Notícia
Gota e pseudo-gota: conheça mais sobre doenças que afetam as articulações
Gota pode atingir pessoas que possuem altas taxas de ácido úrico no sangue. Já a pseudo-gota pode estar associada a desordens metabólicas
Shutterstock
Fonte
Sociedade Brasileira de Reumatologia
Data
domingo, 19 fevereiro 2017 11:40
Áreas
Ortopedia. Reumatologia. Biomecânica. Bioquímica.
A gota é uma doença inflamatória que acomete principalmente as articulações e ocorre quando a taxa de ácido úrico no sangue está em níveis acima do normal (hiperuricemia).
O aumento nas taxas de ácido úrico no sangue pode ocorrer tanto pela produção excessiva quando pela eliminação deficiente da substância. É importante saber que nem todas as pessoas que estiverem com a taxa de ácido úrico elevada (hiperucemia) desenvolverão a gota. A maioria dos portadores de gota é composta por homens adultos com maior incidência entre 40 e 50 anos e, principalmente em indivíduos com sobrepeso ou obesos, com vida sedentária e usuários de bebidas alcoólicas com frequência. As mulheres raramente desenvolvem gota antes da menopausa e geralmente tem mais de 60 anos de idade quando a desenvolvem.
Quais são os sintomas da gota?
Com o aumento da concentração de ácido úrico no sangue, ocorre a deposição de cristais nos tecidos, principalmente nas articulações, causando inflamação e consequentemente dor e inchaço acometendo principalmente as articulações do dedão, tornozelos e joelhos. A gota é caracterizada, inicialmente, por ataques recorrentes de artrite aguda, provocados pela precipitação, nos espaços articulares, de cristais de ácido úrico. O quadro clássico consiste em dor que freqüentemente começa durante a madrugada e é intensa o suficiente para despertar o paciente. Embora qualquer articulação possa ser afetada, sobretudo as dos membros inferiores, o hálux (dedão) é a articulação mais frequentemente envolvida na primeira crise. Além da dor a articulação comumente apresenta-se inflamada com presença de calor, rubor (vermelhidão) e inchaço. Também pode haver formação de cálculos, produzindo cólicas renais e depósitos de cristais de ácido úrico debaixo da pele, formando protuberâncias localizadas nos dedos, cotovelos, joelhos, pés e orelhas (tofos).
Alguns fatores podem desencadear uma crise de gota em pessoas hiperuricêmicas como ingestão de álcool, principalmente vinho tinto e cerveja, dieta rica em determinados tipos de alimentos (ricos em purina), trauma físico, cirurgias, quimioterapia e uso de diurético.
Diagnóstico e Tratamento da gota
O diagnóstico da gota é feito após um história clínica bem feita asssociada aos exames mostrando níveis elevados de ácido úrico no sangue. Outros exames podem ser solicitados como radiografias e dosagem de ácido úrico na urina.
Não há cura definitiva para a gota. O tratamento visa diminuir a dor e inflamação nas crises agudas e a correção da hiperuricemia subjacente com o objetivo de prevenir episódios futuros e evitar lesões nas articulações. É necessário evitar os fatores desencadeantes ou que propiciam a formação de ácido úrico, além de um aumento na ingestão de líquidos para otimizar a taxa de fluxo urinário. A crise aguda de gota pode ser controlada com o uso de colchicina, antiinflamatórios ou a associação de ambos com alívio em geral após 2 horas da dose inicial. Essas medicações devem ser usadas sempre sob prescrição médica e com cautela em pacientes com insuficiência renal, hipertensão, ulceração péptica ou gastrite. Medicações com objetivo específico de diminuir os níveis de ácido úrico também devem ser iniciadas e mantidas a longo prazo, com o cuidado de se aguardar a resolução completa da crise aguda para o seu início. Quando a presença de tofos prejudica a função articular a retirada cirúrgica também pode ser indicada. É importante frisar que a gota não é uma doença incapacitante e quando tratada adequadamente não interfere na qualidade de vida.
E se o tratamento da gota não for feito?
Sem tratamento as crises leves geralmente desaparecem depois de um ou dois dias, enquanto as crises mais graves evoluem rapidamente para uma dor crescente em algumas horas e podem permanecer nesse nível durante uma semana ou mais. O desaparecimento completo dos sintomas pode levar várias semanas. Após a primeira crise em geral o paciente volta a levar uma vida normal, o que geralmente faz com que ele não procure ajuda médica imediata. Uma nova crise pode surgir em meses ou anos na mesma ou outras articulações. Sem tratamento, o intervalo entre as crises tende a diminuir e a intensidade a aumentar. O paciente que não se trata pode ter suas articulações deformadas e ainda apresentar depósitos de cristais de monourato de sódio em cartilagens, tendões, articulações e bursas.
Recomendações para os portadores de gota:
- Evitar o consumo de frutos do mar, sardinha, miúdos (rim e fígado), excesso de carne vermelha e pele de aves quando os níveis de ácido úrico estiverem altos porque você pode desencadear uma crise. Sob tratamento, esses alimentos podem ser ingeridos sem exagero
- O consumo de bebidas alcoólicas também pode ser feito sem exageros quando os níveis de ácido úrico estiverem controlados
- Evitar uma dieta hipercalórica, pois leva à obesidade que é um fator de risco para os portadores de gota além do excesso de peso sobrecarregar as articulações inflamadas
- Aumentar a ingesta hídrica
- Procurar o tratamento e acompanhamento médico adequado caso haja doenças associadas como hipertensão arterial, diabetes e outras.
Pseudo-gota
É uma forma de artrite causada pelo depósito de cristais de pirofosfato de cálcio nas articulações. O termo pseudo-gota é utilizado devido às crises inflamatórias que ocorrem nos paciente e, que são similares àquelas da gota.
O termo condrocalcinose é utilizado para denominar o depósito daqueles cristais (calcinose) na cartilagem articular (condro), e que pode ser visível em radiografias da articulação. A condrocalcinose é vista comumente nas radiografias de pacientes com pseudo-gota.
Impacto da pseudo-gota na saúde
Pseudo-gota é muito comum, especialmente entre idosos. A prevalência é de aproximadamente 30% após os 60 anos, e vai aumentando a cada década, atingindo cerca de 50% aos 90 anos. Ataques agudos de pseudo-gota acontecem freqüentemente nos joelhos e podem permanecer por dias e até semanas. Depósitos cristalinos podem contribuir para uma forma severa de degeneração articular que resulta em incapacidade definitiva.
Diagnóstico e Tratamento da Pseudo-gota
O diagnóstico é feito pelo exame de pesquisa de cristais no aspirado de líquido sinovial (de dentro da articulação) e, as radiografias demonstrando imagem de calcificações em tecidos moles (condrocalcinose).
O tratamento da fase aguda da pseudo-gota é feito com o uso de anti-inflamatórios não hormonais e/ou corticosteróides, com o objetivo de encurtar o período de dor e a conseqüente degeneração.
A utilização de colchicina como medicação de prevenção da recorrência de crises tem se mostrado efetivo, porém ainda não existe um tratamento totalmente eficaz para dissolver os depósitos de cristais já instalados. Com isto, torna-se difícil impedir a progressão da doença.
Fonte: Sociedade Brasileira de Reumatologia. Imagem: Shutterstock.
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