Notícia
A inovação da engenharia na odontologia: um caso de sucesso em Portugal
Pesquisadores da Universidade do Porto desenvolvem tecnologias para a manutenção da saúde bucal
Pixabay
Fonte
Universidade do Porto
Data
quinta-feira, 18 janeiro 2018 11:30
Áreas
Odontologia. Biomecânica. Engenharia Biomédica.
Na Universidade do Porto, em Portugal, em sido crescente a cooperação entre a Faculdade de Engenharia (FEUP) e a Faculdade de Medicina Dentária (FMDUP) (em Portugal, a Odontologia é uma especialização da Medicina, a chamada Medicina Dentária).
Os conceitos de “pontes” e “pilares”, comumente usados em engenharia, também são usados na odontologia, que usa diferentes tipos de “estruturas”. “Uma coroa dentária é habitualmente construída em cerâmica recorrendo a um centro de usinagem CNC, idêntico ao usado na criação de peças mecânicas. Em alguns casos, a mesma empresa comercializa equipamento para ambas as aplicações: os lasers e algumas ferramentas (como brocas e alicates) são igualmente usados na engenharia e na medicina dentária, para tarefas de corte, furação e manipulação”.
Mas as semelhanças não param por aí, como garante o Prof. Dr. Joaquim Gabriel Mendes, do Departamento de Engenharia Mecânica da FEUP. O pesquisador colabora desde 2008 com Miguel Pais Clemente, médico dentista estudante de doutoramento, o que lhe permitiu trabalhar de perto com Manuel Amarante (FMUP) e com Afonso Pinhão Ferreira (FMDUP) em diversos projetos relacionados com a área da saúde. O primeiro projeto conjunto com Medicina Dentária surgiu em 2010 e foi um bom desafio para a equipe do Dr. Joaquim Gabriel: avaliar a postura e a posição da cabeça dos pianistas durante a execução de um trecho musical. A partir daí nunca mais pararam de trabalhar em conjunto.
“A investigação exige tempo e maturidade, o que só se consegue depois de alguma experiência de trabalho conjunto com os parceiros certos. Felizmente que a proximidade e as relações pessoais criadas com a FMUP, a FMDUP, a Universidade Fernando Pessoa, a CESPU, o IPO e a Ordem Médicos Dentistas contribuem decisivamente para abrir um leque de oportunidades de colaboração sem limites para a investigação. Em nenhum lado do mundo temos estas excelentes condições de proximidade geográfica e de abertura pessoal”, garante o pesquisador da Faculdade de Engenharia.
E se numa primeira fase foram os materiais que dominaram esta relação, a verdade é que agora as atenções se voltam para os dispositivos médicos. Está já em curso o primeiro projeto de desenvolvimento de um dispositivo intraoral – SIMPLIFIED – apoiado por fundos do Portugal 2020. O grande objetivo é conseguir criar um protótipo nos próximos 3-5 anos..
O trabalho desenvolvido até agora permite antever um futuro bastante promissor para o avanço tecnológico da medicina dentária: “Os médicos dentistas são uma classe atenta à inovação tecnológica e a profissão está evoluindo nesse sentido, assistindo-se já à criação de materiais inovadores e ao aperfeiçoamento de técnicas terapêuticas. Antevejo um futuro promissor para esta parceria entre engenheiros, médicos dentistas e outros profissionais e estamos disponíveis para cooperar institucionalmente com a FEUP e com todos os projetos que tragam novos inputs para a medicina dentária e para a melhoria dos cuidados prestados às populações”, afirma o Dr. Orlando Monteiro da Silva, da Ordem dos Médicos Dentistas de Portugal.
Para o Dr. Joaquim Gabriel Mendes, há ainda um longo caminho pela frente no que diz respeito à inovação nesta área, um pouco a reboque do que está acontecendo neste momento no ramo da engenharia: o desenvolvimento exponencial da impressão 3D e da realidade virtual. “A capacidade de produzir peças em diferentes materiais, incluindo metálicos com formas muito complexas, de forma rápida e precisa, passa a ser possível através do uso de equipamentos com capacidade de sintetização de pós metálicos. Mesmo as impressoras de baixo custo podem ser usadas na criação de modelos anatómicos para ajudarem o médico a visualizar melhor a situação, planear o tratamento e, na sua interação com o doente”. No campo da realidade mista, todas as tecnologias virtuais combinadas com dispositivos reais “constituem uma poderosa ferramenta de treino das várias técnicas e da destreza manual no controle fino do movimento, permitindo simular diferentes patologias, completando o trabalho tradicional em bancada e com pacientes reais”.
Acesse a matéria completa da Universidade do Porto.
Fonte: Raquel Pires, Universidade do Porto. Imagem: Pixabay.
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