
Cindia Tomasi Panciera, arquivo pessoal.
Fonte
ADAP
Data
22 março 2017
Uma das dúvidas mais comuns de candidatos ao Implante Coclear e implantados se refere aos cuidados com o aparelho durante as várias ocasiões do dia a dia, entre elas a prática de esportes. É percebível o peso dessas questões no relato da futura implantada Danielle Matteo: “Serei implantada em menos de um mês, mas já fico preocupada como devo proceder nas atividades físicas”, conta.
O Implante Coclear tem duas partes, a interna e a externa. Algumas orientações devem ser seguidas, durante os esportes, para se evitar danos a esses componentes do IC. Em relação à parte interna, a principal precaução que se deve ter é relativa à quedas, pressões na cabeça ou traumatismo craniano, pois se o equipamento interno se quebrar ou sair do lugar, será necessário uma nova cirurgia para a troca do aparelho.Dr. Rogério Hamerschmidt, otorrinolaringologista chefe do Serviço de Implante Coclear do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, orienta os usuários de IC sobre a prática do mergulho ou de esportes de lutas: “Mergulho raso, para lazer, não há problemas. Mas se for mergulho mais fundo, tem sempre risco e é interessante evitar essa prática. Já as lutas são contra-indicadas, pois sempre há riscos, mas tem gente que faz mesmo assim”, explica.
É sempre recomendável o uso de capacetes confortáveis (de preferência leves, para não pressionar a parte externa do IC) em esportes que exijam movimentos bruscos e acelerados, como o motociclismo, ou que sejam praticados em grandes alturas, como o alpinismo. Cindia Tomasi Panciera, implantada adepta do ciclismo (foto), conta sobre o capacete que utiliza nessa atividade: “Ele se encaixa muito bem no IC, não atrapalha em nada, é até bom porque deixa bater menos vento no aparelho. Mas não são todos que se encaixam, tem de escolher um modelo que as alças não encostem no IC”, afirma.
Para o componente externo do Implante Coclear, a principal restrição é o contato com a água ou com o suor humano, que danificam o processador de som. Praticantes de esportes aquáticos (incluindo aqueles de praia, por causa da umidade e salinidade do ar) ou de atividades intensas que envolvam muita transpiração, como a musculação, devem retirar o aparelho externo durante a prática do exercício, ou então proteger o IC com uma capinha à prova d’água. Várias marcas de Implante Coclear possuem modelos de capinhas para os seus processadores (vejaaqui). A implantada Renata Orsi conta sobre o uso desse recurso nas suas atividades aquáticas: “Pratico natação, mas como nado sem treinador, prefiro ficar sem o IC. Já se vou nadar por recreação, ou a praia, vou de IC com case protetor, já que é um ambiente social”, diz ela.
Também é válido colocar o aparelho no desumidificador depois da prática do esporte, quando se tratar de uma atividade que provoque um suor não tão excessivo. A associada da ADAP Élen Muzy relata a sua rotina esportiva e a questão da transpiração: “Faço trilha, academia, ginástica, e quando dá, corro na rua. Nunca tirei o IC para fazer as atividades. Às vezes pego [o aparelho] e seco atrás da orelha quando começo a suar muito. Fazer qualquer tipo de exercício para mim sem o IC não tem graça, fico super desanimada, ele é meu companheiro por toda a vida”, diz Élen.
Outro cuidado se refere à possível queda do componente externo do IC durante uma intensa movimentação física, como em uma corrida com obstáculos, por exemplo. Nesses casos, se recomenda ou retirar o aparelho ou prendê-lo à cabeça com uma faixa de cabelo ou boné. Exatamente como faz a implantada Isis Bortoluzzi. “Eu jogo vôlei com o aparelho, mas utilizo uma faixa para proteger ou uma argolinha que prende o IC na orelha”, relata. Já em esportes de intenso contato físico com o adversário, a melhor recomendação é de fato retirar o componente externo do Implante Coclear durante a atividade.
* Créditos da foto: arquivo pessoal da entrevistada Cindia Tomasi Panciera.
Por Ana Raquel Périco Mangili.